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Opinião

Filantropia como missão

Conheça os novos modelos de filantropia estratégica que podem reinventar o futuro de missões globais

Por Paulo Humaitá

Uma visão bíblica de generosidade
(2Co 8, 2Co 9.6-15, At 11.27-28, At 20.35)

Biblicamente, a generosidade é uma expressão da graça de Deus. O favor da vida de Jesus dada por Deus, sem o nosso merecimento, é fruto de generosidade. Assim, ter a oportunidade de usar os recursos que o próprio Deus colocou nas nossas mãos para assistir pessoas que o próprio Deus quer assistir, é sermos cooperadores na missão de Deus. A generosidade é uma expressão da verdadeira conversão. Podemos afirmar que não tem como encontrar Jesus e não ter um coração generoso e alegria em doar.

“Mais bem-aventurado é dar que receber.” (At 20.35b)

Portanto, generosidade é um assunto que deve estar nas nossas conversas, filantropia é algo que todo cristão deveria se envolver. Há uma diferença entre “o quanto de dinheiro eu doei” e o “quanto meu coração e vida estão envolvidos nas causas eternas”. Curiosamente, temos a tendência de esperar os últimos anos da nossa vida para aprofundar neste assunto, mas me parece razoável que o tema da generosidade seja um tema transgeracional.

Cenário da filantropia brasileira
O Brasil está entre os países com maior número de cristãos do mundo, além de figurar de forma sólida entre as dez maiores economias. Entretanto, estamos na 89ª posição do World Giving Index com 142 países, o que inclui indicadores de doação financeira, doação de tempo e ajudar estranhos. Se você conversar com pessoas experientes que atuam na filantropia brasileira, a primeira coisa que elas vão dizer é que não temos uma cultura filantrópica estabelecida no Brasil. Leia a primeira frase deste parágrafo novamente. A conta fecha pra você?

No Brasil somos muito bons em filantropia de emergências, como o que infelizmente aconteceu em 2024 no Rio Grande do Sul. A comoção nacional mobilizou muitos voluntários, recursos financeiros e ajuda para pessoas que nunca conhecemos. Porém, falta no nosso país uma filantropia estratégica. Um exemplo disso é que foi apenas em 2017 que a filantropia brasileira começou a compreender o impacto social e econômico do empreendedorismo. Atualmente, já temos casos pioneiros de organizações do terceiro setor desenvolvendo programas de geração de renda, visando uma solução definitiva para alguns dos problemas sociais.

Recentemente, li o livro Generosidade Disruptiva, de Mac Pier que será publicado em português no último trimestre de 2024. As 31 histórias contadas em Generosidade Disruptiva são provas de uma teologia de generosidade aplicada, constituem uma demonstração apologética do que cristãos podem fazer com os recursos financeiros que estão sob a sua confiança. Dos 31 capítulos, 61% dos casos são de norte-americanos, o que é justo pois o Mac Pier possui muitas conexões na sua terra natal. Também temos 32% de capítulos que contam histórias de generosidade disruptiva de cristãos a partir do sul global, infelizmente nenhum brasileiro. Mas e se escrevêssemos um livro de 31 novas histórias de generosidade disruptiva só com cristãos do Brasil?

É visível que nos Estados Unidos, quando uma pessoa consegue independência financeira, existe uma gratidão, um sentimento de dívida por todas as pessoas, amigos, universidade e diversas organizações que, sem elas, a pessoa não chegaria onde chegou. Essa gratidão é tão forte que transforma uma cultura individualista em um desejo de ‘give back’, uma vontade de retornar para a sociedade. No Brasil, mesmo diante de uma cultura mais coletiva, quando uma pessoa chega no nível de independência financeira, talvez um sentimento comum seja algo como “eu tinha tudo para dar errado. Eu consegui, apesar do meu país”.

É curioso que a maioria dos filantropos globais não olha para o Brasil, pois eles acreditam que o Brasil já possui recursos suficientes para resolver seus próprios problemas sociais, e então dedicam sua atenção para projetos na África e Ásia. No Brasil, nós temos os talentos, temos os recursos, mas suspeito que ainda falta em nós a visão de uma generosidade estratégica.

Venture Philanthropy como uma filantropia estratégica
Se de um lado tem crescido uma abordagem mais empreendedora de líderes no terceiro setor, inclusive hoje são chamados de empreendedores sociais, com a introdução de Teoria de Mudança e mensuração de impacto, por outro, a filantropia global também tem se reinventado ao implementar uma lógica de investidor, ou seja, investidores sociais.

Para o doador, o retorno não é financeiro como em um investimento privado, mas existe o retorno esperado em algum tipo de impacto. Confira alguns exemplos no quadro abaixo.

Tipo de impacto

Exemplos de mensuração de impacto

Educacional

Número de pessoas treinadas
Percentual de pessoas qualificadas x pessoas não qualificadas após 1 ano da intervenção (%)

Social

Número de pessoas ou famílias assistidas
Número de empregos gerados

Econômico

Renda gerada para as famílias (R$)
Vendas adicionais na comunidade (R$)

Evangelístico

Número de iniciativas de evangelismo
Número de pessoas impactadas


Portanto, uma doação diligente envolve ter certeza de que o impacto esperado foi realizado a partir de uma doação e, caso contrário, quais foram os aprendizados tanto para a organização social como para quem doa.

Doadores podem aprender muito com investidores de negócios. Afinal, por que precisamos ser nada ou pouco estratégicos na hora de doar? Ao aplicar essa lógica do setor de investimentos em negócios (Venture Capital), filantropos tendem a maximizar o impacto a cada Real doado. A nova abordagem traz implicações e reflexões profundas para quem doa de forma séria, como por exemplo:

● De acordo com o que acreditamos como impacto e paixões da nossa família, estamos apoiando os projetos corretos? Quais novos projetos poderiam entrar no nosso portfólio de impacto?
● Quanto aos desafios que nos movem a doar como família, o que tem acontecido no mundo que podemos nos inspirar e colaborar com os projetos que apoiamos nesta área?
● Do meu portfólio de doação, quanto as organizações sociais estão gerando de impacto social por Real doado? (individual e da carteira)
● As organizações que apoio estão crescendo o impacto ao longo do tempo? Elas estão, ao longo do tempo, sendo efetivas no impacto desejado?
● Qual é o custo de oportunidade das doações que faço frente a outras soluções alternativas e mais inovadoras que se propõe a resolver os mesmos desafios?
● Como posso ajudar mais os projetos apoiados além do recurso financeiro? Exemplos: conexões para novos doadores, mentorias em desafios específicos da organização, participação em reuniões do Conselho/Assembleia Geral, entre outros.



Venture Philanthropy é sobre boa mordomia e diligência
O terceiro setor já sabe que não vai resolver nada sozinho. Por isso, uma participação mais ativa dos doadores privados (pessoas ou empresas) além de doar o recurso financeiro, o que em Venture Capital chamamos de “smart money”, também faz parte do modelo de Venture Philanthropy. Portanto, podemos compreender que Venture Philanthropy não é apenas quanto às características do capital filantrópico empregado, mas também sobre um envolvimento ativo e estratégico de quem o faz. O doador que faz uso de Venture Philanthropy é a combinação de um doador generoso e um investidor astuto, colaborando para que a organização social maximize seu impacto. Através de Venture Philanthropy é possível que o recurso filantrópico investido retorne em desenvolvimento socioeconômico para a comunidade e país.

O Venture Philanthropy não é a única tendência que quem investe e doa como missão precisa se inteirar. Modelos como Capital Catalítico (doação ou investimento paciente que aceita um risco desproporcional com a finalidade de acelerar uma transformação específica de impacto positivo, geralmente aplicado a projetos inovadores de alto risco e comunidades com alta vulnerabilidade) e Blended Finance (combinação de financiamento de projetos entre capital privado com expectativa de retorno financeiro e capital filantrópico catalítico com expectativa de retorno de impacto não financeiro) estão sendo muito desenvolvidos na América Latina. Organizações brasileiras de muito prestígio na área da saúde (Hospital Albert Einstein e Sírio Libanês), educação (Instituto Presbiteriano Mackenzie) e empreendedorismo (Porto Digital e Endeavor Brasil) são organizações sociais do terceiro setor e já tem feito uso de mecanismos sofisticados como Venture Philanthropy e Blended Finance, inclusive gerando receitas através de prestação de serviços além de receber doações de mantenedores.

Casos de Venture Philanthropy no Brasil e América Latina
A migração da filantropia tradicional para Venture Philanthropy já tem acontecido no Brasil e na nossa região. Na Colômbia, a Fundación Corona tem como missão desenvolver modelos inovadores para resolver problemas sociais complexos. Em uma das suas iniciativas, a Fundación Corona colabora com projetos de educação em regiões de alta vulnerabilidade social para melhorar seus indicadores educacionais. A fundação está no projeto com visão de longo prazo e ajudando, além de um capital paciente em doações, ao oferecer suporte estratégico, capacitações e mentorias para as organizações que apoia. No Brasil, além de outros casos citados acima, a Bluefields tem desenvolvido a comunidade chamada de Amigos da Bluefields, com a filosofia integrada de Venture Philanthropy. Atualmente, são mais de 50 mantenedores que, além do apoio financeiro, maximizam o impacto da organização ao colaborar com mentorias, apoio estratégico e suporte consultivo. Através da Bluefields, desde 2017, já são mais de 250 negócios inovadores apoiados, que hoje geram mais de R$ 220 milhões em produtos e serviços, e já criaram 1.079 novos postos de trabalho, sendo que a cada R$1 captado pela Bluefields representa R$12 de geração de renda para as famílias brasileiras, além de histórias de transformação de impacto ético contracultural nos negócios e evangelístico. A visão de Venture Philanthropy é sempre uma visão de longo prazo, de caminhar junto em uma comunidade de suporte, sempre culminando em catalisar resultados práticos de impacto. Venture Philanthropy é um estilo de filantropia onde o doador se compromete com o resultado do impacto desejado, indo além da terceirização do impacto, mas se envolvendo na causa. Se você já apoia projetos financeiramente, o que acha de escolher um ou dois deles para um novo nível de engajamento por meio de Venture Philanthropy?

Um chamado para uma atitude estratégica na sua filantropia
Se você entende que ser um doador é uma parte importante do seu propósito de vida, considere um caminho através de uma compreensão bíblica de generosidade e Venture Philanthropy. O Brasil e o mundo precisam de pessoas comprometidas com uma filantropia mais estratégica, incluindo indivíduos, famílias, fundos de investimento e family offices.

Deseja se aprofundar em filantropia estratégica?
Acesse aqui e confira uma Master Class exclusiva e gratuita com especialistas em Filantropia Estratégica e Venture Philanthropy do Brasil e do mundo.

Sobre a Bluefields
A Bluefields é um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) que começou em uma salinha na Igreja Presbiteriana de Pinheiros em São Paulo com o propósito de acelerar inovações para a eternidade. Multipremiada entre as principais aceleradoras de startups e hubs de inovação do Brasil, a Bluefields impulsiona comunidades de empreendedores e inovadores engajados em serem missionários que transformam o mercado de hoje e do futuro. @bluefields_aceleradora 

Saiba mais: 
» Social, filantrópico e missional: conheça o futuro do empreendedorismo no Brasil – parte 1

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