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- 19 de dezembro de 2023
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Jesus enxugou minhas lágrimas
Por Elis Amâncio
Sei que a maioria dos cristãos contam que tiveram a vida totalmente transformada por Jesus quando se converteram. Mas, no meu caso, a transformação começou um pouco antes, quando minha filha Sarah nasceu, pouco antes da minha conversão.
Nasci em Guarulhos, SP, mas, aos 11 anos mudei, com a minha família, para o interior de Minas Gerais, para a terra natal dos meus pais. Portanto, sim, aos 44 anos, me considero mineira. Apesar de a minha família ser de origem católica não praticante, sempre tive interesse em conhecer mais sobre fé. Meus pais fizeram o melhor por mim e meu irmão, mas, sempre viveram um relacionamento bastante conturbado. Na adolescência sonhava me tornar uma jornalista, cheguei a fazer curso de datilografia e informática, pensando no futuro que viria.
No auge dos meus 18 anos, fui arrebatada por uma paixão avassaladora, que me levou para um lugar muito difícil. Aos 19 anos, contrariando meus pais, decidi me casar. Meu então marido tinha sérios problemas com drogas, descobri depois. Foram quatro anos muito desafiadores em que eu não tinha coragem de me abrir com as pessoas sobre a violência verbal e física que sofria. Sem conhecer quem Deus é e o que Jesus Cristo havia feito na cruz por mim, eu vivia uma vida miserável, tendo chegado a ponto de tentar acabar com minha própria vida. Hoje sei que ali o Senhor já me guardava da morte.
Criei coragem para sair daquele relacionamento e contei com o apoio da minha família, que morava longe e não tinha ideia do que eu vivia. E não é que quando decidi me separar descobri que estava grávida? Para os médicos, algo inexplicável, mas visível, pois eu não poderia ter filhos. Para mim, um milagre. Ainda assim, minha autoestima estava no chão. A gravidez correu bem, mas não fiz fotos grávida.
O nome da minha filha, Sarah, foi escolhido por causa de uma canção gospel que ouvia sempre no rádio e que falava sobre Deus fazer da estéril mãe de filhos, na verdade, um louvor cantado por Aline Barros (Deus do Impossível). Conhecia Deus de ouvir falar. Lembro-me até hoje de que, algum tempo depois do parto, numa noite, eu vi os olhinhos de Sarah brilhando no escuro. O amor que eu sentia por ela aumentou exponencialmente e tive certeza de que eu era, e sou, capaz de qualquer coisa por minha filha.
O período da separação foi terrível. Foram meses de muitas lágrimas e lutas, recebendo ameaças, mas, consegui sair daquela situação difícil. A Sarah, a maternidade, me transformaram como pessoa. Passei a ver o mundo de outra maneira e não a partir da minha visão limitada que olhava apenas para meu próprio umbigo.
Em pouco tempo conheci Jesus, visitando um culto a convite de um amigo, na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, MG. Entendi como Deus tinha nos guardado de tanto mal. Quando encontrei Jesus, em 2003, gosto de dizer que Ele me encontrou. Eu tinha parado de sonhar, de sorrir, de viver. Na verdade, estava ali para minha filha, mas a ferida era tão grande que me sufocava. Lembro-me de um retiro, pouco antes do meu batismo, em que eu estava orando, agradecendo ao Senhor por ter sido alcançada. Pedia direção para o tempo como nova convertida. E lembro-me de escutar, quase audivelmente, Deus dizendo-me que estava restaurando os meus sonhos, inclusive aqueles que eu tinha enterrado. E um deles era o sonho de ser jornalista. Chorei tanto. Parecia algo impossível. Uma jovem mãe que precisava trabalhar para sustentar a filha, e que não tinha tempo nem dinheiro para estudar. O Senhor foi conduzindo o caminho; dois anos depois, eu estava cursando jornalismo com uma bolsa integral. Milagre! Lembro-me de agradecer a Deus pelo tempo na faculdade e de afirmar que eu não me importaria se formasse sem conseguir trabalhar na área. Só de fazer o curso, me sentia totalmente realizada.
Quando Sarah tinha 5 anos, ela teve um acidente vascular cerebral (AVC), que paralisou o lado direito do seu corpo. Eu estava no terceiro período de jornalismo, estava retomando a vida com Jesus naquela fase. Quase desisti de tudo. Mais uma vez, Deus enviou as pessoas certas para nos apoiar. Além disso, minha mãe sempre esteve ao nosso lado. Não tenho ideia de como teria sido sem ela. Lembro das diversas vezes que cantei louvores para minha filha nas longas semanas que passamos no hospital e todo o processo de recuperação. Hoje ela está 100% curada para honra e glória do nome de Jesus.
Naquele mesmo ano, comecei a trabalhar como jornalista em uma rádio muito importante de Belo Horizonte, depois em uma assessoria de imprensa e logo fui conversar com meu pastor, Márcio Valadão, sobre fazer um trabalho de comunicação para alcançar os jovens na Internet. Ali começou uma jornada linda que não tinha ideia. Há dezesseis anos trabalho como jornalista cristã. Sou voluntária em minha igreja local, mas, também atuo com diversos ministérios no Brasil e pelo mundo, e também pela Internet, propagando a mensagem do reino de Deus. Poucos olhavam para o Orkut, para o MySpace ou para o digital pensando em evangelismo, em edificação, mas, Deus me deu oportunidade de chegar antes neste meio falando sobre isso.
Se pudesse dizer algo para a Elisandra do passado, eu diria: “Continue, vai valer a pena. Deus vai enxugar dos seus olhos toda lágrima”. E sempre digo para as outras pessoas: “Conheci alguém que vale a pena conhecer: Jesus!”.
- Elis Amâncio é jornalista, especialista em marketing digital e mídias sociais, mestranda em linguagens (CEFET/MG). Também é consultora e palestrante de comunicação digital, área que atua há dezesseis anos. É autora dos livros Mídias Sociais na Igreja, lançado em português e espanhol, e Comunicando o Reino. Foi responsável pela comunicação de diversos artistas do meio evangélico como Diante do Trono, Nívea Soares, Thalles entre outros. Converteu-se ao Evangelho de Jesus há 20 anos.
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