Prateleira
- 03 de dezembro de 2007
- Visualizações: 3969
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Heróis profanos e santos anônimos
Deus ama imparcialmente. Para quem se lembra do dilema descrito no Salmo 73 — a vida nababesca dos maus e o infortúnio dos que se mantêm puros — essa afirmação é, no mínimo, desconfortável. A frase está em A Espiritualidade na Prática, e Paul Stevens é ainda mais específico: “O amor de Deus é sem causa ou previsibilidade humana”.
É verdade que o sol brilha sobre mocinhos e bandidos e a chuva cai sobre honestos e corruptos (Mt 5.45). E sei, como C. S. Lewis, que Deus não é um velho bondoso e solene nem um guarda que anda com um cassetete escondido pronto para acertar contas com o primeiro que dobrar a esquina. No entanto, não raro ficamos embaraçados com o sucesso dos maus. Temos um desejo quase incontrolável de manipular a graça de Deus e nos irritamos quando ela sobeja, quando uns e outros são alcançados por ela e, sem perceber, nos perguntamos: “por que não eu?”
Na semana passada encontrei Deus em um dos lugares mais inesperados. Fui ver o guitarrista americano Stanley Jordan e fui surpreendido pela graça. A apresentação aconteceu na Sala Fernando Sabino, na Universidade Federal de Viçosa, em meio às montanhas de Minas. Puro êxtase. Não me passou pela cabeça envenená-lo por inveja, o que teria feito, diz a lenda, o compositor italiano do século 18 Antonio Salieri com Amadeus Mozart. Na verdade, lembrei-me de Bezalel, da sua destreza e capacidade artística (Êx 35.31); de Jubal, pai dos que tocam harpa (Gn 4.21) e, agradecido, murmurei algumas frases de adoração.
A verdade é bela e cura. Saliere, no entanto, não entendia como Mozart, um devasso, podia compor algo tão sublime. Recorro a Calvino, citado em Religião e Política, Sim; Igreja e Estado, Não: “Quando vemos em escritores pagãos a admirável luz da verdade que transparece nos seus livros, devemos perceber que a natureza do homem, embora caída da sua integridade e muito corrompida, não deixa de ser adornada ainda com muitos dons divinos. Se reconhecermos o Espírito de Deus como única fonte da verdade, nunca desprezaremos a verdade onde quer que apareça”.
Leia o livro
• Um Ano com C. S. Lewis, leituras diárias de suas obras clássicas
• Religião e Política, Sim; Igreja e Estado, Não, Paul Freston
• A Espiritualidade na Prática, Paul Stevens
É verdade que o sol brilha sobre mocinhos e bandidos e a chuva cai sobre honestos e corruptos (Mt 5.45). E sei, como C. S. Lewis, que Deus não é um velho bondoso e solene nem um guarda que anda com um cassetete escondido pronto para acertar contas com o primeiro que dobrar a esquina. No entanto, não raro ficamos embaraçados com o sucesso dos maus. Temos um desejo quase incontrolável de manipular a graça de Deus e nos irritamos quando ela sobeja, quando uns e outros são alcançados por ela e, sem perceber, nos perguntamos: “por que não eu?”
Na semana passada encontrei Deus em um dos lugares mais inesperados. Fui ver o guitarrista americano Stanley Jordan e fui surpreendido pela graça. A apresentação aconteceu na Sala Fernando Sabino, na Universidade Federal de Viçosa, em meio às montanhas de Minas. Puro êxtase. Não me passou pela cabeça envenená-lo por inveja, o que teria feito, diz a lenda, o compositor italiano do século 18 Antonio Salieri com Amadeus Mozart. Na verdade, lembrei-me de Bezalel, da sua destreza e capacidade artística (Êx 35.31); de Jubal, pai dos que tocam harpa (Gn 4.21) e, agradecido, murmurei algumas frases de adoração.
A verdade é bela e cura. Saliere, no entanto, não entendia como Mozart, um devasso, podia compor algo tão sublime. Recorro a Calvino, citado em Religião e Política, Sim; Igreja e Estado, Não: “Quando vemos em escritores pagãos a admirável luz da verdade que transparece nos seus livros, devemos perceber que a natureza do homem, embora caída da sua integridade e muito corrompida, não deixa de ser adornada ainda com muitos dons divinos. Se reconhecermos o Espírito de Deus como única fonte da verdade, nunca desprezaremos a verdade onde quer que apareça”.
Leia o livro
• Um Ano com C. S. Lewis, leituras diárias de suas obras clássicas
• Religião e Política, Sim; Igreja e Estado, Não, Paul Freston
• A Espiritualidade na Prática, Paul Stevens
- 03 de dezembro de 2007
- Visualizações: 3969
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Prateleira
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A última revista do ano
- Vem aí "The Connect Faith 2024"