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Opinião

Israel 70 anos – O fim dos tempos está próximo?

A melhor interpretação de uma profecia é o seu cumprimento

Por Francisco Leonardo Schalkwijk

Neste ano, o Estado de Israel completou sete décadas. Temos de reconhecer que tanto seu nascimento como sua sobrevivência são milagres. Nasceu no dia 14 de maio de 1948, e o Brasil tem a honra de ter apoiado, com voto decisivo na reunião das Nações Unidos, sua formação no ano anterior. Vamos tentar colocar estes acontecimentos no seu contexto.

Creio que, no início do século 20, o Espírito Santo começou a soprar de uma maneira diferente, mais forte. Parece que a correnteza da história se acelerou. Durante séculos a fio, a velocidade do homem era 40 km por hora a cavalo. Alexandre Magno alcançou isto e, dois milênios depois, Napoleão não foi mais rápido. Mas agora, especialmente a partir do início do século 20, a nossa velocidade aumentou assustadoramente, até mais de 40.000 num foguete!

A história parece ter a velocidade do homem. Assim, a história humana se acelerou de sobremaneira, e todo o mundo reconhece que estamos numa corredeira do tempo e numa época de transição. Parece que o vento sopra mais forte nas velas dos nossos barcos. Mas quem está soprando? Não é o Senhor da história? Não é o SENHOR que também fez subir o povo de Israel do Egito e os filisteus de Creta (Am 9.7)?

Quando Deus sopra nas velas da história humana, todo mundo nota, tanto no campo da história geral, como na história da igreja. Assim, no início daquele século vinte, dois movimentos importantes surgiram nela. Creio que, apesar dos pesares, o movimento ecumênico que procura mais cooperação entre os discípulos de Cristo (Jo 17.11) é resultado daquele sopro divino. E isto por mais que o barco balança e, às vezes, é levado por correntezas não bíblicas por timoneiros que nem percebem o desviar da ponteira da sua bússola, pois não se orientam pelo ponto seguro do polo norte da Palavra de Deus (Jo 17.17).

No mesmo tempo (1900) surgiu o movimento pentecostal. Sem dúvida também com problemas pelos portadores humanos, mas assim mesmo, um sopro em que o Espírito Santo enchia os corações, não em primeiro lugar para falar em línguas, mas para anunciar as grandezas de Deus (At 2.11). Ninguém sabia, mas se provou o maior movimento de evangelização depois de Pentecostes.

E foi no mesmo tempo, que Israel sentiu esse sopro. Depois da rejeição do Messias, depois da destruição de Jerusalém (70 AD) e depois da grande diáspora (ou exílio) de dois milênios, os judeus ouviram uma trombeta tocar, um brado de um jornalista para que voltassem à sua terra. Inicialmente foi um riacho pequeno na direção de Palestina, mas no decorrer dos anos aumentou e a partir de 1948 eles fizeram “aliyah” (a subida) para seu próprio estado! A “lei do retorno” garante a cada judeu no mundo a cidadania israelense.

Que horas são? Será que está se aproximando a plenitude do tempo em que o Messias voltará? A história está se acelerando, o evangelho está sendo pregado (Mt 24.14) e por volta de 2010, quase cada país no mundo tem sua própria igreja local!

Todos nós sentimos que estamos numa corredeira histórica. Qual será o próximo período? Em 1967, Israel foi atacado por Egito, Síria e Jordânia (ajudadas por mais seis nações islâmicas), mas se defendeu na “Guerra de seis dias”. Quando Jerusalém foi conquistado pelas tropas israelenses, o rabino-mór disse: “Conquistamos a cidade santa. Entramos na era messiânica.” Será que ele falou como “sumo-sacerdote” (Jo 11.50,51)? Será que o “tempo dos gentios”, o tempo da graça para os povos, está terminando (Lc 21.24)? Será que o tsunami de incredulidade é um sintoma (Lc 18.8)? Nada de especulação! A melhor interpretação de uma profecia é o seu cumprimento (Jo 2.22). Por isso é bom estar a par das notícias, não chegando a conclusões apressadas. Mas vigiar e orar.

Quando, numa tempestade, o barco se aproxima do litoral, as ondas crescem. Quanto mais perto, mais altas as ondas. No topo de uma onda dá para perceber a praia, mas ninguém sabe quanto tempo ainda. Nada de especulação e fora as profecias falsas, pois ninguém sabe mesmo (At 1.7)! Mas quem, no topo da onda, não nota o litoral, deve estar olhando para trás ou está dormindo. Mas quem percebe, seu coração se encha novamente daquela esperança: “Venha, Senhor Jesus, Maranata!”.

Vigiai e orai!

Notas
1. Resolução 181, 29-11-1947.
2. Na França, o anti-semitismo estava crescendo e um oficial do exército, Alfred Dreyfus, foi condenado inocentemente à prisão perpétua. A reportagem foi feito pelo jornalista Theodor Herzl (judeu austríaco), que se impressionou profundamente com essa injustiça racial (1894). Dois anos depois, Herzl chamou todos os judeus a voltarem para Israel (Der Judenstaat, O estado judeu), e, no ano seguinte, o primeiro Congresso Sionista se reuniu em Basiléia.
3. Lei do Retorno (1950): Cada pessoa que tem avô(ó) judeu ou está casado com alguém que tem avós judias, pode receber a nacionalidade israelense (Ben Gurion formulou isto assim porque era o critério que Hitler usou para definir quem devia morrer!) Voltam também judeus de Etiópia (da tribo Dã e/ou Levi) e de Índia (da tribo Manassés). A aliyah dos judeus etíopes foi concluído em 2013, uma vez com 1122 pessoas, grandes e pequenas, sentadas no chão, a bordo de um avião de carga.


Imagem: Flag of Israel. Licença: CC BY-SA 3.0, from Wikimedia Commons
Francisco Leonardo Schalkwijk mora na Holanda com sua esposa Margarida, com quem serviu como missionário no Brasil por quase 40 anos. É doutor em história e pastor emérito da Igreja Evangélica Reformada. É autor de Confissão de Um Peregrino, "Igreja e Estado no Brasil Holandês, 1630 - 1654" e da gramática grega Coine.
  • Textos publicados: 9 [ver]

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