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- 20 de setembro de 2023
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Filhos por adoção – o aprendizado de “um dia de cada vez”
Por Renata Schuwartz
Um Dia de Cada Vez
“Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade” (Ef 1.5).
Somos um casal cristão e temos uma filha adolescente em processo de adoção. Temos ainda outros que amamos como filhos, pessoas que possuem um lugar especial na nossa família. Assim como Deus nos amou e nos adotou, tivemos o privilégio de também termos filhos por adoção. Depois de oito anos na fila da adoção, o telefone tocou: -Vocês querem conhecer duas irmãs dentro do perfil de vocês?” (Até 5 anos, independente do sexo, raça, até dois irmãos). E, passados vinte dias da ligação, aqui estão elas para alegrar nossa família.
Após quase um mês de convívio e adaptação, escrevi os textos a seguir, como quem abre o coração, em homenagem às nossas meninas.
“Acende a luz?”
Ah, Maria... Quando você diz isso, minha vontade é falar: “Não está tão escuro, não seja medrosa!”. Mas... O que minha pequena Maria deve ter passado no escuro, longe da luz? Sem a claridade de uma lâmpada, mas também sem conhecer a luz de Jesus? Como esses pezinhos que cabem em minhas mãos, conseguiram caminhar tanto tempo no escuro?
Desobediente?
É sim, por quê?
Vou defendê-la, sim Está sendo educada, corrigida, acompanhada por profissionais que ajudarão no desenvolvimento do comportamento “esperado”. Às vezes não vai cumprimentar, fará pirraça, mas, em breve, vai se adaptar. Pedimos a Deus paciência, pois não é fácil. Mas reclamar de mau comportamento de alguém que você não sabe o que passou? “Pera lá”! São 4 anos... Rua, frio, fome, falta de amor, medo de pessoas, do que podia lhe acontecer. Ah, e ainda ter que ser a superprotetora da Bela. Sim, mais mãe que a genitora! Chega a ser grudenta, agora que está aprendendo a ser criança, deixando para nós, os pais, o dever de cuidar.
Estamos aqui Maria! Vou parar tudo e acender a luz para você quantas vezes precisar, até que o medo vá embora e entenda que Papai do céu está cuidando de você no claro e no escuro, até que compreenda que Ele é a luz que vai guiar seus caminhos para sempre. Sua família está aqui, ou como você diz: “Você é minha mãe nova, minha mãe boa, né?”. Sim meu amor, sou eu, (brava às vezes), mas com um amor que transborda. Você tem a risada mais gostosa do mundo! Amo-te!
Dedicado à Maria, em 17 de junho de 2023.
A mão
Esse é o termo que mais me chama atenção na nossa Belinha. Quando vai dormir ou fazer algo em que se sente insegura, olha nos olhos e diz: "A mão". Como um pedido de ajuda, nos mostra que precisa se sentir segura. E, com um simples toque, se acalma...Confesso que o amor não cabe em mim.
Ouvir falar “mamãe”, chamar por quase todos da família e falar tantas palavrinhas tendo apenas dois anos é tão gratificante! Dona de uma inteligência ímpar, uma beleza encantadora, um sorriso largo e uma alegria contagiante! Como não se emocionar com cada conquista?
Cansados? Sim, estamos. Talvez exaustos!
A vida virou de cabeça pra baixo, duas crianças dependentes de nós, além do suporte que nossa adolescente “grandona” precisa, mudança na rotina em todos os sentidos: horários, trabalhos, finanças. A adaptação então, nem se fala! Depois de quase um ano em um acolhimento, recuperando-se de uma sequência de maus tratos, a rotina das meninas agora é completamente diferente.
Nós precisamos ser compreensivos, precisamos de auxílio: físico, psicológico, espiritual... É tanto papel, tanta comprovação dos cuidados. Às vezes é difícil não se estressar com as peraltices e a barulhada, mas cremos totalmente que esse foi um plano de Deus para nós e para elas, e que Ele irá suprir nossas necessidades, sendo parceiros enquanto pais e irmã, e os demais que também nos dão suporte.
Emagrecer não é problema. Dormir menos é chato, sim. Ficar com o braço doendo por dar colo, o remédio resolve. Mas o amor, que de modo geral falam que foi nosso para com elas pela adoção (como se fosse caridade), é exatamente ao contrário: nós nos sentimos amados por essas princesas que viveram tantas coisas ruins.
Cremos que Deus está escrevendo uma nova história, e com paciência iremos todos juntos superar as dificuldades e ter um testemunho lindo das maravilhas que Deus faz para contar.
Cada dia é um milagre, uma provisão, aprendendo a colocar em prática, um dia de cada vez, pois "basta a cada dia o seu mal".
Dedicado à Belinha, em 17 de junho de 2023.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Pais Santos, Filhos Nem Tanto - A trajetória de um pai segundo o coração de Deus, Carlos “Catito” Grzybowski
» Minha Família Pode Ser Feliz, Cleydemir de Oliveira Santos
» Adoção – uma missão para a igreja – live de Diálogos de Esperança
» Não há nada de feio na adoção
Um Dia de Cada Vez
“Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade” (Ef 1.5).
Somos um casal cristão e temos uma filha adolescente em processo de adoção. Temos ainda outros que amamos como filhos, pessoas que possuem um lugar especial na nossa família. Assim como Deus nos amou e nos adotou, tivemos o privilégio de também termos filhos por adoção. Depois de oito anos na fila da adoção, o telefone tocou: -Vocês querem conhecer duas irmãs dentro do perfil de vocês?” (Até 5 anos, independente do sexo, raça, até dois irmãos). E, passados vinte dias da ligação, aqui estão elas para alegrar nossa família.
Após quase um mês de convívio e adaptação, escrevi os textos a seguir, como quem abre o coração, em homenagem às nossas meninas.
“Acende a luz?”
Ah, Maria... Quando você diz isso, minha vontade é falar: “Não está tão escuro, não seja medrosa!”. Mas... O que minha pequena Maria deve ter passado no escuro, longe da luz? Sem a claridade de uma lâmpada, mas também sem conhecer a luz de Jesus? Como esses pezinhos que cabem em minhas mãos, conseguiram caminhar tanto tempo no escuro?
Desobediente?
É sim, por quê?
Vou defendê-la, sim Está sendo educada, corrigida, acompanhada por profissionais que ajudarão no desenvolvimento do comportamento “esperado”. Às vezes não vai cumprimentar, fará pirraça, mas, em breve, vai se adaptar. Pedimos a Deus paciência, pois não é fácil. Mas reclamar de mau comportamento de alguém que você não sabe o que passou? “Pera lá”! São 4 anos... Rua, frio, fome, falta de amor, medo de pessoas, do que podia lhe acontecer. Ah, e ainda ter que ser a superprotetora da Bela. Sim, mais mãe que a genitora! Chega a ser grudenta, agora que está aprendendo a ser criança, deixando para nós, os pais, o dever de cuidar.
Estamos aqui Maria! Vou parar tudo e acender a luz para você quantas vezes precisar, até que o medo vá embora e entenda que Papai do céu está cuidando de você no claro e no escuro, até que compreenda que Ele é a luz que vai guiar seus caminhos para sempre. Sua família está aqui, ou como você diz: “Você é minha mãe nova, minha mãe boa, né?”. Sim meu amor, sou eu, (brava às vezes), mas com um amor que transborda. Você tem a risada mais gostosa do mundo! Amo-te!
Dedicado à Maria, em 17 de junho de 2023.
A mão
Esse é o termo que mais me chama atenção na nossa Belinha. Quando vai dormir ou fazer algo em que se sente insegura, olha nos olhos e diz: "A mão". Como um pedido de ajuda, nos mostra que precisa se sentir segura. E, com um simples toque, se acalma...Confesso que o amor não cabe em mim.
Ouvir falar “mamãe”, chamar por quase todos da família e falar tantas palavrinhas tendo apenas dois anos é tão gratificante! Dona de uma inteligência ímpar, uma beleza encantadora, um sorriso largo e uma alegria contagiante! Como não se emocionar com cada conquista?
Cansados? Sim, estamos. Talvez exaustos!
A vida virou de cabeça pra baixo, duas crianças dependentes de nós, além do suporte que nossa adolescente “grandona” precisa, mudança na rotina em todos os sentidos: horários, trabalhos, finanças. A adaptação então, nem se fala! Depois de quase um ano em um acolhimento, recuperando-se de uma sequência de maus tratos, a rotina das meninas agora é completamente diferente.
Nós precisamos ser compreensivos, precisamos de auxílio: físico, psicológico, espiritual... É tanto papel, tanta comprovação dos cuidados. Às vezes é difícil não se estressar com as peraltices e a barulhada, mas cremos totalmente que esse foi um plano de Deus para nós e para elas, e que Ele irá suprir nossas necessidades, sendo parceiros enquanto pais e irmã, e os demais que também nos dão suporte.
Emagrecer não é problema. Dormir menos é chato, sim. Ficar com o braço doendo por dar colo, o remédio resolve. Mas o amor, que de modo geral falam que foi nosso para com elas pela adoção (como se fosse caridade), é exatamente ao contrário: nós nos sentimos amados por essas princesas que viveram tantas coisas ruins.
Cremos que Deus está escrevendo uma nova história, e com paciência iremos todos juntos superar as dificuldades e ter um testemunho lindo das maravilhas que Deus faz para contar.
Cada dia é um milagre, uma provisão, aprendendo a colocar em prática, um dia de cada vez, pois "basta a cada dia o seu mal".
Dedicado à Belinha, em 17 de junho de 2023.
- Renata Schuwartz, 39 anos, casada, licenciada em música pelo Instituto Federal Fluminense e pós-graduada em musicoterapia. Na sua igreja, IBCI, atua como regente, pianista, tecladista, e há 15 anos fundou o curso de música da mesma, na qual foi diretora e professora nas áreas de piano, teclado, teoria e musicalização infantil.
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É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Pais Santos, Filhos Nem Tanto - A trajetória de um pai segundo o coração de Deus, Carlos “Catito” Grzybowski
» Minha Família Pode Ser Feliz, Cleydemir de Oliveira Santos
» Adoção – uma missão para a igreja – live de Diálogos de Esperança
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