Opinião
- 03 de julho de 2015
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Graça eterna para culpas modernas
SEMANA “CULPA E GRAÇA”
Naquele domingo, a classe de Escola Dominical foi tumultuada. Um rapaz dizia que, se tivesse que acreditar que existe um Deus, este seria prepotente e injusto. Para começar, dizia o rapaz, ele não me consultou se eu queria nascer ou não. E pior, ao me obrigar a nascer, ainda me coloca num paizinho subdesenvolvido, cheio de gente mais ou menos e, para piorar, escolhe para mim uma família pobre e cheia de problemas. Só pode ser brincadeira, concluía ele.
Era para ser uma aula sobre "graça e graças" em Romanos: a iniciativa divina e a reação humana esperada. Mas a aula não fluiu porque as atenções foram todas sequestradas pelo rapaz. Era quase um clamor. “Que graça?”, dizia ele. Deus está em dívida comigo; deve-me muitas explicações! E logo se recuperava do deslize: isto é, se ele existisse. E arrematava: prefiro acreditar que sou um lixo cósmico, e que o destino não me favoreceu.
Eu fiquei triste com aquele discurso, sentindo-me meio culpado da minha felicidade, da minha gratidão, da minha "sorte" de não ser um joão-ninguém. Senti culpa de me alegrar com uma bela manhã de sol, com o canto dos pássaros, e até da decisão de ter meus próprios filhos. Depois daquela conversa, o pensamento era inevitável: e se, de repente, um filho meu me dissesse que não pediu para nascer, e que eu tinha a obrigação de tornar sua vida o mais fácil possível, para compensar a ousadia da decisão egoísta?
-- Leia este texto completo no blog do Rubem Amorese
Foto: freeimages.com/photo/1113685
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Era para ser uma aula sobre "graça e graças" em Romanos: a iniciativa divina e a reação humana esperada. Mas a aula não fluiu porque as atenções foram todas sequestradas pelo rapaz. Era quase um clamor. “Que graça?”, dizia ele. Deus está em dívida comigo; deve-me muitas explicações! E logo se recuperava do deslize: isto é, se ele existisse. E arrematava: prefiro acreditar que sou um lixo cósmico, e que o destino não me favoreceu.
Eu fiquei triste com aquele discurso, sentindo-me meio culpado da minha felicidade, da minha gratidão, da minha "sorte" de não ser um joão-ninguém. Senti culpa de me alegrar com uma bela manhã de sol, com o canto dos pássaros, e até da decisão de ter meus próprios filhos. Depois daquela conversa, o pensamento era inevitável: e se, de repente, um filho meu me dissesse que não pediu para nascer, e que eu tinha a obrigação de tornar sua vida o mais fácil possível, para compensar a ousadia da decisão egoísta?
-- Leia este texto completo no blog do Rubem Amorese
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Rubem Amorese é presbítero emérito na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. Foi professor na Faculdade Teológica Batista por vinte anos e consultor legislativo no Senado Federal. É autor de, entre outros, Fábrica de Missionários e Ponto Final. Acompanhe seu blog pessoal: ultimato.com.br/sites/amorese.
- Textos publicados: 36 [ver]
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Site: http://www.amorese.com.br
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