Opinião
- 03 de abril de 2020
- Visualizações: 4390
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Hoje eu tive um sonho!
Por Aurivan Marinho
Sonhei que a ideologia do coronavírus não era de esquerda nem de direita. Não pertencia a nenhum partido político e não estava aliada a nenhuma nação ou classe social. Sonhei que todos, finalmente, puderam entender que o coronavírus tem somente o medo como aliado, a calamidade como bandeira e a morte como ideologia.
Sonhei que a ideologia do coronavírus não era de esquerda nem de direita. Não pertencia a nenhum partido político e não estava aliada a nenhuma nação ou classe social. Sonhei que todos, finalmente, puderam entender que o coronavírus tem somente o medo como aliado, a calamidade como bandeira e a morte como ideologia.
Sonhei, então, que a partir daí uma grande força tarefa foi formada. Uma admirável corrente do bem invadiu o país a fora, pregando a paz, multiplicando esforços e transformando o medo em esperança. De repente, o governo federal, os governos estaduais e o congresso nacional deixaram de lado as diferenças ideológicas, abdicaram dos seus interesses e vaidades, desceram dos seus palanques, e começaram a lutar unidos a única batalha que interessa ao povo nesse instante, a luta contra o vírus que ameaça dizimar a população brasileira.
Sonhei que o valor da vida, quando posto na balança, pesou mais do que qualquer projeto de poder político, do que a ganância pelo dinheiro, do que a fama ou a publicidade pessoal. Assim, é que artistas, jogadores de futebol, empresários, banqueiros e personalidades diversas, voluntária e solidariamente, propuseram-se a encabeçar uma grande mobilização com toda sociedade, no propósito de adotar o maior número possível de pessoas que perderam seus empregos ou que dependiam do trabalho informal.
Sonhei que as instalações das igrejas, dos estádios de futebol, dos prédios ociosos e dos estabelecimentos das instituições mais diversas eram transformadas em abrigos, restaurantes e enfermarias para assistir e proteger os mais vulneráveis das nossas cidades. Para lá, eram conduzidos catadores de lixo, pessoas em situação de rua, idosos desassistidos, crianças abandonadas, moradores de palafitas e tantos outros trazidos dos morros e dos guetos. Todos eram instruídos a como se prevenirem contra o vírus, por agentes de saúde e voluntários treinados. Todos recebiam roupas, cobertores e colchões. Todos eram devida e justamente alimentados. Todos eram higienizados, pois podiam abrir a torneira e lavar as mãos com água e sabão. A todos era oferecido e permitido ter acesso aos meios de prevenção e sobrevivência.
Sonhei que, desse modo, o poderoso coronavírus foi perdendo forças. Um poder maior caminhou pelas ruas das cidades, fazendo o poder da peste e da morte recuarem. Ao invés da bandeira da calamidade, foi hasteada a bandeira da solidariedade. Ao invés da ideologia da morte, prevaleceu a paixão pela vida, o amor pelo o próximo, a fé traduzida em obras, a esperança que traz paz, o altruísmo que supera o egoísmo, a misericórdia que transcende o sacrifício.
Sonhei que vencíamos o coronavírus, mas não sem antes derrotarmos o "vírus" da intolerância, da polarização raivosa e do egoísmo.
"O amor é paciente; o amor é benigno. Não é invejoso; não se vangloria, não se orgulha, não se porta com indecência, não busca os próprios interesses, não se enfurece, não guarda ressentimento do mal; não se alegra com a injustiça, mas congratula-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Portanto, agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor. Mas o maior deles é o amor." (1Co 13.4-7,13).
Solus Christus!
• Aurivan Marinho é bacharel em Teologia, mestre em Teologia Histórica e Graduado em Filosofia. Leciona Teologia Sistemática no SETEBAN-PE, é pastor da Igreja Evangélica Congregacional da Estância, em Recife-PE, e Membro do Conselho Consultivo da SBB.
- 03 de abril de 2020
- Visualizações: 4390
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Descobrindo o potencial da diáspora: um chamado à igreja brasileira
- Trabalho sob a perspectiva do reino de Deus
- Jesus [não] tem mais graça
- Onde estão as crianças?
- Não confunda o Natal com Papai Noel — Para celebrar o verdadeiro Natal
- Uma cidade sitiada - Uma abordagem literária do Salmo 31
- C. S. Lewis, 126 anos
- Ultimato recebe prêmio Areté 2024
- Exalte o Altíssimo!
- Paciência e determinação: virtudes essenciais para enfrentar a realidade da vida