Opinião
- 27 de fevereiro de 2023
- Visualizações: 7084
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Lidando com o sentimento da raiva
Por Esther Carrenho
É possível que o sentimento da raiva seja o mais difícil de reconhecer, aceitar e administrar.
É possível que o sentimento da raiva seja o mais difícil de reconhecer, aceitar e administrar.
E a principal razão disto é que confundimos o sentir raiva com o se comportar com violência.
No geral, pais, professores e cuidadores de crianças estão prontos para coibir o comportamento raivoso infantil, e o fazem, mas não explicam que sentir raiva é legítimo; danoso é a violência.
Quando uma criança sente raiva porque um amiguinho ou irmãozinho quebrou seu brinquedo e parte para a violência, em geral seus pais e cuidadores o coíbem dizendo que não pode, que é errado e que Deus não aceita. O correto seria dizer para a criança que é normal sentir raiva quando algo de que gostamos é destruído. Todo ser humano se sente assim. Mas ela não pode bater, agredir ou ferir o outro quando está com raiva. O que ela deve fazer é procurar quem está cuidando dela e relatar o que aconteceu. E o adulto vai avaliar o ocorrido e lidar com o ofensor, determinando alguma punição de uma forma adequada, se for necessário. Desta forma a criança vai aprendendo a identificar e a administrar o sentimento da raiva.
Como todo e qualquer sentimento, sentir raiva não é bom nem ruim. Desastroso pode ser o que fazemos depois de algum sentimento.
Paulo de Tarso sabia disso e escreveu aos cristãos residentes em Éfeso:1 “Irai-vos e não pequeis”. Paulo já sabia que sentir raiva faz parte de ser humano. O praticar a violência pode ser controlado e administrado. Moisés é um exemplo de alguém que sentiu raiva. Ao ver a injustiça praticada contra um hebreu, pelo seu feitor, explodiu em violência e assassinou o malfeitor.2 Para condenar um crime fez-se um criminoso pior.
Os evangelhos relatam que Jesus Cristo sentiu raiva em pelo menos três ocasiões. Enraiveceu-se com os religiosos que foram insensíveis com o deficiente físico.3 Irou-se com os discípulos quando estes impediram as crianças de chegarem perto de dele.4 E enraiveceu-se quando viu a exploração dos cambistas no templo que tiravam proveito dos pobres que vinham de longe oferecer seus sacrifícios.5
A raiva é uma energia que precisa ser administrada e canalizada para algo positivo. Quando isto não é feito esta energia pode ficar guardada e vai se acumulando na pessoa. Com o passar do tempo pode explodir violentamente diante de uma contrariedade pequena trazendo prejuízos e muito estrago para quem está próximo e para a própria pessoa. Além disso, muitas enfermidades podem ser provocadas pela raiva não expressa de maneira adequada.
É importante saber que antes de sentir raiva sentimos um outro sentimento. Em geral, a raiva vem como decorrência de situações em que a pessoa se sente injustiçada, humilhada, diminuída, desvalorizada, envergonhada. Pode-se então aproveitar as situações em que nos sentimos irados para identificar o que aconteceu dentro de nós mesmos e nos conhecermos melhor. Muitas vezes o que precisa ser resolvido são os sentimentos que surgem antes da raiva.
Jesus de Nazaré nunca sentiu indignação quando foi zombado, injuriado e criticado. Como humano ele estava resolvido com as situações onde era humilhado, injustiçado ou diminuído. Todas as vezes em que sentiu raiva foi para defender os desprotegidos, os vulneráveis e os sem voz. E confrontou, corajosamente, aqueles que estavam em vantagem ignorando, ou tirando proveito dos que não tinham como reagir.
Paulo de Tarso nos alerta que é preciso cuidar da própria ira. Ele estabelece até um limite de tempo para a permanência da ira: o fim do dia.6 Nem sempre é possível resolver no mesmo dia as nossas raivas e indignações. Mas é preciso resolvê-las.
Alguns passos que se pode dar quando a raiva aflora:
1º) Pensar: O que aconteceu antes? Qual foi o sentimento que surgiu em mim, antes da raiva?
2º) Se possível expresse a raiva pela fala. Se não, se ausente, para pensar e achar o melhor caminho para a situação.
3º) Tente avaliar racionalmente qual a melhor ação, para a solução do que provocou a raiva.
4º) Conte para alguém, em quem confia, sobre sua raiva. Pode ser o cônjuge, um amigo, um mentor ou um profissional da relação de ajuda.
A raiva é uma energia. Quando não engole a pessoa e nem é engolida por ela, pode ser canalizada para o bem.
- Esther Carrenho, teóloga, psicóloga e autora dos livros: Raiva: Seu bem, Seu mal e Caminhos de Vida.
Notas:
1. Efesios 4. 26
1. Efesios 4. 26
2. Êxodo 2. 11
3. Mateus 12.9 a 13
4. Mateus 19.13 e 14
5. João 2.13 a 25
6. Efésios4.26
6. Efésios4.26
A BÍBLIA NÃO ERRA. OS LEITORES, NEM TANTO | REVISTA ULTIMATO
O Ano-Novo é sempre uma oportunidade de renovação de votos. E não há voto mais importante e definidor para 2023 do que o propósito de se expor regularmente à Palavra de Deus, por meio da leitura das Escrituras. A Bíblia deve ocupar lugar central em nossa vida e na vida da igreja.
A matéria de capa desta edição não só incentiva o leitor à leitura regular da Bíblia, mas também o encoraja a aceitar o desafio de olhar reverentemente para as Escrituras como “um diário de Deus”, a partir da “chave” do amor.
- 27 de fevereiro de 2023
- Visualizações: 7084
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- A última revista do ano
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Vem aí "The Connect Faith 2024"