Opinião
- 19 de janeiro de 2010
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Jovens cristãos: vamos pra balada
João Heliofar de Jesus Villar
"Por que eu não posso ter relações sexuais antes do casamento?", perguntam muitos jovens cristãos. É impossível entrar no labirinto das motivações desse questionamento que cada vez mais invade o coração e as bocas dos meninos e meninas das igrejas, mas é certo que as respostas têm sido insatisfatórias. Ao menos a proibição clássica de fazer sexo fora do casamento tem sido sistematicamente violada, se tivermos a coragem de falar francamente sobre o assunto.
Não se afirma isso levianamente. Na edição de julho de 2009, a Christianity Today ostenta um artigo que nos informa que cerca de 80% dos jovens frequentadores de igrejas fraquejam ou capengam nesse quesito.
E o problema com os nossos jovens cristãos não é apenas a vivência da sexualidade. O problema é que cada vez mais eles se parecem com os jovens do mundo e se sentem mais e mais atraídos pelas paixões que comandam nosso século. Por quê?
Não se pode negar coerência ao mundo. O comportamento não só dos jovens, mas da sociedade como um todo, caminha de modo totalmente compatível com a atmosfera filosófica governante. É difícil falar em um movimento filosófico predominante nas últimas décadas, mas é certo que em alguns conceitos há um consenso geral. O existencialismo, o pragmatismo, o marxismo, o hedonismo etc., concordam num ponto: são correntes de pensamento secularistas. Partem do princípio de que este mundo é tudo o que existe e não há ao nosso alcance nenhuma experiência transcendente possível. A vida é aqui e agora. Viva-a bem, enquanto é possível. Como viver bem essa única vida, é o ponto discordante dessas filosofias, mas num ponto há consenso: a transcendência ou é impossível ou é inacessível, o que, na prática diária, dará no mesmo.
Se esta vida é tudo o que existe, certos estão os jovens: vamos todos pra balada. Ou na versão bíblica: comamos e bebamos que amanhã morreremos. E Paulo ainda afirma que, se nossa esperança é aqui e agora, somos os mais desesperançados de todos os homens.
Agora, se Deus existe -- e esta é a única questão que importa responder -- viver esta vida como a única que existe é de uma incoerência terrível. Uma canelada eterna, diria Pascal. Quer dizer, se há Deus, desesperançados são os outros.
Mas muitos de nossos jovens, que afirmam viver “sub specie aeternitatis”, vivem babando de inveja com o modo de vida mundano e não percebem a incoerência existente entre o que afirmam crer e o anseio de seus corações. Se um jovem vive querendo ir pra balada e liberar geral, é porque se entupiu da atmosfera filosófica do seu século. Se a vida é só isto, quem vai me dizer como vivê-la e por que eu tenho de aceitar os limites da família, da Bíblia ou da igreja?
O existencialismo é dono de uma frase lapidar: a existência precede a essência. A essência, essa realidade última, o fundamento e a razão última de todas as coisas, busca infindável da filosofia, foi enterrada no existencialismo. Não há essência. Não há sentido na vida. O fato é que existimos por puro acidente e nós inventamos nossa essência, nosso destino, nosso propósito. Se é assim, vale a pena repetir: vamos todos pra balada e vamos liberar geral. É proibido proibir. Esse é o grito da cultura secular, nas novelas, nos filmes, na literatura etc.
Porém, nós não cremos nisso. No princípio Deus. Ele define. Há uma razão última. No princípio era o Verbo. Se é assim, eu não defino meu destino. Se é assim, a sexualidade, as relações sociais, o amor, enfim, a vida não pode ser dirigida como eu quero. E muito menos como espelho do mundo. Se a essência precede a existência, isto é, se meu destino está escrito em meu coração, inato -- Deus pôs a eternidade no coração do homem --, eu não tenho direito de fazer da minha sexualidade, da minha vida, ou o que seja, aquilo que eu quero. Em qualquer desses assuntos a minha ação só será legítima na medida em que for compatível com a essência humana cravada em minha alma. Por isso que está correto o conceito de pecado como errar o alvo. Quem peca violenta sua essência, ou sua própria alma.
Quando os nossos jovens começarem a nos perguntar a razão dos limites existentes na fé cristã, seja em matéria de sexualidade ou outra questão qualquer, devemos começar a conversa perguntando-lhes: Vocês acreditam que Deus existe? Porque se não, vamos todos pra balada.
• João Heliofar de Jesus Villar, 45 anos, é procurador regional da República da 4ª Região (no Rio Grande do Sul) e cristão evangélico.
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"Por que eu não posso ter relações sexuais antes do casamento?", perguntam muitos jovens cristãos. É impossível entrar no labirinto das motivações desse questionamento que cada vez mais invade o coração e as bocas dos meninos e meninas das igrejas, mas é certo que as respostas têm sido insatisfatórias. Ao menos a proibição clássica de fazer sexo fora do casamento tem sido sistematicamente violada, se tivermos a coragem de falar francamente sobre o assunto.
Não se afirma isso levianamente. Na edição de julho de 2009, a Christianity Today ostenta um artigo que nos informa que cerca de 80% dos jovens frequentadores de igrejas fraquejam ou capengam nesse quesito.
E o problema com os nossos jovens cristãos não é apenas a vivência da sexualidade. O problema é que cada vez mais eles se parecem com os jovens do mundo e se sentem mais e mais atraídos pelas paixões que comandam nosso século. Por quê?
Não se pode negar coerência ao mundo. O comportamento não só dos jovens, mas da sociedade como um todo, caminha de modo totalmente compatível com a atmosfera filosófica governante. É difícil falar em um movimento filosófico predominante nas últimas décadas, mas é certo que em alguns conceitos há um consenso geral. O existencialismo, o pragmatismo, o marxismo, o hedonismo etc., concordam num ponto: são correntes de pensamento secularistas. Partem do princípio de que este mundo é tudo o que existe e não há ao nosso alcance nenhuma experiência transcendente possível. A vida é aqui e agora. Viva-a bem, enquanto é possível. Como viver bem essa única vida, é o ponto discordante dessas filosofias, mas num ponto há consenso: a transcendência ou é impossível ou é inacessível, o que, na prática diária, dará no mesmo.
Se esta vida é tudo o que existe, certos estão os jovens: vamos todos pra balada. Ou na versão bíblica: comamos e bebamos que amanhã morreremos. E Paulo ainda afirma que, se nossa esperança é aqui e agora, somos os mais desesperançados de todos os homens.
Agora, se Deus existe -- e esta é a única questão que importa responder -- viver esta vida como a única que existe é de uma incoerência terrível. Uma canelada eterna, diria Pascal. Quer dizer, se há Deus, desesperançados são os outros.
Mas muitos de nossos jovens, que afirmam viver “sub specie aeternitatis”, vivem babando de inveja com o modo de vida mundano e não percebem a incoerência existente entre o que afirmam crer e o anseio de seus corações. Se um jovem vive querendo ir pra balada e liberar geral, é porque se entupiu da atmosfera filosófica do seu século. Se a vida é só isto, quem vai me dizer como vivê-la e por que eu tenho de aceitar os limites da família, da Bíblia ou da igreja?
O existencialismo é dono de uma frase lapidar: a existência precede a essência. A essência, essa realidade última, o fundamento e a razão última de todas as coisas, busca infindável da filosofia, foi enterrada no existencialismo. Não há essência. Não há sentido na vida. O fato é que existimos por puro acidente e nós inventamos nossa essência, nosso destino, nosso propósito. Se é assim, vale a pena repetir: vamos todos pra balada e vamos liberar geral. É proibido proibir. Esse é o grito da cultura secular, nas novelas, nos filmes, na literatura etc.
Porém, nós não cremos nisso. No princípio Deus. Ele define. Há uma razão última. No princípio era o Verbo. Se é assim, eu não defino meu destino. Se é assim, a sexualidade, as relações sociais, o amor, enfim, a vida não pode ser dirigida como eu quero. E muito menos como espelho do mundo. Se a essência precede a existência, isto é, se meu destino está escrito em meu coração, inato -- Deus pôs a eternidade no coração do homem --, eu não tenho direito de fazer da minha sexualidade, da minha vida, ou o que seja, aquilo que eu quero. Em qualquer desses assuntos a minha ação só será legítima na medida em que for compatível com a essência humana cravada em minha alma. Por isso que está correto o conceito de pecado como errar o alvo. Quem peca violenta sua essência, ou sua própria alma.
Quando os nossos jovens começarem a nos perguntar a razão dos limites existentes na fé cristã, seja em matéria de sexualidade ou outra questão qualquer, devemos começar a conversa perguntando-lhes: Vocês acreditam que Deus existe? Porque se não, vamos todos pra balada.
• João Heliofar de Jesus Villar, 45 anos, é procurador regional da República da 4ª Região (no Rio Grande do Sul) e cristão evangélico.
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45 anos, é procurador regional da República da 4ª Região (no Rio Grande do Sul) e cristão evangélico.
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