Opinião
- 03 de março de 2009
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Impedimento na educação
Diversas pesquisas mostraram o valor de uma educação alicerçada na família, e, tradicionalmente, sua participação tem sido fomentada também na vida escolar, por exemplo, por meio de associações de pais e mestres. Tal medida é importante, pois a criança e o jovem permanecem cada vez menos tempo no convívio estrito da família; na média, a escola e a televisão tornaram-se os educadores mais presentes. Ambos frequentemente se revelam coadjuvantes desleais; a incompatibilidade de muitos programas de televisão com valores familiares é fato notório. A preocupação com a atuação da escola é algo atual e recebe nova dimensão com o recente Documento Final da Conferência Nacional da Educação Básica (2008).1
Ao discutir sobre a consolidação do sistema nacional de educação, o Documento Final propõe, quanto à diversidade sexual, que “as políticas de inclusão e diversidade na educação básica deverão realizar constantemente a análise de livros didáticos e paradidáticos utilizados nas escolas, para evitar as discriminações de gênero e de diversidade sexual e, quando isso for constatado, retirá-los de circulação”. Embora a imposição da diversidade sexual como um valor seja preocupante, muito mais o é a ausência de proposta de medidas semelhantes para proteger a família. Aliás, a família é pouco mencionada no documento e seu envolvimento nos processos educacionais não recebe atenção significativa. Além de subvalorizar a família, em alguns momentos o documento parece refletir uma perda total de memória histórica ao imputar características messiânicas a um Estado articulado com “movimentos sociais”.
Por outro lado, a intenção básica do Documento é louvável. Pretende-se contribuir com uma sociedade fundamentada na justiça social, na igualdade e na democracia. O que causa estranheza é a falta de precisão conceitual com a qual se afirma que “a consolidação de um sistema nacional de educação não pode ser realizada sem considerar a urgente necessidade de superação das desigualdades sociais, étnico-raciais, de gênero e relativas à diversidade sexual ainda presentes na sociedade e na escola”. Os conceitos de desigualdade (negativo) e diversidade (positivo) são usados sem definição ou discussão preliminar. Significados e delimitações talvez sejam implicados pelo lastro ideológico dos formuladores do Documento. Seria mais razoável valer-se de conceitos milenares como a rejeição da acepção de pessoas e a afirmação de justiça -- dois termos bem definidos na Bíblia e que embasam o entendimento ocidental de ideais sociais.
As propostas do Documento Final visam ainda a “construção de uma cultura de paz”, objetivo a ser perseguido por meio do “debate público e da articulação entre Estado, escola e movimentos sociais”. A conjectura de que nossa cultura atual não seria uma “cultura de paz” causa tanta perplexidade quanto a argumentação em favor da acentuação de tendências e políticas que tiraram a qualidade do nosso ensino público, fomentaram a desestruturação familiar e ampliaram espaços para a escalada da violência criminal. Também causa perplexidade a ausência de menção à família e às igrejas no contexto cultural da paz.
Enfim, como ilustrado anteriormente com uns poucos exemplos, o Documento Final da Conferência Nacional da Educação Básica vem contaminado com itens questionáveis, colocações imprecisas, e até equívocos. Assim, compete ao educador cristão levantar uma bandeira assinalando situação de impedimento, em analogia com o gesto do bandeirinha num jogo de futebol.
Nota
1. Este documento está disponível em portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/conae/livro_coneb_vol1.pdf
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Ao discutir sobre a consolidação do sistema nacional de educação, o Documento Final propõe, quanto à diversidade sexual, que “as políticas de inclusão e diversidade na educação básica deverão realizar constantemente a análise de livros didáticos e paradidáticos utilizados nas escolas, para evitar as discriminações de gênero e de diversidade sexual e, quando isso for constatado, retirá-los de circulação”. Embora a imposição da diversidade sexual como um valor seja preocupante, muito mais o é a ausência de proposta de medidas semelhantes para proteger a família. Aliás, a família é pouco mencionada no documento e seu envolvimento nos processos educacionais não recebe atenção significativa. Além de subvalorizar a família, em alguns momentos o documento parece refletir uma perda total de memória histórica ao imputar características messiânicas a um Estado articulado com “movimentos sociais”.
Por outro lado, a intenção básica do Documento é louvável. Pretende-se contribuir com uma sociedade fundamentada na justiça social, na igualdade e na democracia. O que causa estranheza é a falta de precisão conceitual com a qual se afirma que “a consolidação de um sistema nacional de educação não pode ser realizada sem considerar a urgente necessidade de superação das desigualdades sociais, étnico-raciais, de gênero e relativas à diversidade sexual ainda presentes na sociedade e na escola”. Os conceitos de desigualdade (negativo) e diversidade (positivo) são usados sem definição ou discussão preliminar. Significados e delimitações talvez sejam implicados pelo lastro ideológico dos formuladores do Documento. Seria mais razoável valer-se de conceitos milenares como a rejeição da acepção de pessoas e a afirmação de justiça -- dois termos bem definidos na Bíblia e que embasam o entendimento ocidental de ideais sociais.
As propostas do Documento Final visam ainda a “construção de uma cultura de paz”, objetivo a ser perseguido por meio do “debate público e da articulação entre Estado, escola e movimentos sociais”. A conjectura de que nossa cultura atual não seria uma “cultura de paz” causa tanta perplexidade quanto a argumentação em favor da acentuação de tendências e políticas que tiraram a qualidade do nosso ensino público, fomentaram a desestruturação familiar e ampliaram espaços para a escalada da violência criminal. Também causa perplexidade a ausência de menção à família e às igrejas no contexto cultural da paz.
Enfim, como ilustrado anteriormente com uns poucos exemplos, o Documento Final da Conferência Nacional da Educação Básica vem contaminado com itens questionáveis, colocações imprecisas, e até equívocos. Assim, compete ao educador cristão levantar uma bandeira assinalando situação de impedimento, em analogia com o gesto do bandeirinha num jogo de futebol.
Nota
1. Este documento está disponível em portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/conae/livro_coneb_vol1.pdf
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• Ideias de Darwin
Tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. É professor de engenharia em São José dos Campos (SP). É editor do blog Fé e Ciência.
- Textos publicados: 32 [ver]
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Site: http://www.freewebs.com/kienitz/
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