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- 11 de fevereiro de 2014
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Mentes distraídas
A revista Época de 20 de janeiro trouxe em sua capa uma entrevista com o famoso autor do best-seller “Inteligência Emocional”, Daniel Goleman, que agora lança outro livro: “Foco” (Editora Objetiva). Para ele, a melhor promessa que alguém poder fazer no final do ano é ter foco, e apenas isso. Uma pessoa focada, segundo Goleman, tem consciência de que seus atos impactam o mundo todo.
É verdade que com o surgimento dos smartphones, tablets e das redes sociais, tornou-se ainda mais difícil manter o foco nas tarefas do dia a dia. Mas não somente nelas. A própria capacidade de leitura aprofundada tem sido comprometida. Nicholas Carr, autor do recém-lançado nos EUA "The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains" ("O Superficial: O que a Internet está fazendo com nossos cérebros") disse ao G1 que estamos nos tornando mais como bibliotecários, capazes de encontrar rapidamente informações e perceber quais são as melhores, do que acadêmicos que são capazes de digerir e interpretar a informação. “A falta de foco afeta a memória de longo prazo, levando muitas pessoas a se sentirem distraídas”. Em artigo de 2008, ele fez a provocativa pergunta: “O Google está nos tornando estúpidos?”.
Longe de querer explicar os prejuízos das novas tecnologias no cotidiano da nossa geração, N. T. Wright, no entanto, defende em Eu Creio. E Agora? que o desenvolvimento de um caráter cristão passa pela transformação operada por uma mente renovada em Cristo (citando Rm 12.2):
“A mente precisa ser transformada para podermos pensar por nós mesmos, pesar e avaliar o que é a vontade de Deus. A menos que a mente esteja envolvida por completo, a pessoa não crescerá como ser humano pleno (e plenamente integrado), nem se dedicará à virtude”.
“Todos nós enfrentamos muitos desafios, não apenas na esfera da moralidade, mas em mil contextos diferentes. Não basta seguir no piloto automático, na esperança de alcançar sucesso. Só dará certo, se treinarmos os hábitos necessários. Isso requer pensamento cuidadoso e disciplinado, em novo modo, provavelmente por algum tempo. Temos que saber pensar sobre o que fazer – com toda a vida, e quando uma crise inesperada surge. Saber pensar ‘à maneira de Cristo’ é o antídoto para o que poderia acontecer: como disse Paulo, sermos ‘moldados pela era presente’”.
Portanto, o desafio do cristão não é apenas “pecar menos”, mas principalmente ter sua mente imersa e renovada pela “mente de Cristo” (1 Co 2.16). Em outras palavras, mas ainda na essência da questão, John Stott em O Discípulo Radical, diz:
“Deus quer que o seu povo se torne como Cristo, pois semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o povo de Deus”.
Mas como nos parecermos mais com Cristo, se nossas mentes estão ocupadas com mil outras coisas? E o mais importante: como ser transformado pelo caráter de Cristo se não permitimos que o que vivemos na vida diária se conecte com a ação de Deus?
Antes de terminar, é bom lembrar ainda o que Wright diz e ressalta em Eu Creio. E Agora?:
“...tudo que dizemos sobre vida moral, da perspectiva de Paulo, se coloca firme e inabalavelmente no contexto maior da graça de Deus. Nem por um momento ele imagina, como acontece quando lemos Aristóteles, que a moralidade não passa de decisão humana de adotar um conjunto específico de características e descobrir em si mesmo a capacidade e energia para prosseguir e transformar a própria vida. (...) Para Paulo, fé, esperança e amor já foram concedidos em Cristo e pelo Espírito, e é possível viver por eles. No entanto é preciso trabalhar nisso, ou seja, temos de querer viver durante o dia, entender como a vida moral funciona, analisar o que tudo significa e como se torna real. Temos de desenvolver consciente e deliberadamente os hábitos do coração, mente, alma e força que sustentarão a vida de fé, esperança e amor”.
Leia também
Hábitos que transformam
Disciplina na vida cristã: um conceito a ser resgatado
Práticas devocionais
Para que serve a espiritualidade?
Legenda da imagem: Detalhe do quadro “Natal” (2007), de Chrystiane Correa.
É verdade que com o surgimento dos smartphones, tablets e das redes sociais, tornou-se ainda mais difícil manter o foco nas tarefas do dia a dia. Mas não somente nelas. A própria capacidade de leitura aprofundada tem sido comprometida. Nicholas Carr, autor do recém-lançado nos EUA "The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains" ("O Superficial: O que a Internet está fazendo com nossos cérebros") disse ao G1 que estamos nos tornando mais como bibliotecários, capazes de encontrar rapidamente informações e perceber quais são as melhores, do que acadêmicos que são capazes de digerir e interpretar a informação. “A falta de foco afeta a memória de longo prazo, levando muitas pessoas a se sentirem distraídas”. Em artigo de 2008, ele fez a provocativa pergunta: “O Google está nos tornando estúpidos?”.
Longe de querer explicar os prejuízos das novas tecnologias no cotidiano da nossa geração, N. T. Wright, no entanto, defende em Eu Creio. E Agora? que o desenvolvimento de um caráter cristão passa pela transformação operada por uma mente renovada em Cristo (citando Rm 12.2):
“A mente precisa ser transformada para podermos pensar por nós mesmos, pesar e avaliar o que é a vontade de Deus. A menos que a mente esteja envolvida por completo, a pessoa não crescerá como ser humano pleno (e plenamente integrado), nem se dedicará à virtude”.
“Todos nós enfrentamos muitos desafios, não apenas na esfera da moralidade, mas em mil contextos diferentes. Não basta seguir no piloto automático, na esperança de alcançar sucesso. Só dará certo, se treinarmos os hábitos necessários. Isso requer pensamento cuidadoso e disciplinado, em novo modo, provavelmente por algum tempo. Temos que saber pensar sobre o que fazer – com toda a vida, e quando uma crise inesperada surge. Saber pensar ‘à maneira de Cristo’ é o antídoto para o que poderia acontecer: como disse Paulo, sermos ‘moldados pela era presente’”.
Portanto, o desafio do cristão não é apenas “pecar menos”, mas principalmente ter sua mente imersa e renovada pela “mente de Cristo” (1 Co 2.16). Em outras palavras, mas ainda na essência da questão, John Stott em O Discípulo Radical, diz:
“Deus quer que o seu povo se torne como Cristo, pois semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o povo de Deus”.
Mas como nos parecermos mais com Cristo, se nossas mentes estão ocupadas com mil outras coisas? E o mais importante: como ser transformado pelo caráter de Cristo se não permitimos que o que vivemos na vida diária se conecte com a ação de Deus?
Antes de terminar, é bom lembrar ainda o que Wright diz e ressalta em Eu Creio. E Agora?:
“...tudo que dizemos sobre vida moral, da perspectiva de Paulo, se coloca firme e inabalavelmente no contexto maior da graça de Deus. Nem por um momento ele imagina, como acontece quando lemos Aristóteles, que a moralidade não passa de decisão humana de adotar um conjunto específico de características e descobrir em si mesmo a capacidade e energia para prosseguir e transformar a própria vida. (...) Para Paulo, fé, esperança e amor já foram concedidos em Cristo e pelo Espírito, e é possível viver por eles. No entanto é preciso trabalhar nisso, ou seja, temos de querer viver durante o dia, entender como a vida moral funciona, analisar o que tudo significa e como se torna real. Temos de desenvolver consciente e deliberadamente os hábitos do coração, mente, alma e força que sustentarão a vida de fé, esperança e amor”.
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