Opinião
- 17 de junho de 2016
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Há bons artistas evangélicos brasileiros na área do Teatro?
Série “Ser Evangélico Sem Deixar de Ser Brasileiro”
Dentro do universo do Teatro não temos tantos registros históricos de grupos ou dramaturgos cristãos brasileiros. Na verdade, a dramaturgia brasileira como um todo sofre com a falta de peças e autores. Por isso tem sido tão comum a importação de espetáculos “broadwayanos” para o Brasil. Muitos diretores e grupos comercializam por aqui o teatro de lá, como uma fórmula que já deu certo. E, muitas vezes, dá mesmo ($), porque parece que consumir coisas importadas – leia-se aqui do teatro ao shampoo - é mais legal, mais “seguro” ou dá mais status. Claro que não vamos tirar o mérito de um Shakespeare, cujos textos nunca serão datados, regionalizados. Eles são de uma profundidade e importância tal para entender sociedade e comportamento, que muitas vezes até soam como cristãos.
No entanto, no mundo cristão vemos perpetuado dentro das igrejas esse pensamento “colonizado”, onde apenas reproduzimos a produção artística estrangeira e achamos que vai dar certo sem analisar contexto, público alvo, e ignorando a importância de qualquer processo criativo autoral. Um exemplo disso são as famosas “pantomimas”, um recurso teatral excelente para fins evangelísticos que utiliza apenas música e expressão corporal. Dessa forma pode ser feita em qualquer lugar, até numa praça, na rua, etc. Se dermos um “google” rápido em “In The Light pantomima igreja” vamos ver comunidades cristãs do Brasil inteiro apresentando essa obra americana. Até as igrejinhas mais simples, do interior mais rural de um estado, já ouviram e assistiram “In The Ligth”. No entanto, muitos não sabem nem o que estão ouvindo.
Não digo que Deus não pode falar por meio do inglês ao município de Pesqueira, no interior de Pernambuco, mas será que não existe uma linguagem, música ou conteúdo que consiga dialogar melhor com os habitantes dessa cidade?
Destaco dois grupos cristãos que conseguiram criar um repertório admirável ao longo da trajetória, que são o Evanarte, de Recife (PE), e a Cia Expressão de Amor, de Maringá (PR). Com 28 e 18 anos respectivamente, os grupos apostam em linguagens próprias, criando espetáculos a partir da leitura que fazem do contexto em que estão inseridos. Com origem no teatro de rua e experiência também em palcos, as trupes trabalham englobando diversos elementos cênicos, entre eles, o circo, o “clown”, a música, os bonecos e as pantomimas.
Talvez os grupos como um todo devessem investir mais em capacitações de criação, abrir mais espaço para novos autores e dramaturgos e o público se abrir mais para o novo, o nosso. O movimento cristão autoral no teatro brasileiro ainda é escasso, mas necessário, afinal, temos muito o que dizer. Só precisamos falar a mesma língua.
• Maria Eduarda Martins, também conhecida como Duda, é pernambucana, tem 27 anos e ama teatro. Começou a fazer teatro na igreja e, depois, se profissionalizou na área. É atriz, jornalista e crítica teatral. Para ela, “o teatro é uma arma. Uma arma poderosa. Transforma o meio em que está. Já me transformou inúmeras vezes”. Duda também escreve a seção Arte de Propósito para o blog Ultimato Jovem.
Leia também
Ser Evangélico Sem Deixar de Ser Brasileiro (LANÇAMENTO)
Transformada pelo Teatro (entrevista com Duda Martins)
“O relacionamento entre o teatro e a igreja é uma história complicada” (Marcos Steuernagel)
Cristo e a Criatividade - rabiscando na areia (Michael Card)
Foto: cena do musical “Abraço”, de 2015, do “Dispersos Companhia de Teatro”, dirigida por Duda Martins e Lívia Lins.
Dentro do universo do Teatro não temos tantos registros históricos de grupos ou dramaturgos cristãos brasileiros. Na verdade, a dramaturgia brasileira como um todo sofre com a falta de peças e autores. Por isso tem sido tão comum a importação de espetáculos “broadwayanos” para o Brasil. Muitos diretores e grupos comercializam por aqui o teatro de lá, como uma fórmula que já deu certo. E, muitas vezes, dá mesmo ($), porque parece que consumir coisas importadas – leia-se aqui do teatro ao shampoo - é mais legal, mais “seguro” ou dá mais status. Claro que não vamos tirar o mérito de um Shakespeare, cujos textos nunca serão datados, regionalizados. Eles são de uma profundidade e importância tal para entender sociedade e comportamento, que muitas vezes até soam como cristãos.
No entanto, no mundo cristão vemos perpetuado dentro das igrejas esse pensamento “colonizado”, onde apenas reproduzimos a produção artística estrangeira e achamos que vai dar certo sem analisar contexto, público alvo, e ignorando a importância de qualquer processo criativo autoral. Um exemplo disso são as famosas “pantomimas”, um recurso teatral excelente para fins evangelísticos que utiliza apenas música e expressão corporal. Dessa forma pode ser feita em qualquer lugar, até numa praça, na rua, etc. Se dermos um “google” rápido em “In The Light pantomima igreja” vamos ver comunidades cristãs do Brasil inteiro apresentando essa obra americana. Até as igrejinhas mais simples, do interior mais rural de um estado, já ouviram e assistiram “In The Ligth”. No entanto, muitos não sabem nem o que estão ouvindo.
Não digo que Deus não pode falar por meio do inglês ao município de Pesqueira, no interior de Pernambuco, mas será que não existe uma linguagem, música ou conteúdo que consiga dialogar melhor com os habitantes dessa cidade?
Destaco dois grupos cristãos que conseguiram criar um repertório admirável ao longo da trajetória, que são o Evanarte, de Recife (PE), e a Cia Expressão de Amor, de Maringá (PR). Com 28 e 18 anos respectivamente, os grupos apostam em linguagens próprias, criando espetáculos a partir da leitura que fazem do contexto em que estão inseridos. Com origem no teatro de rua e experiência também em palcos, as trupes trabalham englobando diversos elementos cênicos, entre eles, o circo, o “clown”, a música, os bonecos e as pantomimas.
Talvez os grupos como um todo devessem investir mais em capacitações de criação, abrir mais espaço para novos autores e dramaturgos e o público se abrir mais para o novo, o nosso. O movimento cristão autoral no teatro brasileiro ainda é escasso, mas necessário, afinal, temos muito o que dizer. Só precisamos falar a mesma língua.
• Maria Eduarda Martins, também conhecida como Duda, é pernambucana, tem 27 anos e ama teatro. Começou a fazer teatro na igreja e, depois, se profissionalizou na área. É atriz, jornalista e crítica teatral. Para ela, “o teatro é uma arma. Uma arma poderosa. Transforma o meio em que está. Já me transformou inúmeras vezes”. Duda também escreve a seção Arte de Propósito para o blog Ultimato Jovem.
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Foto: cena do musical “Abraço”, de 2015, do “Dispersos Companhia de Teatro”, dirigida por Duda Martins e Lívia Lins.
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