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Opinião

Massacre de Orlando e representatividade evangélica

“Vocês estão tristes porque 50 pedófilos foram mortos hoje? Eu acho que foi fantástico! Orlando está um pouco mais segura hoje.” Reações como essa de alguns pastores norte-americanos após o massacre em Orlando inundaram as redes sociais de protestos nesta semana, ampliando a tristeza que se abateu após o ato irracional.

Aos que se revoltaram com as declarações lamentáveis de três ou quatro líderes, é essencial esclarecer que não representam a comunidade evangélica.

Repórteres ouviram pastores a milhares de quilômetros, “esquecendo-se” de noticiar que igrejas de Orlando se mobilizaram para doar sangue, orar e servir a comunidade LGBT enlutada. “Fomos chamados a amar o próximo”, disse Gabriel Salguero, pastor da Iglesia El Calvario.

>> Igreja nos EUA emite declaração sobre o massacre em Orlando

Cumprindo a clássica frase de Mark Twain, alguns jornalistas separaram o joio do trigo e publicaram o joio.

Por mais que esse tipo de mídia aprecie dar voz ao sensacionalismo e insensatez de uma pequena igreja com algumas dezenas de membros, o ódio espalhado pela Westboro Baptist Church nada tem a ver com o amor pregado e vivenciado pelo Nazareno.

Jesus experimentou a traição literalmente na pele. É possível que alguns beneficiados por seus milagres estivessem no coro que pediu sua crucificação. Um dos discípulos o traiu com um beijo.

Ferido no corpo e na alma e sentindo-se abandonado pelo Pai, ainda assim não clamou por justiça. Por amor a cada uma dessas pessoas (o que inclui as mais vis em quaisquer áreas), consumou sua missão.

Às vezes penso se cada manifestação de ódio cometida por um cristão não assemelha-se a um novo prego naquele que se entregou por nós.

Não precisamos ir aos EUA para ver líderes religiosos manipulando palavras e pessoas para disseminar uma cultura de violência.

A despeito da tristeza que corta meu coração nesses momentos, minha oração por todas essas pessoas é a mesma feita por Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

• Carlos Bezerra Jr., 48, é deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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