Opinião
- 28 de fevereiro de 2023
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Jesus se fez carne no ventre de Maria e se fez pecado na cruz do Calvário
Por Elben César
Artigo publicado originalmente na seção “Vamos ler!”, da edição 306 da revista Ultimato.
Artigo publicado originalmente na seção “Vamos ler!”, da edição 306 da revista Ultimato.
John Stott começou a ser lido no Brasil há pouco mais de quarenta anos, quando Edições Vida Nova lançou a primeira edição de Cristianismo Básico, publicado originalmente em inglês pela Inter-Varsity Press, no Reino Unido, em 1958. A edição de 1967 está esgotada há muitos anos. Coube à Editora Ultimato editar uma nova tradução (feita por Jorge Camargo) agora em março de 2007. O livro foi escrito quando Stott tinha 37 anos e era reitor (pastor titular) da All Souls Church, uma igreja anglicana no centro de Londres.
Ao reler no mês passado Cristianismo Básico, percebi claramente que muitas das minhas convicções a respeito de Jesus Cristo foram fortalecidas por ocasião da primeira leitura, não me lembro quando. O título da palestra que eu mais gosto de fazer e mais tenho feito na vida foi inspirado nesse livro de Stott: Jesus não é Deus disfarçado de homem nem homem disfarçado de Deus. (A frase original é “Não o vimos como um Deus disfarçado de homem, nem como um homem com qualidades divinas, mas como homem e Deus” — p. 27.)
Ouso dizer que John Stott é um dos maiores admiradores de Jesus Cristo (se ele for o maior de todos, eu quero ser o segundo...). Veja com que entusiasmo ele fala de Jesus:
“[Jesus] nunca hesitou ou se desculpou. Nunca precisou voltar atrás, retirar ou modificar alguma coisa que tivesse falado” (p. 37).
“Embora ‘separado dos pecadores’, [Jesus] recebeu o honroso título de ‘amigo dos pecadores’” (p. 52).
“No pensamento, [Jesus] exibia o primeiro lugar; nos atos, ele se colocava em último. Ele exigia ao mesmo tempo uma grande autoridade e um enorme desprendimento pessoal. Ele era Senhor de todos, e tornou-se servo de todos. Ele disse que veio julgar o mundo, e lavou os pés dos discípulos” (p. 55).
“[Jesus] não apenas ‘se fez carne’ no útero de Maria; ele ‘se fez pecado’ na cruz do Calvário” (p. 124).
“Há cura através de suas feridas, vida através de sua morte, perdão através de sua dor, salvação através de seu sofrimento” (p. 131).
John Stott não vacila nem um minuto sequer. Ele não deixa por menos: “Se crer em Jesus é o primeiro dever do homem, não crer nele é o seu maior pecado” (p. 30). Com muita clareza, ele mostra que a identificação de Jesus com Deus era tão próxima que “Conhecê-lo era conhecer a Deus; Vê-lo era ver a Deus; Crer nele era crer em Deus; Recebê-lo era receber a Deus; Odiá-lo era odiar a Deus; Honrá-lo era honrar a Deus” (p. 33). É por isso que, logo no prefácio, Stott não perde a oportunidade de fazer um genuíno apelo evangelístico: “Devemos assumir um compromisso pessoal com o Senhor Jesus, de coração e de mente, alma e vontade, entregando nossas vidas a ele, sem reservas. Devemos nos humilhar diante dele. Devemos confiar nele como nosso Salvador e nos submetermos a ele como nosso Senhor; para então assumirmos nossos lugares como membros fiéis da igreja e cidadãos responsáveis dentro da comunidade” (p. 10).
Apesar de pertencer a uma denominação tida como liberal, de viver num continente pós-cristão e de ser capelão honorário de Elizabete II, rainha da Inglaterra, desde 1959 (um ano depois de escrever Cristianismo Básico), John Stott continua pregando certas coisas que muitos pregadores ao redor do mundo têm vergonha de propagar. Por exemplo:
“O que o homem necessita é de uma mudança radical de natureza, aquilo que o professor H. M. Gwatkin chamou de ‘trocar o eu pelo não-eu’” (p. 104).
“Se rejeitarmos deliberadamente a Jesus Cristo, o único que pode nos dar a vida eterna, estaremos eternamente mortos no mundo vindouro. O inferno é uma realidade assustadora e pavorosa. Não deixe que ninguém o engane quanto a isso” (p. 96).
John Stott não esconde da sociedade permissiva dos dias atuais que o “Não adulterarás” do Decálogo “diz respeito a qualquer tipo de relacionamento sexual fora do casamento, incluindo o flerte, as relações sexuais pré-matrimoniais e o sexo solitário, além de todas as perversões sexuais” (p. 88).
Como todos os dias oro com a minha esposa para Deus mostrar aos nossos netos “as insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8), achei por bem dar de presente aos seis mais velhos o excelente Cristianismo Básico. Dentro de cada exemplar, coloquei uma cópia das notas biográficas de John Stott, preenchidas a mão por ele mesmo por ocasião da Conferência Internacional de Evangelistas Itinerantes, mais conhecida como Amsterdã 83, por ter sido realizada na Holanda, em julho de 1983.
O QUE ESPERAM OS CRISTÃOS? | REVISTA ULTIMATO
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A esperança cristã possibilita alegria hoje, guia os nossos afetos e o modo como vivemos, nos relembra da nossa condição de peregrinos, nos anima na evangelização e na missão, nos dá a perspectiva correta com relação ao sofrimento atual, alinha os nossos planos aos de Deus, não permite que nos acomodemos às facilidades do mundo.
Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
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