Opinião
- 24 de outubro de 2008
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Jesus Cristo é a resposta. Mas qual é a pergunta?
Derval Dasilio
Todos viram a exposição diária, meses a fio, pela televisão, do casal acusado de jogar a filha pela janela, enquanto se omitia a estatística macabra da violência doméstica contra a criança no Brasil. Segundo informações de órgãos atuantes em defesa da criança, como forma de catarse da sociedade bem-posta indignada a seu jeito, evidentemente hipócrita, juristas, juízes, autoridades do judiciário, legistas, criminologistas, antropólogos passam sua sapiência jurídica, ou científica, para “saciar” a fome de vingança social. Não falam o essencial: há quinhentos mil casos de violência contra a criança por ano. Estima-se. Não vem a público. A metade chega ao conhecimento das autoridades. Cinco por cento, 25 mil crianças, são mortas por pais e parentes próximos todos os anos. Como sempre, esqueceremos isso? Nesse tempo, só existe o que aparece na televisão.
Cada vez mais descobrimos que a causa de Jesus, antes abraçada por cristãos de confissão, vem sendo interessante a quem, tantas vezes, nada tem a ver com compromissos eclesiásticos, ou que leve institucionalmente o nome “cristão” na fachada. Ao contrário, ao considerar-se a atuação da sociedade organizada, em defesa dos “sem poder”, o que se observa mais freqüentemente é a apatia, o distanciamento, a indiferença das igrejas cristãs em relação às grandes lutas em favor das liberdades do homem e dos direitos sociais dos mais fracos.
Ao ler Tolstoi, Gandhi descobriu a estratégia da não-violência no Sermão do Monte de Jesus, assim como o pastor Luther King, que se inspirou nos baluartes da fé comprometida. Não podemos esquecer Jaime Wright, pastor presbiteriano ecumênico, e o projeto “Brasil: Nunca Mais”, na parceria imprescindível de Dom Paulo Evaristo Arns. De fato, cristãos como Jaime têm muito a dizer sobre isso. Mesmo depois de mortos. Por decisão do juiz Gustavo S. Teodoro, em primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na justiça brasileira em uma ação declaratória por seqüestro e tortura durante o regime militar (1964-1985). Na decisão, o juiz afirmou que o DOI-CODI era “uma casa dos horrores”. As testemunhas que estiveram presas ali disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. O presbítero Paulo Wright teria sido morto assim. Das celas podia-se ouvir gritos, gemidos e choros dos presos. Ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão, quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais, afirmou o magistrado na sentença.
Todos viram a exposição diária, meses a fio, pela televisão, do casal acusado de jogar a filha pela janela, enquanto se omitia a estatística macabra da violência doméstica contra a criança no Brasil. Segundo informações de órgãos atuantes em defesa da criança, como forma de catarse da sociedade bem-posta indignada a seu jeito, evidentemente hipócrita, juristas, juízes, autoridades do judiciário, legistas, criminologistas, antropólogos passam sua sapiência jurídica, ou científica, para “saciar” a fome de vingança social. Não falam o essencial: há quinhentos mil casos de violência contra a criança por ano. Estima-se. Não vem a público. A metade chega ao conhecimento das autoridades. Cinco por cento, 25 mil crianças, são mortas por pais e parentes próximos todos os anos. Como sempre, esqueceremos isso? Nesse tempo, só existe o que aparece na televisão.
Cada vez mais descobrimos que a causa de Jesus, antes abraçada por cristãos de confissão, vem sendo interessante a quem, tantas vezes, nada tem a ver com compromissos eclesiásticos, ou que leve institucionalmente o nome “cristão” na fachada. Ao contrário, ao considerar-se a atuação da sociedade organizada, em defesa dos “sem poder”, o que se observa mais freqüentemente é a apatia, o distanciamento, a indiferença das igrejas cristãs em relação às grandes lutas em favor das liberdades do homem e dos direitos sociais dos mais fracos.
Ao ler Tolstoi, Gandhi descobriu a estratégia da não-violência no Sermão do Monte de Jesus, assim como o pastor Luther King, que se inspirou nos baluartes da fé comprometida. Não podemos esquecer Jaime Wright, pastor presbiteriano ecumênico, e o projeto “Brasil: Nunca Mais”, na parceria imprescindível de Dom Paulo Evaristo Arns. De fato, cristãos como Jaime têm muito a dizer sobre isso. Mesmo depois de mortos. Por decisão do juiz Gustavo S. Teodoro, em primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na justiça brasileira em uma ação declaratória por seqüestro e tortura durante o regime militar (1964-1985). Na decisão, o juiz afirmou que o DOI-CODI era “uma casa dos horrores”. As testemunhas que estiveram presas ali disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. O presbítero Paulo Wright teria sido morto assim. Das celas podia-se ouvir gritos, gemidos e choros dos presos. Ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão, quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais, afirmou o magistrado na sentença.
É pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).
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