Opinião
- 24 de julho de 2020
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“Meu bom Amigo” – um hino para reencontrar-se com o perdão de Jesus no confinamento
Covid-19- Arte para não esquecer
Por Paulo Teixeira
Como há um tempo tenho contribuído com artigos e reflexões sobre Bíblia e arte para Ultimato, recebi o convite para escrever algo que demonstre a relevância e o impacto da música cristã sobre as pessoas na pandemia.
Não sou músico profissional, mas cresci com a música, tendo especial afinidade com o canto congregacional e coral e com a música instrumental sacra e erudita. Aqui e ali componho ou adapto algo para uso litúrgico na igreja local. Em fevereiro de 2020, escolhi como hino final de um culto no qual preguei a “Bênção da Irlanda”, uma belíssima letra adornada por uma melodia tradicional irlandesa. Um colega e eu começamos a planejar desde logo um culto especial só com melodias tradicionais irlandesas. Ao elencar hinos que poderíamos incluir, veio-me de imediato a lembrança de “O dearest Friend” (“Ó queridíssimo Amigo”, em tradução livre), que minha esposa e eu cantamos no coral da igreja que frequentamos enquanto estudávamos em Dallas, Estados Unidos, na década de 1990. Esse hino é entoado com a linda Londonderry Air, tradicional melodia irlandesa que se popularizou no século passado na voz de Johnny Cash, que a cantava com uma letra intitulada “O Danny Boy”.
Após semanas lutando com o processo de transcriação1 do inglês para o português, ainda em fevereiro de 2020, meu filho e eu finalmente concluímos a versão de “O dearest Friend”, em tempo de cantá-la na igreja algumas vezes antes da pandemia e da consequente suspensão dos cultos presenciais. A versão em português ficou assim:
Meu bom Amigo
Meu bom Amigo, fiel e mais chegado,
perdoa todo o mal que eu te fiz.
Sou pecador e sinto-me culpado.
Sem teu perdão, não posso ser feliz.
Lamento os votos feitos, não cumpridos.
O teu amor me move a te buscar.
Sou como aqueles que no horto dormiram,
quando rumaste à rude cruz em meu lugar.
Vem cria em mim um coração novinho,
um coração que bate só por ti;
faz dele um templo do teu Santo Espírito,
desperto e pronto para te servir.
Renova em mim a tua alegria.
Restaura a força do primeiro amor.
Perdoa, acolhe, ao meu lado caminha
e guia-me ao céu, Amigo Salvador.2
Foi uma alegria observar o gosto com que as pessoas na igreja acolheram e entoaram “Meu bom Amigo”. Mas, maior tem sido a surpresa de como esta oração cantada continua sendo lembrada nos lares durante o isolamento social. Nestes tempos de confinamento, tão propícios à introspecção e ao estar a sós conosco mesmo e com Jesus, diversos irmãos e irmãs compartilharam como a canção “Meu bom Amigo” trouxe-lhes esperança e consolo em muitos momentos em que, assim como Davi no Salmo 51, eles sentiram-se envoltos pelas culpas e desventuras do passado e, sufocados pela angústia, anelaram por palavras de perdão e por ânimo para recomeçar – dons que apenas Jesus Cristo, nosso bom Amigo, pode nos estender.
No domingo 5 de julho, nossa igreja em São Paulo completou 88 anos. Alguns músicos foram até à igreja para ajudar no culto on-line. Aproveitamos para fazer uma gravação caseira de “Meu bom Amigo”. Você está convidado a ouvir e ver o vídeo abaixo ou acessar este link.
Nota
1. Transcriação é um termo do campo da ciência da tradução. Refere-se ao processo de transportar um conteúdo criado em uma língua para outra. Aplica-se especialmente no caso de elaborações poéticas.
2. Melodia tradicional irlandesa, Londonderry Air
Letra: Paulo Roberto Teixeira e Paulo Nathan Sepúlveda Teixeira, 2020, versão em português inspirada no hino “My dearest Friend”, composto por Jaroslav Vajda (1909-2008), com base no Salmo 51.
• Paulo Teixeira é secretário de Tradução e Publicações da Sociedade Bíblica do Brasil.
Por Paulo Teixeira
Como há um tempo tenho contribuído com artigos e reflexões sobre Bíblia e arte para Ultimato, recebi o convite para escrever algo que demonstre a relevância e o impacto da música cristã sobre as pessoas na pandemia.
Não sou músico profissional, mas cresci com a música, tendo especial afinidade com o canto congregacional e coral e com a música instrumental sacra e erudita. Aqui e ali componho ou adapto algo para uso litúrgico na igreja local. Em fevereiro de 2020, escolhi como hino final de um culto no qual preguei a “Bênção da Irlanda”, uma belíssima letra adornada por uma melodia tradicional irlandesa. Um colega e eu começamos a planejar desde logo um culto especial só com melodias tradicionais irlandesas. Ao elencar hinos que poderíamos incluir, veio-me de imediato a lembrança de “O dearest Friend” (“Ó queridíssimo Amigo”, em tradução livre), que minha esposa e eu cantamos no coral da igreja que frequentamos enquanto estudávamos em Dallas, Estados Unidos, na década de 1990. Esse hino é entoado com a linda Londonderry Air, tradicional melodia irlandesa que se popularizou no século passado na voz de Johnny Cash, que a cantava com uma letra intitulada “O Danny Boy”.
Após semanas lutando com o processo de transcriação1 do inglês para o português, ainda em fevereiro de 2020, meu filho e eu finalmente concluímos a versão de “O dearest Friend”, em tempo de cantá-la na igreja algumas vezes antes da pandemia e da consequente suspensão dos cultos presenciais. A versão em português ficou assim:
Meu bom Amigo
Meu bom Amigo, fiel e mais chegado,
perdoa todo o mal que eu te fiz.
Sou pecador e sinto-me culpado.
Sem teu perdão, não posso ser feliz.
Lamento os votos feitos, não cumpridos.
O teu amor me move a te buscar.
Sou como aqueles que no horto dormiram,
quando rumaste à rude cruz em meu lugar.
Vem cria em mim um coração novinho,
um coração que bate só por ti;
faz dele um templo do teu Santo Espírito,
desperto e pronto para te servir.
Renova em mim a tua alegria.
Restaura a força do primeiro amor.
Perdoa, acolhe, ao meu lado caminha
e guia-me ao céu, Amigo Salvador.2
Foi uma alegria observar o gosto com que as pessoas na igreja acolheram e entoaram “Meu bom Amigo”. Mas, maior tem sido a surpresa de como esta oração cantada continua sendo lembrada nos lares durante o isolamento social. Nestes tempos de confinamento, tão propícios à introspecção e ao estar a sós conosco mesmo e com Jesus, diversos irmãos e irmãs compartilharam como a canção “Meu bom Amigo” trouxe-lhes esperança e consolo em muitos momentos em que, assim como Davi no Salmo 51, eles sentiram-se envoltos pelas culpas e desventuras do passado e, sufocados pela angústia, anelaram por palavras de perdão e por ânimo para recomeçar – dons que apenas Jesus Cristo, nosso bom Amigo, pode nos estender.
No domingo 5 de julho, nossa igreja em São Paulo completou 88 anos. Alguns músicos foram até à igreja para ajudar no culto on-line. Aproveitamos para fazer uma gravação caseira de “Meu bom Amigo”. Você está convidado a ouvir e ver o vídeo abaixo ou acessar este link.
Nota
1. Transcriação é um termo do campo da ciência da tradução. Refere-se ao processo de transportar um conteúdo criado em uma língua para outra. Aplica-se especialmente no caso de elaborações poéticas.
2. Melodia tradicional irlandesa, Londonderry Air
Letra: Paulo Roberto Teixeira e Paulo Nathan Sepúlveda Teixeira, 2020, versão em português inspirada no hino “My dearest Friend”, composto por Jaroslav Vajda (1909-2008), com base no Salmo 51.
• Paulo Teixeira é secretário de Tradução e Publicações da Sociedade Bíblica do Brasil.
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