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Opinião

João Martínez veio para o café e deixou dicas para quem trabalha em instituições cristãs

Aos 22 anos, João Martínez começou a trabalhar na Tearfund, que atua no treinamento e capacitação de igrejas e organizações cristãs para acabar com a pobreza e reconstruir suas comunidades. Com sua formação em Turismo, tanto por especializações quanto por experiências do cotidiano, ele se aprimorou em gestão, lidando na Tearfund com a aplicação de recursos financeiros para os projetos desenvolvidos.

Hoje, aos 50 anos, João está há quatro como diretor de operações em A Rocha Internacional, organização que se dedica à preservação ambiental, à pesquisa científica nessa área, à educação ambiental, e outras atividades relacionadas ao cuidado da criação, levando as pessoas a uma reflexão bíblica sobre nossa responsabilidade com o planeta.

Brasileiro casado com uma inglesa, João vive com sua família em Londres, e em uma recente visita ao Brasil, veio à Viçosa tomar um café na varanda de Ultimato e compartilhar uma devocional com a equipe (foto). Aproveitamos para perguntar quais são as dicas que ele, que tem 28 anos de atuação em instituições cristãs, pode dar para quem está envolvido nesse tipo de trabalho. Aqui estão:


1 – Tenha um compromisso pessoal


Quando você não tem um compromisso pessoal com o doar, com o ajudar, fica muito difícil realizar esse trabalho, porque não é um trabalho que oferece lucro financeiro. Não conheço pessoas, mesmo em países desenvolvidos, que tenham conquistado muito, financeiramente, em termos materiais, trabalhando nesse ramo. É um trabalho de doação. É preciso ter essa compreensão.

>> Trabalho, Descanso e Dinheiro <<

2 – Prepare-se

É preciso se preparar, fazer bons cursos, compreender bem a sistematização do trabalho. Se desejo trabalhar com direitos humanos, quero defender determinado grupo vulnerável, preciso entender o que causa aquela injustiça, o que causa problemas para aquele grupo. O que significa pobreza, o que significa sair da pobreza. O que significa sofrimento, justiça, injustiça. É muito importante entender esses conceitos, a teoria que há por trás.
E há a preparação mais prática também, de conhecer as metodologias e as ferramentas de gestão, principalmente para aqueles que desejam se envolver com captação de recursos e com implementação de projetos. É importante falar a língua do parceiro doador, e não quero nem dizer sobre um idioma, mas sobre o linguajar. Se o doador solicita uma análise dos riscos do projeto, como vou fazer isso? Se pede um marco lógico, uma análise de stakeholders, por exemplo, preciso saber o que são e ser capaz de prepará-los.

>> Criados para adorar ou trabalhar? <<

3 – Defina uma área de atuação

O campo é amplo e não dá para saber de tudo. Se possível, é bom tentar definir uma área de atuação. Será que vai ser direitos humanos? Será que vai ser um trabalho com crianças? Na área da saúde, da educação? Tente se especializar. Do contrário, podemos desanimar, porque as necessidades são muitas. Focando em um determinado grupo vulnerável, numa área específica de atuação, aquele mundo maior vira algo mais fácil de lidar. E ao longo dos anos você desenvolve uma expertise, uma experiência num setor específico.

>> Vocação - Perspectivas bíblicas e teológicas <<

4 – Doe-se sacrificialmente

Estou em um momento de tensão. Pela idade, começo a olhar para trás, analisando o que já fiz, e há muitas comparações acontecendo em minha mente. “Ah, e se eu tivesse feito isso? Se eu tivesse feito aquilo?”. Por outro lado, percebo Deus me dizendo que preciso dar ainda mais do que estou dando. E algumas pessoas me dizem “mas você já faz tanto, você já fez tanto”. Mas nem sempre aquilo foi feito sacrificialmente; foi feito porque era o meu trabalho, eu recebia para fazê-lo. E não tem a ver com me tornar mais ocupado, mas de ser mais estratégico nas coisas com as quais me envolvo, para que eu possa me doar mais e ter o impacto que Deus quer que eu tenha na vida das pessoas.

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