Opinião
- 01 de dezembro de 2023
- Visualizações: 2010
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Festival de inverno - uma influência reconfortante, um unguento mental
Por Marleen Hengelaar-Rookmaaker
Durante os últimos anos de sua vida, Matisse (1869-1954) trabalhava apenas assentado devido a uma cirurgia. Estes também foram os anos de criação dos seus recortes de guache. Ele recortava em diferentes formas folhas de papel pintado e depois as colava sobre papel branco para formar composições equilibradas e dinâmicas. Nuit de Noel (Véspera Natalina) é um desses recortes, a partir do qual posteriormente foram feitas muitas litografias. Estas demonstram bem o que Matisse queria representar nas suas obras: cor, luz, padrões decorativos e composições harmoniosas. A simetria é impressionante: no canto superior direito e esquerdo há duas estrelas, abaixo destas, à direita e à esquerda, duas estrelas pretas e duas estruturas brancas, no meio, uma estrela preta maior, e acima e abaixo desta novamente duas estrelas brancas. Tudo isso junto forma a decoração daquela grande estrela amarela que irrompe no centro superior. Você também pode começar a observar o trabalho pela parte inferior. Um pedestal azul sobe pelo eixo da folha, passando pelas estrelas centrais até a estrela amarela no topo, da qual irrompem, como uma fonte, estrelas dançantes que, depois, convertem-se em flocos de neve gigantes e, ainda mais abaixo, em fios semelhantes a confetes. Um verdadeiro festival de inverno de cor, neve e luz.
Matisse foi um artista que queria mostrar o valor do ser humano e a beleza da vida a partir de um ponto de vista humanístico. Ele disse, “Eu me esforço para criar uma arte de equilíbrio e pureza. Uma arte que não causa inquietação ou confusão. Gostaria que as pessoas que estão cansadas, tensas, quebrantadas, encontrassem descanso e paz nas minhas pinturas”. Matisse queria que o seu trabalho fosse “uma influência reconfortante, um unguento mental –algo como uma boa poltrona." Para isso, passou, ao fim de sua vida, a focar em obras de arte cada vez mais abstratas, embora ainda usasse de formas concretas reconhecíveis, permitindo, assim, que a obra ainda engajasse com a realidade vista ao nosso redor.
A obra Véspera Natalina foi inicialmente elaborada para formar um vitral, por isso tem formato de janela e linhas horizontais pretas. Até onde eu sei, o vitral nunca foi feito. Todavia, talvez você conheça aquela outra bela janela de Matisse chamada Árvore da Vida, presente na Capela do Rosário em Vencé, perto de Nice, na França. Essa capela foi inteiramente projetada por Matisse e hoje é considerada uma de suas obras mais importantes. O fato de lhe ter sido atribuída esta tarefa, apesar de não-cristão, estava totalmente de acordo com as ideias do movimento Arte Sacra, que ganhou destaque em meados do século passado. Esse movimento foi uma tentativa de implementar uma melhor arte visual nas igrejas ao envolver os melhores artistas, muitas vezes não-crentes, com alguns resultados maravilhosos.
A forma da janela confere ao trabalho de Matisse uma qualidade sagrada. Assim, ela aponta para algo maior do que a festividade e a alegria do inverno. A estrela nos mostra o caminho para a única luz real capaz de invadir nossa escuridão e nosso inverno e banhá-los com um brilho transcendente. A estrela nos mostra o caminho para o menino Jesus. Luz que se renova toda vez que nos encontramos na escuridão.
Traduzido por Maria Clara Martino, bióloga, teóloga e tradutora.
Imagem: Matisse, Nuit de Noel, 1952, litho.
Saiba mais:
» Um Ano com Jesus - Leituras e meditações diárias, Eugene Peterson
» A Pessoa Mais Importante do Mundo, Elben César
» Século I - O Resgate, Cayo César M. Santos
Durante os últimos anos de sua vida, Matisse (1869-1954) trabalhava apenas assentado devido a uma cirurgia. Estes também foram os anos de criação dos seus recortes de guache. Ele recortava em diferentes formas folhas de papel pintado e depois as colava sobre papel branco para formar composições equilibradas e dinâmicas. Nuit de Noel (Véspera Natalina) é um desses recortes, a partir do qual posteriormente foram feitas muitas litografias. Estas demonstram bem o que Matisse queria representar nas suas obras: cor, luz, padrões decorativos e composições harmoniosas. A simetria é impressionante: no canto superior direito e esquerdo há duas estrelas, abaixo destas, à direita e à esquerda, duas estrelas pretas e duas estruturas brancas, no meio, uma estrela preta maior, e acima e abaixo desta novamente duas estrelas brancas. Tudo isso junto forma a decoração daquela grande estrela amarela que irrompe no centro superior. Você também pode começar a observar o trabalho pela parte inferior. Um pedestal azul sobe pelo eixo da folha, passando pelas estrelas centrais até a estrela amarela no topo, da qual irrompem, como uma fonte, estrelas dançantes que, depois, convertem-se em flocos de neve gigantes e, ainda mais abaixo, em fios semelhantes a confetes. Um verdadeiro festival de inverno de cor, neve e luz.
Matisse foi um artista que queria mostrar o valor do ser humano e a beleza da vida a partir de um ponto de vista humanístico. Ele disse, “Eu me esforço para criar uma arte de equilíbrio e pureza. Uma arte que não causa inquietação ou confusão. Gostaria que as pessoas que estão cansadas, tensas, quebrantadas, encontrassem descanso e paz nas minhas pinturas”. Matisse queria que o seu trabalho fosse “uma influência reconfortante, um unguento mental –algo como uma boa poltrona." Para isso, passou, ao fim de sua vida, a focar em obras de arte cada vez mais abstratas, embora ainda usasse de formas concretas reconhecíveis, permitindo, assim, que a obra ainda engajasse com a realidade vista ao nosso redor.
A obra Véspera Natalina foi inicialmente elaborada para formar um vitral, por isso tem formato de janela e linhas horizontais pretas. Até onde eu sei, o vitral nunca foi feito. Todavia, talvez você conheça aquela outra bela janela de Matisse chamada Árvore da Vida, presente na Capela do Rosário em Vencé, perto de Nice, na França. Essa capela foi inteiramente projetada por Matisse e hoje é considerada uma de suas obras mais importantes. O fato de lhe ter sido atribuída esta tarefa, apesar de não-cristão, estava totalmente de acordo com as ideias do movimento Arte Sacra, que ganhou destaque em meados do século passado. Esse movimento foi uma tentativa de implementar uma melhor arte visual nas igrejas ao envolver os melhores artistas, muitas vezes não-crentes, com alguns resultados maravilhosos.
A forma da janela confere ao trabalho de Matisse uma qualidade sagrada. Assim, ela aponta para algo maior do que a festividade e a alegria do inverno. A estrela nos mostra o caminho para a única luz real capaz de invadir nossa escuridão e nosso inverno e banhá-los com um brilho transcendente. A estrela nos mostra o caminho para o menino Jesus. Luz que se renova toda vez que nos encontramos na escuridão.
- Marleen Hengelaar-Rookmaaker tem doutorado cum laude em musicologia pela Universidade de Amsterdã, nos Países Baixos. Por muitos anos trabalhou como editora, tradutora e escritora. Editou o título The Complete Works de seu pai, o historiador de artes Hans Rookmaaker, e produziu a revista LEV para a L"Abri holandesa. Escreveu vastamente sobre música popular, liturgia e artes visuais. É casada e tem três filhos crescidos.
Traduzido por Maria Clara Martino, bióloga, teóloga e tradutora.
Imagem: Matisse, Nuit de Noel, 1952, litho.
Saiba mais:
» Um Ano com Jesus - Leituras e meditações diárias, Eugene Peterson
» A Pessoa Mais Importante do Mundo, Elben César
» Século I - O Resgate, Cayo César M. Santos
- 01 de dezembro de 2023
- Visualizações: 2010
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- As 97 teses de Martinho Lutero
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- A última revista do ano
- Vem aí "The Connect Faith 2024"