Opinião
- 14 de agosto de 2017
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Melvin Banks tinha um sonho
Tradução: Sara Tironi
Seu nome pode não ser familiar para quem é de fora do ramo das editoras cristãs, mas poucos impactaram tanto a igreja quanto Melvin E. Banks, o fundador e presidente do Urban Ministries Inc. (UMI). Em 2 de maio, em Colorado Springs, na Conferência de Liderança anual da Evangelical Christian Publishers Association (ECPA), Banks foi agraciado com o prêmio Kenneth N. Taylor Lifetime Achievement por mais de 50 anos de excelência, inovação, integridade e compromisso em fazer a mensagem de Cristo o mais amplamente conhecida.
Inspirado por Oséias 4:6 em que Deus diz “Meu povo está destruído pela falta de conhecimento”, ele fundou a UMI em 1970 com o intuito de criar uma editora cristã afro-americana que serviria unicamente a esse público. Hoje, a UMI cresce como a maior mídia e provedora de conteúdo cristã afro-americana, servindo a mais de 50.000 igrejas com programas de ensino, livros, revistas, estudos bíblicos, vídeos, recursos didáticos e mais.
Banks foi reconhecido com o título de doutor honoris causa por sua alma mater, a Wheaton College, onde serviu como conselheiro por muitos anos. Ele também foi homenageado como aluno do ano do Moody Bible Institute e tem sido reconhecido por suas conquistas por muitos outros, inclusive pela History Maker Foundation. Sua utilização inovadora de vídeos na escola bíblica de férias tem sido largamente reproduzida e seu trabalho levou muitas empresas a se tornarem mais éticas e racialmente diversas, graças ao alcance e conteúdo de seus esforços editoriais.
Theon Hill, professor assistente de comunicação na Wheaton College, sentou-se com Banks na sede da UMI para aprender mais sobre sua visão pioneira.
Qual era seu conhecimento de editoração e mídia antes da UMI?
Eu possuía muito pouca experiência em editoração antes de meu trabalho com a UMI. No colegial, eu trabalhava no jornal da escola. Durante minha transição do Moody [Bible Institute] para a Wheaton [College], eu comecei a sonhar com uma revista que seria inclusiva para pessoas negras.
A essa altura, eu fui convidado a trabalhar na Scripture Press Publishers, uma das editoras cristãs daquela época. Eu resisti inicialmente porque eu não via nenhuma conexão entre o que a Scripture Press era, uma empresa branca localizada onde para mim estavam os “Boondocks” (subúrbio branco), e eu, estabelecido na cidade onde estavam todas as pessoas negras. Mas eventualmente Deus colocou em meu coração que aceitasse a oferta. Esse cargo me introduziu no mercado editorial. Durante minha passagem por lá, eu aprendi que você pode usar tinta sobre papel e duplicá-lo como forma de produzir grandes quantidades de conteúdo que podem ser então distribuídos às massas.
Por que é importante para pessoas negras verem pessoas que se parecem com elas nos materiais bíblicos?
Quando eu me tornei adulto, toda a literatura da escola bíblica dominical era produzida por pessoas brancas e toda a redação era feita a partir da perspectiva branca. Todos os personagens bíblicos eram retratados como brancos. Comecei a me dar conta de que o material, tal como publicado, não era pertinente. Ele não falava da cultura vivida por afro-americanos e sobre como era seu culto. Isso acendeu meu desejo de produzir um material que fosse mais relevante para o contexto afro-americano.
O centro geográfico das Escrituras estendia-se do norte da África para o extremo sul da Europa; ainda assim, a literatura bíblica naquela época apresentava personagens com características do norte da Europa, de modo que buscamos oferecer representações bíblicas mais precisas.
Quais desafios você enfrentou quando começou a UMI?
Naquela época, Dr. Martin Luther King Jr. estava trabalhando para conquistar direitos civis para afro-americanos. Existia essa atitude de que nós da comunidade negra precisávamos fazer algo para impulsionar esse plano.
Ao mesmo tempo, havia essa noção sendo inculcada de que afro-americanos necessitavam tomar iniciativa, tomar o poder. Essas perspectivas dominaram a América negra durante os anos da década de 1960. A necessidade de igualdade e justiça social por um lado, e a necessidade de controle e poder afrocêntrico por outro. Assim que a UMI começou, enfrentamos a dificuldade de equilibrar essas perspectivas nos materiais que produzíamos.
Que apoio vocês receberam de outras editoras cristãs?
Curiosamente, um dos meus primeiros contatos não viu a necessidade de produzir material que fosse contextualizado. Na busca por apoio financeiro, um colega me disse “Bem nós já estamos tentando integrar [os negros em] nossos materiais e isso é tudo que vocês realmente precisam. Colocar algumas pessoas negras em nossos materiais será satisfatório”.
Felizmente, eu estava trabalhando para a Scripture Press e em um dado momento eles contrataram Jim Lemon, que entendia de nichos de mercado, então ele me ajudou a comunicar o mérito da minha ideia à liderança, de forma que a Scripture Press me auxiliou no início. Além disso, outras organizações como Zondervan e Tyndale House deram suporte para essa aspiração.
Não obstante, e apesar dessa ajuda, nós ainda não possuímos os recursos financeiros necessários. Quando começamos a publicar, nós tínhamos apenas cerca de 30% do que realmente precisávamos financeiramente. Nós começamos com fé na resposta das pessoas a quem estávamos servindo e com a confiança de que se Deus estivesse nisso, Ele faria acontecer de um jeito ou de outro. Por causa de nossa situação financeira, tivemos muitas experiências difíceis para aprender antes de atingirmos um ponto de equilíbrio.
O que distingue os materiais produzidos pela UMI?
Um dos grandes déficits que eu vejo entre jovens afro-americanos é a falta de autoestima, uma falta de apreço por quem eles são. Eles gostam de abrir um livro e ver pessoas que se parecem com eles. Enquanto estamos ensinando a Bíblia, estamos também afirmando-os enquanto seres humanos e dizendo a eles que se aceitem como são. Isso se mostrou efetivo em ajudar uma geração inteira de jovens a aprenderem quem são em Cristo e a aceitarem Jesus Cristo como seu Salvador.
Nós também reconhecemos que muitos de nossos jovens não tem conhecimento e admiração por nossa história. Então, nós priorizamos imagens de inventores, doutores e advogados em nossos materiais. Nós estendemos os horizontes de muitos de nossos jovens para que eles percebam que eles podem alcançar tanto quanto as outras pessoas.
Como a comunidade negra recebeu a UMI?
As pessoas ficaram muito gratas que alguém finalmente estava fazendo algo a respeito dessa enorme necessidade. Entretanto, nós descobrimos núcleos de resistência à nossa prática de não retratar Jesus como sendo branco. Em um certo momento, é claro, nós os conquistamos e hoje há muito pouco questionamento em relação a fazer esse tipo de coisa.
Para além disso, nós enfrentamos batalhas quando desafiamos abordagens tradicionais para ensinar o conteúdo bíblico. Pessoas desenvolveram hábitos os quais não queriam renunciar. Por exemplo, nossa inclusão de filmes no programa da escola bíblica de férias requereu de nós que convencêssemos as igrejas do potencial educativo de filmes nesse contexto, e que realizássemos treinamentos para uma incorporação bem sucedida dessa prática. Abordagens inovadoras de educação teológica se tornaram uma marca definitiva do compromisso da UMI com a comunidade negra. Do uso de recursos contextualizados a mídia digital, esses esforços tem fortalecido uma pedagogia na qual as igrejas confiam para compartilhar o evangelho de Jesus Cristo.
Como a igreja negra se modificou desde o início da UMI?
Esta é uma boa pergunta. Dois progressos iniciais me vêm à mente: a evolução do papel do pastor e a natureza do engajamento da igreja com questões raciais. Historicamente, o pastor servia como autoridade final em todas as decisões. No entanto, cada vez mais, pessoas tem se tornado mais informadas e começado a questionar o papel absoluto do pastor. Elas começaram a procurar uma liderança mais sensível às pessoas nos bancos das igrejas.
Em segundo lugar, congregações negras e brancas têm experimentados uma crescente vontade de dialogar sobre as causas das barreiras raciais ainda existentes. Apesar de termos ocupado o mesmo espaço por centenas de anos, a distância social persiste entre negros e brancos, especialmente na igreja.
Quais são as suas iniciativas mais recentes?
Nós buscamos encorajar pessoas a usarem os talentos que receberam de Deus para impactarem sua vida cotidiana. Uma das iniciativas que nós tomamos nos últimos anos foi ajudar pessoas a entenderem a relação entre fé e vocação para que possam usar suas habilidades em seu local de trabalho. Isso, claro, produzirá grandes avanços econômicos. Como todos sabem, a necessidade hoje é um desenvolvimento econômico que permita que as pessoas se sustentem e ajudem sua comunidade.
Como você entende o reaparecimento de tensões raciais?
Se nós tivéssemos uma boa resposta, essa pergunta provavelmente não seria feita. A realidade é que existe uma questão sobre o que leva esses problemas a existirem hoje. Quando eu ouço as discussões de hoje, é como se as pessoas assumissem que toda essa violência sobreveio de repente à comunidade afro-americana; e que tudo que precisamos fazer é encontrar o que a desencadeou, e enviar um número suficientes de pessoas para a estancar. Essa parece ser a atitude de muitos políticos. Mas eu estou entre aqueles que não pensam que é tão simples assim, e a UMI pode ajudar a ensinar sobre a complexidade dessas questões.
A violência em lugares como Chicago origina-se de um longo processo de privação que precisa ser exposto. Isso inclui, claro, ter uma família estruturada que ajudaria na transmissão de valores. Isso inclui lidar com desigualdades em termos de moradia, educação, trabalho, discriminação, e várias outras questões. A ausência de igualdade nessas áreas tem trazido grande quantidade de frustração.
Eu deveria incluir o encarceramento injusto de muitos de nossos jovens. Eles são presos e saem sem recursos, sem ter para onde ir, sem comida, e alguns recorrem à violência como forma de sobreviverem. Se fôssemos combater esses problemas que têm perdurado historicamente, então nós precisaríamos atacar as causas da violência que toma espaço. A menos que estejamos dispostos a lidar com essas fontes subjacentes, nenhum exército do mundo resolverá o problema.
O que te dá esperança de progresso na questão racial nas próximas décadas?
A UMI começou durante um período de fortes tensões raciais em nossa nação. Martin Luther King Jr., Malcom X e Medgar Evers tinham sido assassinados. Enquanto nós continuamos a lidar com alguns dos mesmo problemas hoje, eu encontro esperança no fato de que as pessoas que antes achavam esse tema irrelevante estão se engajando em questões raciais hoje. Deus acordou seu povo para a centralidade da igualdade, da justiça e do amor à mensagem do evangelho. Quando eu vejo igrejas [que estavam] anteriormente em discordância se juntando a nós para colocar em pauta as desigualdades contemporâneas na comunidade local; e testemunho pregadores promovendo perspectivas bíblicas sobre justiça racial em suas congregações, eu encontro esperança para o futuro.
Nota:
Entrevista por Theon Hill, 22 de junho de 2017, disponível aqui.
Leia mais
Violência contra a juventude negra
Estrelas Além do Tempo
Selma: Uma luta pela igualdade
Aprendemos a resistir. Agora experimentaremos a esperança
A Religião Mais Negra do Brasil
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Inspirado por Oséias 4:6 em que Deus diz “Meu povo está destruído pela falta de conhecimento”, ele fundou a UMI em 1970 com o intuito de criar uma editora cristã afro-americana que serviria unicamente a esse público. Hoje, a UMI cresce como a maior mídia e provedora de conteúdo cristã afro-americana, servindo a mais de 50.000 igrejas com programas de ensino, livros, revistas, estudos bíblicos, vídeos, recursos didáticos e mais.
Banks foi reconhecido com o título de doutor honoris causa por sua alma mater, a Wheaton College, onde serviu como conselheiro por muitos anos. Ele também foi homenageado como aluno do ano do Moody Bible Institute e tem sido reconhecido por suas conquistas por muitos outros, inclusive pela History Maker Foundation. Sua utilização inovadora de vídeos na escola bíblica de férias tem sido largamente reproduzida e seu trabalho levou muitas empresas a se tornarem mais éticas e racialmente diversas, graças ao alcance e conteúdo de seus esforços editoriais.
Theon Hill, professor assistente de comunicação na Wheaton College, sentou-se com Banks na sede da UMI para aprender mais sobre sua visão pioneira.
Qual era seu conhecimento de editoração e mídia antes da UMI?
Eu possuía muito pouca experiência em editoração antes de meu trabalho com a UMI. No colegial, eu trabalhava no jornal da escola. Durante minha transição do Moody [Bible Institute] para a Wheaton [College], eu comecei a sonhar com uma revista que seria inclusiva para pessoas negras.
A essa altura, eu fui convidado a trabalhar na Scripture Press Publishers, uma das editoras cristãs daquela época. Eu resisti inicialmente porque eu não via nenhuma conexão entre o que a Scripture Press era, uma empresa branca localizada onde para mim estavam os “Boondocks” (subúrbio branco), e eu, estabelecido na cidade onde estavam todas as pessoas negras. Mas eventualmente Deus colocou em meu coração que aceitasse a oferta. Esse cargo me introduziu no mercado editorial. Durante minha passagem por lá, eu aprendi que você pode usar tinta sobre papel e duplicá-lo como forma de produzir grandes quantidades de conteúdo que podem ser então distribuídos às massas.
Por que é importante para pessoas negras verem pessoas que se parecem com elas nos materiais bíblicos?
Quando eu me tornei adulto, toda a literatura da escola bíblica dominical era produzida por pessoas brancas e toda a redação era feita a partir da perspectiva branca. Todos os personagens bíblicos eram retratados como brancos. Comecei a me dar conta de que o material, tal como publicado, não era pertinente. Ele não falava da cultura vivida por afro-americanos e sobre como era seu culto. Isso acendeu meu desejo de produzir um material que fosse mais relevante para o contexto afro-americano.
O centro geográfico das Escrituras estendia-se do norte da África para o extremo sul da Europa; ainda assim, a literatura bíblica naquela época apresentava personagens com características do norte da Europa, de modo que buscamos oferecer representações bíblicas mais precisas.
Quais desafios você enfrentou quando começou a UMI?
Naquela época, Dr. Martin Luther King Jr. estava trabalhando para conquistar direitos civis para afro-americanos. Existia essa atitude de que nós da comunidade negra precisávamos fazer algo para impulsionar esse plano.
Ao mesmo tempo, havia essa noção sendo inculcada de que afro-americanos necessitavam tomar iniciativa, tomar o poder. Essas perspectivas dominaram a América negra durante os anos da década de 1960. A necessidade de igualdade e justiça social por um lado, e a necessidade de controle e poder afrocêntrico por outro. Assim que a UMI começou, enfrentamos a dificuldade de equilibrar essas perspectivas nos materiais que produzíamos.
Que apoio vocês receberam de outras editoras cristãs?
Curiosamente, um dos meus primeiros contatos não viu a necessidade de produzir material que fosse contextualizado. Na busca por apoio financeiro, um colega me disse “Bem nós já estamos tentando integrar [os negros em] nossos materiais e isso é tudo que vocês realmente precisam. Colocar algumas pessoas negras em nossos materiais será satisfatório”.
Felizmente, eu estava trabalhando para a Scripture Press e em um dado momento eles contrataram Jim Lemon, que entendia de nichos de mercado, então ele me ajudou a comunicar o mérito da minha ideia à liderança, de forma que a Scripture Press me auxiliou no início. Além disso, outras organizações como Zondervan e Tyndale House deram suporte para essa aspiração.
Não obstante, e apesar dessa ajuda, nós ainda não possuímos os recursos financeiros necessários. Quando começamos a publicar, nós tínhamos apenas cerca de 30% do que realmente precisávamos financeiramente. Nós começamos com fé na resposta das pessoas a quem estávamos servindo e com a confiança de que se Deus estivesse nisso, Ele faria acontecer de um jeito ou de outro. Por causa de nossa situação financeira, tivemos muitas experiências difíceis para aprender antes de atingirmos um ponto de equilíbrio.
O que distingue os materiais produzidos pela UMI?
Um dos grandes déficits que eu vejo entre jovens afro-americanos é a falta de autoestima, uma falta de apreço por quem eles são. Eles gostam de abrir um livro e ver pessoas que se parecem com eles. Enquanto estamos ensinando a Bíblia, estamos também afirmando-os enquanto seres humanos e dizendo a eles que se aceitem como são. Isso se mostrou efetivo em ajudar uma geração inteira de jovens a aprenderem quem são em Cristo e a aceitarem Jesus Cristo como seu Salvador.
Nós também reconhecemos que muitos de nossos jovens não tem conhecimento e admiração por nossa história. Então, nós priorizamos imagens de inventores, doutores e advogados em nossos materiais. Nós estendemos os horizontes de muitos de nossos jovens para que eles percebam que eles podem alcançar tanto quanto as outras pessoas.
Como a comunidade negra recebeu a UMI?
As pessoas ficaram muito gratas que alguém finalmente estava fazendo algo a respeito dessa enorme necessidade. Entretanto, nós descobrimos núcleos de resistência à nossa prática de não retratar Jesus como sendo branco. Em um certo momento, é claro, nós os conquistamos e hoje há muito pouco questionamento em relação a fazer esse tipo de coisa.
Para além disso, nós enfrentamos batalhas quando desafiamos abordagens tradicionais para ensinar o conteúdo bíblico. Pessoas desenvolveram hábitos os quais não queriam renunciar. Por exemplo, nossa inclusão de filmes no programa da escola bíblica de férias requereu de nós que convencêssemos as igrejas do potencial educativo de filmes nesse contexto, e que realizássemos treinamentos para uma incorporação bem sucedida dessa prática. Abordagens inovadoras de educação teológica se tornaram uma marca definitiva do compromisso da UMI com a comunidade negra. Do uso de recursos contextualizados a mídia digital, esses esforços tem fortalecido uma pedagogia na qual as igrejas confiam para compartilhar o evangelho de Jesus Cristo.
Como a igreja negra se modificou desde o início da UMI?
Esta é uma boa pergunta. Dois progressos iniciais me vêm à mente: a evolução do papel do pastor e a natureza do engajamento da igreja com questões raciais. Historicamente, o pastor servia como autoridade final em todas as decisões. No entanto, cada vez mais, pessoas tem se tornado mais informadas e começado a questionar o papel absoluto do pastor. Elas começaram a procurar uma liderança mais sensível às pessoas nos bancos das igrejas.
Em segundo lugar, congregações negras e brancas têm experimentados uma crescente vontade de dialogar sobre as causas das barreiras raciais ainda existentes. Apesar de termos ocupado o mesmo espaço por centenas de anos, a distância social persiste entre negros e brancos, especialmente na igreja.
Quais são as suas iniciativas mais recentes?
Nós buscamos encorajar pessoas a usarem os talentos que receberam de Deus para impactarem sua vida cotidiana. Uma das iniciativas que nós tomamos nos últimos anos foi ajudar pessoas a entenderem a relação entre fé e vocação para que possam usar suas habilidades em seu local de trabalho. Isso, claro, produzirá grandes avanços econômicos. Como todos sabem, a necessidade hoje é um desenvolvimento econômico que permita que as pessoas se sustentem e ajudem sua comunidade.
Como você entende o reaparecimento de tensões raciais?
Se nós tivéssemos uma boa resposta, essa pergunta provavelmente não seria feita. A realidade é que existe uma questão sobre o que leva esses problemas a existirem hoje. Quando eu ouço as discussões de hoje, é como se as pessoas assumissem que toda essa violência sobreveio de repente à comunidade afro-americana; e que tudo que precisamos fazer é encontrar o que a desencadeou, e enviar um número suficientes de pessoas para a estancar. Essa parece ser a atitude de muitos políticos. Mas eu estou entre aqueles que não pensam que é tão simples assim, e a UMI pode ajudar a ensinar sobre a complexidade dessas questões.
A violência em lugares como Chicago origina-se de um longo processo de privação que precisa ser exposto. Isso inclui, claro, ter uma família estruturada que ajudaria na transmissão de valores. Isso inclui lidar com desigualdades em termos de moradia, educação, trabalho, discriminação, e várias outras questões. A ausência de igualdade nessas áreas tem trazido grande quantidade de frustração.
Eu deveria incluir o encarceramento injusto de muitos de nossos jovens. Eles são presos e saem sem recursos, sem ter para onde ir, sem comida, e alguns recorrem à violência como forma de sobreviverem. Se fôssemos combater esses problemas que têm perdurado historicamente, então nós precisaríamos atacar as causas da violência que toma espaço. A menos que estejamos dispostos a lidar com essas fontes subjacentes, nenhum exército do mundo resolverá o problema.
O que te dá esperança de progresso na questão racial nas próximas décadas?
A UMI começou durante um período de fortes tensões raciais em nossa nação. Martin Luther King Jr., Malcom X e Medgar Evers tinham sido assassinados. Enquanto nós continuamos a lidar com alguns dos mesmo problemas hoje, eu encontro esperança no fato de que as pessoas que antes achavam esse tema irrelevante estão se engajando em questões raciais hoje. Deus acordou seu povo para a centralidade da igualdade, da justiça e do amor à mensagem do evangelho. Quando eu vejo igrejas [que estavam] anteriormente em discordância se juntando a nós para colocar em pauta as desigualdades contemporâneas na comunidade local; e testemunho pregadores promovendo perspectivas bíblicas sobre justiça racial em suas congregações, eu encontro esperança para o futuro.
Nota:
Entrevista por Theon Hill, 22 de junho de 2017, disponível aqui.
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