Opinião
- 15 de janeiro de 2007
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Geração de órfãos
Uéslei Fatareli
Vivemos num tempo de “gente sem”. Os sem-terra, os sem-teto, os sem-pão e, entre outros, os sem-pais.
O descaso e a indiferença têm dominado a mentalidade daqueles que julgam que o amor é um fim em si mesmo e não um caminho que exige desprendimento, perseverança, renúncia, responsabilidade, devoção, atenção, ternura, compaixão, boa vontade, sacrifício, doação, paciência, fidelidade e compromisso.
Nesse sentido, milhares de filhos têm sido vítimas de um modelo social que banalizou o casamento em nome da felicidade autônoma, um modelo que, por sinal, ao invés de construir, trabalha na desconstrução dos alicerces do desenvolvimento humano natural e equilibrado. Com isso, assistimos o aumento vertiginoso de crianças que estão distantes dos referenciais de paternidade e maternidade. Essa geração de órfãos está espalhada pelo mundo e bem perto de nós. Convém salientar, todavia, que essa orfandade não está restrita aos filhos que foram abandonados em razão da morte ou desaparecimento dos pais. Ela também está relacionada àqueles que, mesmo vendo a presença física de seus pais, não desfrutam do aconchego e do afeto dos mesmos.
Essa geração já tem manifestado uma identidade própria, ou melhor, imprópria para menores e maiores, seja qual for o lugar do planeta em que ela se apresente. Ela traz consigo o retrato de um padrão sócio-familiar que jogou no lixo não só o álbum de casamento, mas o fruto dele, um fruto que Deus nunca proibiu de existir. E, uma parte da sociedade hodierna, ainda que não se dê conta, ao contrário do Criador Eterno, está contribuindo para que o fruto da relação conjugal não tenha o direito de viver na sua plenitude a vida familiar integral. E não nos enganemos, todos os filhos que têm este direito omitido, possivelmente serão objetos das mais absurdas injustiças em seu crescimento.
Uma pergunta que nos surge em relação a esse quadro já apresentado é: Será que a atual violência desenfreada e implacável já não é também um fruto produzido por esta semeadura inconseqüente que não se responsabiliza pelos filhos, mas abandona-os ao destino da “sorte”?
Costuma-se dizer que errar é humano. É claro que todo homem possui limitações e está longe de fazer tudo com perfeição. Entretanto, o erro maior é quando deixamos de ser humanos. Quando isso acontece, muitos filhos deixam de ser gente e passam a ser monstros que, em certos casos, são trancafiados em jaulas de segurança máxima, em nome da harmonia e da paz social. Alguém já cantou: “Que país é este?” Em sua maior parte, é o que nós mesmos geramos. Não obstante, ainda é possível cuidar bem de nós mesmos, cuidando bem uns dos outros. Ainda é possível fazer opção pelo órfão. Aliás, um país que não abandona seus filhos forma cidadãos que não deixam o país no abandono e nem o transformam num tipo de inferno, mas numa espécie de paraíso.
Uéslei Fatareli é mestrando em ciências da religião na Universidade Mackenzie, compositor, pastor da Igreja Presbiteriana de Itatiba, SP.
— Participe do Fórum Qual o futuro do casamento? e leia um texto do Rev. Valdir Steuernagel sobre os sem-casa.
Vivemos num tempo de “gente sem”. Os sem-terra, os sem-teto, os sem-pão e, entre outros, os sem-pais.
O descaso e a indiferença têm dominado a mentalidade daqueles que julgam que o amor é um fim em si mesmo e não um caminho que exige desprendimento, perseverança, renúncia, responsabilidade, devoção, atenção, ternura, compaixão, boa vontade, sacrifício, doação, paciência, fidelidade e compromisso.
Nesse sentido, milhares de filhos têm sido vítimas de um modelo social que banalizou o casamento em nome da felicidade autônoma, um modelo que, por sinal, ao invés de construir, trabalha na desconstrução dos alicerces do desenvolvimento humano natural e equilibrado. Com isso, assistimos o aumento vertiginoso de crianças que estão distantes dos referenciais de paternidade e maternidade. Essa geração de órfãos está espalhada pelo mundo e bem perto de nós. Convém salientar, todavia, que essa orfandade não está restrita aos filhos que foram abandonados em razão da morte ou desaparecimento dos pais. Ela também está relacionada àqueles que, mesmo vendo a presença física de seus pais, não desfrutam do aconchego e do afeto dos mesmos.
Essa geração já tem manifestado uma identidade própria, ou melhor, imprópria para menores e maiores, seja qual for o lugar do planeta em que ela se apresente. Ela traz consigo o retrato de um padrão sócio-familiar que jogou no lixo não só o álbum de casamento, mas o fruto dele, um fruto que Deus nunca proibiu de existir. E, uma parte da sociedade hodierna, ainda que não se dê conta, ao contrário do Criador Eterno, está contribuindo para que o fruto da relação conjugal não tenha o direito de viver na sua plenitude a vida familiar integral. E não nos enganemos, todos os filhos que têm este direito omitido, possivelmente serão objetos das mais absurdas injustiças em seu crescimento.
Uma pergunta que nos surge em relação a esse quadro já apresentado é: Será que a atual violência desenfreada e implacável já não é também um fruto produzido por esta semeadura inconseqüente que não se responsabiliza pelos filhos, mas abandona-os ao destino da “sorte”?
Costuma-se dizer que errar é humano. É claro que todo homem possui limitações e está longe de fazer tudo com perfeição. Entretanto, o erro maior é quando deixamos de ser humanos. Quando isso acontece, muitos filhos deixam de ser gente e passam a ser monstros que, em certos casos, são trancafiados em jaulas de segurança máxima, em nome da harmonia e da paz social. Alguém já cantou: “Que país é este?” Em sua maior parte, é o que nós mesmos geramos. Não obstante, ainda é possível cuidar bem de nós mesmos, cuidando bem uns dos outros. Ainda é possível fazer opção pelo órfão. Aliás, um país que não abandona seus filhos forma cidadãos que não deixam o país no abandono e nem o transformam num tipo de inferno, mas numa espécie de paraíso.
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