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Opinião

Há esperança para o Brasil?

Por Osmar Ludovico da Silva

Sim. O Cristo vivo é a única e verdadeira esperança para um Brasil melhor. Insistimos em soluções políticas e econômicas, e não olhamos para as verdadeiras razões da crise: a corrupção, a violência, a promiscuidade, a mentira, a ganância, a injustiça.

Tenhamos coragem de falar sobre o pecado. Nas Escrituras, o pecado original é a exclusão do outro. É a escolha de viver sem Deus, autocentrado, sem limites, sem valores, tomando decisões baseadas em gratificações egoístas e imediatas, sem se importar com o próximo. No Éden, a humanidade abriu mão de ser com Deus para ser como Deus.

A crise política, econômica e social que nos assola é o sintoma, mas a causa é espiritual: o pecado, que corrompe o caráter do homem e destrói todo o tecido social, começando com a família, sua célula principal. O pecado é pessoal e também social. Pecadores são capazes de estabelecer redes do mal, que atuam nas instituições, no Estado e na cultura, promovendo a destruição da dignidade humana em larga escala. São organizações criminosas poderosas que perpetuam a corrupção sistêmica, o acúmulo de riquezas nas mãos de poucos, a impunidade para os poderosos, o narcotráfico, a prostituição infantil, as chacinas, a miséria, a violência, a promiscuidade sexual e as ideologias que demonizam o outro e alimentam o ódio, com a sutileza de fazer o mal parecer bem e as trevas parecerem luz. Essas organizações enganam e usam pessoas bem-intencionadas para os seus propósitos macabros.

Face ao tamanho do estrago causado pelo pecado é que compreendemos a grandiosidade da reparação: a morte do Filho de Deus na cruz do Calvário, onde, quebrantados, dobramos nossos joelhos diante do Senhor, confessamos que somos pecadores e lançamos sobre ele nossa súplica por perdão. Somos então visitados por uma misteriosa presença, o Espírito Santo, que nos conduz à Palavra e à comunidade de fé para crescermos e amadurecermos no processo contínuo e sem fim de nos tornarmos parecidos com Jesus Cristo. Nele vemos como Deus é e como o homem deveria ser e nos apaixonamos por ele.

O juízo começa na casa do Senhor. Onde o povo de Deus se desvia, se omite e deixa de ser sal e luz, toda a sociedade ao redor se corrompe e se deteriora. A igreja, anestesiada, tem se calado face à banalização do mal. Já não nos indignamos com o cinismo dos políticos corruptos, com idosos morrendo na fila do SUS e bebês inocentes sendo atingidos por balas perdidas ainda no ventre de suas mães. Já não nos assustamos com os massacres nos presídios, tampouco com as chacinas nas periferias das metrópoles.

Há esperança para o Brasil? Sim. E ela começa com o povo de Deus admitindo os seus pecados e se quebrantando diante da cruz: “Senhor Jesus Cristo, tem compaixão de nós, pois pecamos contra ti e contra o nosso próximo, em pensamentos, palavras, ações e omissões”. Então, passa por abrir mão do poder e encontrar na fraqueza a força para viver uma vida santa, tendo coragem profética para denunciar o juízo de Deus diante do mal presente na sociedade brasileira, e anunciar, com a vida e com os lábios, o amor e a salvação de Cristo a todo homem, ao homem todo e em todo lugar.

A esperança para o Brasil começa com uma igreja encarnada na cultura e na pólis, vivendo e espalhando, com outros homens e mulheres de bem, os valores do reino de Deus: o amor desinteressado e generoso, a justiça social e os direitos humanos, a integridade do caráter, a verdade límpida e transparente, a simplicidade, o cuidado com o meio ambiente e a paz entre os homens. Pois assim diz o Senhor: “Se o meu povo, sobre quem foi invocado o meu Nome, se humilhar, orar, buscar a minha presença e se arrepender de sua má conduta, eu, do céu escutarei, perdoarei seus pecados e restaurarei o seu país” (2Cr 7.14).


• Osmar Ludovico da Silva
é diretor espiritual reformado com experiência pastoral de mais de trinta anos nas Comunidades de Jesus de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Lecionou no Seminário Teológico Servo de Cristo e é autor dos livros Meditatio, Inspiratio e O Caminho do Peregrino (com Laurentino Gomes). Com a esposa Isabelle dirige oficinas de espiritualidade e meditação cristã, revisão de vida e para casais no Brasil e no exterior. Atualmente reside em Estoril, Portugal.

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