Opinião
- 09 de maio de 2019
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Família: uma missão trinitária
Por Luiz Fernando dos Santos
“A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.” (2Co 13.14)
Como já afirmou um certo teólogo, a unidade e unicidade de Deus não quer dizer que Ele seja a solidão radical. O fato de ser um e único, não implica que Ele seja um solitário absoluto. Deus em seu mistério subsiste em uma indivisível comunhão de três pessoas. É uma ‘comunUnidade’ de substância, poder, glória, majestade, deidade absolutamente iguais e intercomunicáveis, que em nada compromete a integridade, singularidade e alteridade de cada pessoa da trindade bendita.
O Deus triúno é uma família perfeita, santa, feliz e que deve ser colocada como o mais belo modelo para a família humana. Os laços indestrutíveis que unem pela eternidade a família trinitária são os do amor incondicional, devotado e sem mácula. Amor que encontra gozo pleno no próprio objeto do amor, que se encanta com a sua alteridade, singularidade, beleza e na contemplação e no desfrute de sua companhia. Também os “divinos três” se alegram na medida mesma que buscam com toda intensidade agradarem uns aos outros. A causa de sua alegria individual outra coisa não é do que a alegria do outro. A alegria de um é a plena felicidade dos três.
A “Felicidade da Trindade” é a plena realização em gozo de cada pessoa individualmente. Um outro aspecto a salientar é que na família trinitária a cooperação é total, sem reservas, mitigações ou limites. Não há coisa alguma desejada, determinada ou comissionada pelo Pai que o Filho não realize com a mais substancial e perfeita obediência amorosa. O Filho outra coisa não deseja do que em tudo servir para a glória e plena satisfação do Pai Amado. O Espírito Santo não existiria à parte de ver o Filho glorificado e o Pai sumamente Amado e obedecido. E o Pai e o Filho nada designariam ou realizariam cujo escopo não fosse o Espírito receber o louvor e a admiração por suas obras. Assim, o que um deseja, o outro executa e o terceiro glorifica. Onde há o “UM e ÚNICO” estão presentes perfeitamente os “Três Benditos”, quer na criação, quer na ofensa da queda, na oferta de redenção, na execução do plano de salvação, na preservação dos eleitos e na glorificação futura.
A família trinitária trabalha em harmonia, cooperação e perfeita concorrência das vontades. Um último aspecto que gostaria de destacar é que as pessoas da Trindade Santíssima vivem um diálogo eterno, não há ‘silêncios’ à parte da contemplação maravilhada da beleza que reflete das divinas faces, tudo no seio da Trindade é conversado, planejado, estabelecido, louvável, determinado. Nada é decidido, realizado e estabelecido à revelia das vontades, tudo é aliançado, pactuado entre os “Três”.
Iniciando o mês da família em nossa comunidade de fé, já poderíamos extrair aqui as primeiras lições aprendidas da própria natureza divina. Isolamentos e alienações são destrutivos e desagregadores. Famílias saudáveis são espaços para relações que promovam acolhimento e integração de todos os membros. São ambientes onde as singularidades e as diferenças são acolhidas como dons e fomento para a comunhão. Famílias espelhadas no mistério da Trindade cultivam projetos pessoais de felicidade que possam promover o bem-estar de todos e fazer com que todos, de alguma maneira, se beneficiem da alegria de cada conquista pessoal. Famílias espelhadas no Deus Trino defendem a honra de seus membros, fomentam um espaço de cura, acolhimento e crescimento pelo diálogo integrador, franco e cheio de humanidade e amor generoso. Aprendamos juntos da Trindade a tornar as nossas famílias um lugar aproximado do Céu.
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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