Opinião
- 19 de maio de 2011
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Gerações
"Eu acreditei em muitas coisas: que o bem venceria o mal; acreditei em Freud e na psicanálise, que se eu tivesse coragem, eu chegaria ao autoconhecimento e seria feliz; acreditei em Marx e na revolução, que se eu tivesse bastante coragem eu poderia ajudar o mundo a alcançar a justiça social. Acreditei também em muitas outras coisas: na dignidade, na honra, na inocência, na sabedoria, na razão, na intuição, na ciência e na arte, sobretudo, no amor eterno, único. [...] Essa é a minha história e a minha geração. Nós somos aqueles que viveram e sobreviveram a muitos ideais, aqueles que viram a falência das soluções libertadoras, aquelas que prometiam resolver o enigma da existência humana. Não estou me queixando. É melhor ter ideais, nem que seja para perdê-los e sair procurando outros".
Assim começa a introdução do filme Juventude do Domingos Oliveira (1). O filme é interessante; além disso, aprecio os filmes desse ator e diretor carioca, em pleno exercício da profissão e vocação, aos 75 anos de idade. Contudo, por agora não comentarei a respeito desse filme, apenas sobre sua bela introdução. Trata-se de alguém que sabe retratar um tanto da realidade.
Para além das decepções da vida, das mudanças de rumo, de crenças, de nostalgias, gostaria de propor que refletíssemos mais e melhor sobre a juventude. É claro que alguns irão alegar que a própria expressão “juventude” é um equívoco para quem deseja pensar a respeito, uma vez que mais legítimo e coerente seria dizer "juventudes", devido às várias “tribos” atuais, os diferentes contextos sociais e econômicos, e por aí vai. Entretanto, como se trata mais de uma provocação a fim de que esse tema seja aprofundado, ou simplesmente um convite para pensarmos de novo, além das limitações de tempo e espaço, tão somente compartilharei algumas leituras e considerações recentes.
O professor e editor londrino, Tony Judt, em seu último livro, disse algo que me chamou a atenção: "Por trinta anos meus alunos têm reclamado que ‘para você foi fácil’: sua geração tinha ideais e ideias, acreditava em alguma coisa e conseguiu mudar a situação. 'Nós' (os nascidos nas décadas de 1980, 1990 e 2000) não tivemos nada. [...] A última vez que um grupo de jovens expressou comparável desânimo pelo vazio de suas vidas e da frustrante falta de sentido do mundo foi nos anos 1920: não por acaso os historiadores falam de uma 'geração perdida'." (2)
Como caracterizamos, rotulamos, compreendemos e nos expressamos a respeito da juventude atual? Quais as queixas, os dilemas e inquietações que trazem? Quem tem ouvido realmente os jovens? Quem tem se ocupado de traduzi-los para outras gerações? Encontro, ouço e vejo com frequência pais, pastores, professores e chefes intrigados, enfurecidos, desnorteados, tentando entender como melhor tratá-los, como estimulá-los, como lidar de maneira respeitosa e encorajadora com "esses jovens de hoje".
É bom lembrar o que já dizia Henri Nouwen em 1979: "A geração futura está procurando desesperadamente uma visão, um ideal ao qual se dedicar – uma fé, se você preferir. Mas sua linguagem drástica é muitas vezes mal entendida e considerada mais uma ameaça ou convicção impertinente que um processo para caminhos alternativos de vida" (3).
Por esses dias também o jornalista Michael Kepp ponderou: "Os jovens de hoje não são aventureiros como no início dos anos 70. Era uma época em que os jovens faziam viagens sem destino, fossem psicodélicas ou quilométricas, para abrir as portas da percepção e da autodescoberta. Hoje, poucos jovens fazem essas odisseias. Uma economia global instável e mais competitiva acelerou as tentativas de entrar no mercado de trabalho. Muitos conhecem o terno e a gravata antes de conhecerem a si mesmos" (4).
Numa era de velocidade para qual os jovens têm sido cada vez mais empurrados, ou ao menos, tem aceitado, tal realidade lesou um processo necessário. As adaptações num cotidiano exigente têm sido feitas, ou tentadas. Nem sempre são bem-sucedidos, mas muitos são esforçados e perseverantes. O sentimento de aprovação ainda é algo forte nas mobilizações humanas. Porém, o processo de conhecerem melhor a si mesmos, suas dúvidas, sua fé ou a falta dela, tem sido encurtado. O tempo de reflexão parece diminuir, as demandas pressionam de todos os lados; então, decidem se dedicar ao que a maioria se dedica: o esboço de um projeto de sucesso individual. E por sucesso entende-se fama, dinheiro, poder e as decorrências disso, que a maioria considera apenas positivas.
Vivendo na sociedade do espetáculo é fácil observar nas redes digitais o que nossos jovens são capazes de postar a fim de obter alguns minutos de fama. Mas, mais do que isso, a maneira de se vestirem, e tudo mais o que consomem, e também o que falam e fazem apontam para o desejo narcísico de aparecerem o tempo todo, de alcançarem um espaço no mundo competitivo de imagens e velocidade. É bem verdade que outros, mais tímidos, conscientes, ou discretos, não se rendem facilmente às modas, buscam um estilo próprio, alternativo, mas pagam um preço por isso, e muitos desses acabam numa apatia profunda, embora ainda também discreta. A arena é cruel e a arquibancada é depressiva.
A chamada geração Y (composta por indivíduos que nasceram entre 1980 e 2000), segundo duas psicólogas com vasta experiência e acompanhamento de jovens no mercado de trabalho, são “pessoas que foram criadas com uma grande base de autoestima. A elas era dito que podiam ser e fazer o que quisessem, o que, por sua vez, gerou uma população consciente de seus pontos fortes”; por outro lado, “várias consequências significativas decorrentes do exagero de autoestima estão impactando o mercado de trabalho atual e frustrando gerentes do mundo inteiro” (5). Ou seja, se por um lado, esses jovens com autoestima alta costumam ser produtivos no trabalho e ter mais criatividade; de outro, alimentam expectativas pouco realistas, não aceitam feedback, culpam os outros por seus erros e tem dificuldade de ver as coisas em perspectiva. Claro, trata-se de uma generalização e um recorte; além de outra cultura, contudo, em tempos de globalização, tudo vai ficando muito parecido, e ouvir, prestar atenção, interagir tem sido um desafio constante.
A one-Hope, entidade americana voltada para a infância e juventude, elaborou um interessante estudo sobre o que pensam os adolescentes acerca da influência da religião em sua vida. A pesquisa envolveu 5 mil jovens com idades entre 13 e 18 anos: 62% consideram que a verdade “é relativa”; 59% consideram que a Bíblia tem “pouca ou nenhuma” influência sobre o que pensam e fazem; 57% acreditam que podem conquistar a vida eterna apenas sendo “boas pessoas” e realizando o bem ao próximo (6). Que implicações terão na sociedade gente com tal mentalidade? O que podemos fazer e aprender?
Há muito a refletir. Não acredito em receitas mágicas, em regrinhas que arrancam desconfortos. Formas sutis de ditaduras e seus resquícios não farão bem também a essa nova geração. Entretanto, gostaria de destacar a importância da comunidade. Vivemos tempos em que as famílias no geral encontram-se um tanto desestruturadas, algumas esfaceladas, ou simplesmente, como preferem outros, são “novas famílias” (com formações das mais ecléticas, com variadas e novas consequências, que ainda não vemos bem, entender então...). Parece que a referência e crivo acaba sendo o “eu”. “Eu quero”, “eu preciso”, “eu desejo”, e assim se constrói um estilo próprio tão parecido com os demais. Cada um buscando o que considera seu e o melhor para si. O conceito de comunidade e o desafio de fazer parte de algo maior vai ficando estranho para boa parte dos jovens. Não sejamos injustos, muito disso tudo somos todos nós e não apenas a atual juventude, mas, ao que tudo indica, há uma tendência de neles haver uma exacerbação disso, pois todo o contexto facilita e sugere.
Descobrir que há algo maior do que o "eu", que não precisamos ser escravos desse "eu", e que Cristo Jesus nos oferece a oportunidade e privilégio de participarmos de algo maior e com todo sentido, pode fazer toda a diferença para essa juventude. Lembro-me aqui das palavras do René Padilla: "O chamado do Senhor não é para a realização pessoal, a felicidade individual ou a mera satisfação de necessidades religiosas: é um chamado para unir-nos a ele no cumprimento do propósito de Deus para a vida humana, para a história e para a criação" (7). Assim, termos igrejas saudáveis que nos ajudem a conhecer mais de Deus e seu reino, e nos ajudem a crescer no compromisso com o Senhor da igreja e da história, pode ser fundamental para os jovens de hoje.
Notas
(1) "Juventude" – roteiro e direção de Domingos Oliveira. Com Paulo José, Aderbal Freire Filho e Domingos Oliveira. Produção: Teatro Iluste e Forte Filmes. 2008.
(2) JUDT, Tony. O Mal Ronda a Terra. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2011.
(3) NOUWEN, Henri. O Sofrimento que Cura. São Paulo, Editora Paulinas, 2001.
(4) Michael Kepp, Folha de S.Paulo, 03/05/2011
(5) LIPKIN, Nicole; PERRYMORE, April. A Geração Y no Trabalho. Rio de Janeiro, Elsevier, 2010.
(6) Revista Cristianismo Hoje – abril/maio de 2011.
(7) PADILLA, René C. O que é Missão Integral? Viçosa/MG, Ed. Ultimato, 2009.
___________
Tais Machado é psicóloga, leciona em vários seminários cristãos e dedica-se também a escrever como parte do ensino, cuidado com as pessoas e espiritualidade. Faz parte da rede Ultimatoonline de blogs. Esse texto foi publicado originalmente na página Novos Diálogos.
Assim começa a introdução do filme Juventude do Domingos Oliveira (1). O filme é interessante; além disso, aprecio os filmes desse ator e diretor carioca, em pleno exercício da profissão e vocação, aos 75 anos de idade. Contudo, por agora não comentarei a respeito desse filme, apenas sobre sua bela introdução. Trata-se de alguém que sabe retratar um tanto da realidade.
Para além das decepções da vida, das mudanças de rumo, de crenças, de nostalgias, gostaria de propor que refletíssemos mais e melhor sobre a juventude. É claro que alguns irão alegar que a própria expressão “juventude” é um equívoco para quem deseja pensar a respeito, uma vez que mais legítimo e coerente seria dizer "juventudes", devido às várias “tribos” atuais, os diferentes contextos sociais e econômicos, e por aí vai. Entretanto, como se trata mais de uma provocação a fim de que esse tema seja aprofundado, ou simplesmente um convite para pensarmos de novo, além das limitações de tempo e espaço, tão somente compartilharei algumas leituras e considerações recentes.
O professor e editor londrino, Tony Judt, em seu último livro, disse algo que me chamou a atenção: "Por trinta anos meus alunos têm reclamado que ‘para você foi fácil’: sua geração tinha ideais e ideias, acreditava em alguma coisa e conseguiu mudar a situação. 'Nós' (os nascidos nas décadas de 1980, 1990 e 2000) não tivemos nada. [...] A última vez que um grupo de jovens expressou comparável desânimo pelo vazio de suas vidas e da frustrante falta de sentido do mundo foi nos anos 1920: não por acaso os historiadores falam de uma 'geração perdida'." (2)
Como caracterizamos, rotulamos, compreendemos e nos expressamos a respeito da juventude atual? Quais as queixas, os dilemas e inquietações que trazem? Quem tem ouvido realmente os jovens? Quem tem se ocupado de traduzi-los para outras gerações? Encontro, ouço e vejo com frequência pais, pastores, professores e chefes intrigados, enfurecidos, desnorteados, tentando entender como melhor tratá-los, como estimulá-los, como lidar de maneira respeitosa e encorajadora com "esses jovens de hoje".
É bom lembrar o que já dizia Henri Nouwen em 1979: "A geração futura está procurando desesperadamente uma visão, um ideal ao qual se dedicar – uma fé, se você preferir. Mas sua linguagem drástica é muitas vezes mal entendida e considerada mais uma ameaça ou convicção impertinente que um processo para caminhos alternativos de vida" (3).
Por esses dias também o jornalista Michael Kepp ponderou: "Os jovens de hoje não são aventureiros como no início dos anos 70. Era uma época em que os jovens faziam viagens sem destino, fossem psicodélicas ou quilométricas, para abrir as portas da percepção e da autodescoberta. Hoje, poucos jovens fazem essas odisseias. Uma economia global instável e mais competitiva acelerou as tentativas de entrar no mercado de trabalho. Muitos conhecem o terno e a gravata antes de conhecerem a si mesmos" (4).
Numa era de velocidade para qual os jovens têm sido cada vez mais empurrados, ou ao menos, tem aceitado, tal realidade lesou um processo necessário. As adaptações num cotidiano exigente têm sido feitas, ou tentadas. Nem sempre são bem-sucedidos, mas muitos são esforçados e perseverantes. O sentimento de aprovação ainda é algo forte nas mobilizações humanas. Porém, o processo de conhecerem melhor a si mesmos, suas dúvidas, sua fé ou a falta dela, tem sido encurtado. O tempo de reflexão parece diminuir, as demandas pressionam de todos os lados; então, decidem se dedicar ao que a maioria se dedica: o esboço de um projeto de sucesso individual. E por sucesso entende-se fama, dinheiro, poder e as decorrências disso, que a maioria considera apenas positivas.
Vivendo na sociedade do espetáculo é fácil observar nas redes digitais o que nossos jovens são capazes de postar a fim de obter alguns minutos de fama. Mas, mais do que isso, a maneira de se vestirem, e tudo mais o que consomem, e também o que falam e fazem apontam para o desejo narcísico de aparecerem o tempo todo, de alcançarem um espaço no mundo competitivo de imagens e velocidade. É bem verdade que outros, mais tímidos, conscientes, ou discretos, não se rendem facilmente às modas, buscam um estilo próprio, alternativo, mas pagam um preço por isso, e muitos desses acabam numa apatia profunda, embora ainda também discreta. A arena é cruel e a arquibancada é depressiva.
A chamada geração Y (composta por indivíduos que nasceram entre 1980 e 2000), segundo duas psicólogas com vasta experiência e acompanhamento de jovens no mercado de trabalho, são “pessoas que foram criadas com uma grande base de autoestima. A elas era dito que podiam ser e fazer o que quisessem, o que, por sua vez, gerou uma população consciente de seus pontos fortes”; por outro lado, “várias consequências significativas decorrentes do exagero de autoestima estão impactando o mercado de trabalho atual e frustrando gerentes do mundo inteiro” (5). Ou seja, se por um lado, esses jovens com autoestima alta costumam ser produtivos no trabalho e ter mais criatividade; de outro, alimentam expectativas pouco realistas, não aceitam feedback, culpam os outros por seus erros e tem dificuldade de ver as coisas em perspectiva. Claro, trata-se de uma generalização e um recorte; além de outra cultura, contudo, em tempos de globalização, tudo vai ficando muito parecido, e ouvir, prestar atenção, interagir tem sido um desafio constante.
A one-Hope, entidade americana voltada para a infância e juventude, elaborou um interessante estudo sobre o que pensam os adolescentes acerca da influência da religião em sua vida. A pesquisa envolveu 5 mil jovens com idades entre 13 e 18 anos: 62% consideram que a verdade “é relativa”; 59% consideram que a Bíblia tem “pouca ou nenhuma” influência sobre o que pensam e fazem; 57% acreditam que podem conquistar a vida eterna apenas sendo “boas pessoas” e realizando o bem ao próximo (6). Que implicações terão na sociedade gente com tal mentalidade? O que podemos fazer e aprender?
Há muito a refletir. Não acredito em receitas mágicas, em regrinhas que arrancam desconfortos. Formas sutis de ditaduras e seus resquícios não farão bem também a essa nova geração. Entretanto, gostaria de destacar a importância da comunidade. Vivemos tempos em que as famílias no geral encontram-se um tanto desestruturadas, algumas esfaceladas, ou simplesmente, como preferem outros, são “novas famílias” (com formações das mais ecléticas, com variadas e novas consequências, que ainda não vemos bem, entender então...). Parece que a referência e crivo acaba sendo o “eu”. “Eu quero”, “eu preciso”, “eu desejo”, e assim se constrói um estilo próprio tão parecido com os demais. Cada um buscando o que considera seu e o melhor para si. O conceito de comunidade e o desafio de fazer parte de algo maior vai ficando estranho para boa parte dos jovens. Não sejamos injustos, muito disso tudo somos todos nós e não apenas a atual juventude, mas, ao que tudo indica, há uma tendência de neles haver uma exacerbação disso, pois todo o contexto facilita e sugere.
Descobrir que há algo maior do que o "eu", que não precisamos ser escravos desse "eu", e que Cristo Jesus nos oferece a oportunidade e privilégio de participarmos de algo maior e com todo sentido, pode fazer toda a diferença para essa juventude. Lembro-me aqui das palavras do René Padilla: "O chamado do Senhor não é para a realização pessoal, a felicidade individual ou a mera satisfação de necessidades religiosas: é um chamado para unir-nos a ele no cumprimento do propósito de Deus para a vida humana, para a história e para a criação" (7). Assim, termos igrejas saudáveis que nos ajudem a conhecer mais de Deus e seu reino, e nos ajudem a crescer no compromisso com o Senhor da igreja e da história, pode ser fundamental para os jovens de hoje.
Notas
(1) "Juventude" – roteiro e direção de Domingos Oliveira. Com Paulo José, Aderbal Freire Filho e Domingos Oliveira. Produção: Teatro Iluste e Forte Filmes. 2008.
(2) JUDT, Tony. O Mal Ronda a Terra. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2011.
(3) NOUWEN, Henri. O Sofrimento que Cura. São Paulo, Editora Paulinas, 2001.
(4) Michael Kepp, Folha de S.Paulo, 03/05/2011
(5) LIPKIN, Nicole; PERRYMORE, April. A Geração Y no Trabalho. Rio de Janeiro, Elsevier, 2010.
(6) Revista Cristianismo Hoje – abril/maio de 2011.
(7) PADILLA, René C. O que é Missão Integral? Viçosa/MG, Ed. Ultimato, 2009.
___________
Tais Machado é psicóloga, leciona em vários seminários cristãos e dedica-se também a escrever como parte do ensino, cuidado com as pessoas e espiritualidade. Faz parte da rede Ultimatoonline de blogs. Esse texto foi publicado originalmente na página Novos Diálogos.
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