Opinião
- 01 de fevereiro de 2023
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Família e igreja: que parceria é essa?
Parceria é mais do que uma lista de tarefas ou uma agenda de eventos
Por Márcia Barbutti
Imagine que você vai construir uma casa. Você sabe como ela deve ser e, para isso, contrata uma equipe de primeira: engenheiro, arquiteto e mestre de obras. A construção começa, mas a casa não está saindo do jeito que você queria. Como é possível? Depois de uma breve investigação, vem a resposta: os profissionais trabalham com afinco dando o seu melhor, mas cada um interpreta como seria a sua casa dos sonhos, não seguem o projeto e não conversam ou interagem um com o outro. A casa dos sonhos se tornou um pesadelo.
É estranho e até bizarro pensar numa situação assim, mas, se pensarmos bem, algo semelhante acontece quando pais, os professores do departamento infantil e a liderança da igreja se relacionam. Cada um tem em mente o que deve ser feito com e pelas crianças e segue adiante sem interagir um com o outro. Que tipo de “casa” será construída se continuarem a agir desse modo?
Na primeira parte deste artigo, ressaltamos que, para uma boa parceria, é necessário que as partes tenham o mesmo propósito. Com base em Efésios 4.11-13, vimos que tanto pais, professores e liderança devem ter como objetivo em relação às crianças a formação do caráter de Cristo por meio do discipulado (em casa e na igreja) que visa a transformação em suas crenças, comportamento e cosmovisão. Além disso, é essencial que todos falem a mesma língua, ou seja, tenham uma boa base teológica em comum que os direcionará na caminhada.
Se você não leu, acesse o primeiro artigo aqui.
Continuando a prosa... O artigo “Quem é responsável pela formação da fé das crianças?”, fruto da pesquisa do Barna Group com a geração Z (nascidos entre 1999 e 2015), destaca que os nossos jovens, adolescentes e crianças vivem em um contexto pós cristão, com uma visão de mundo relativista e com uma apatia religiosa crescente. Diante desse quadro, muitos pais se sentem perdidos sobre como discipular seus filhos. O que a igreja tem feito a esse respeito?
Em geral, a igreja investe (ou deveria investir) em um bom ensino na escola dominical, boas programações da UCP e também EBFs. Tudo isso é correto e importante, mas quanto a igreja investe na formação dos pais para o discipulado dos filhos? Uma grande demanda não está sendo atendida na maioria das igrejas. Por outro lado, vemos pais que, embora concordem que eles sejam os principais agentes no discipulado dos filhos, negligenciam elementos básicos como orar e estudar a Bíblia com seus filhos. E nunca é por falta de tempo, mas por falta de prioridade.
A parceria é fundamental, mas como isso se dá na prática? Muitos de nós têm a ideia de que parceria é uma agenda de eventos nos quais os professores são responsáveis por uma parte do programa e os pais por outra. Mas temos de ir além disso. Ter uma agenda é importante, mas como ela foi estabelecida? Os encontros são apenas uma sequência de eventos ou são parte de um planejamento estratégico para alcançar o objetivo que mencionamos no começo? Programações não podem ser um fim em si mesmo, elas devem servir como estratégia para se chegar a um resultado. O que fazer então? Vamos começar do começo.
INDIVIDUALMENTE (PAIS, PROFESSORES E LIDERES):
1. Ore
Coloque-se diante de Deus com disposição para esse trabalho tão importante e urgente. Chegue perto de outras pessoas que compartilham da mesma preocupação e peça que o Espírito Santo mostre quem dentre esse grupo, ou fora dele, pode iniciar um trabalho em conjunto.
2. Compartilhe
Exponha suas inquietações e ideias a essas pessoas e proponha um encontro.
EM GRUPO
3. Firmem os conceitos
Deixe claro o que é parceria, a necessidade de ter uma base teológica e propósitos em comum. Reforce os conceitos de reciprocidade e engajamento.
4. Troquem ideias sobre o que deve ser a função de cada um
Qual deve ser o papel dos pais, dos professores e da liderança (incluindo pastores e presbíteros)? Registrem essas ideias, escolham as que são exequíveis e mensuráveis, ou seja, o que realmente pode ser feito e pode ser avaliado. Façam um resumo claro e objetivo dessas funções.
5. Divulguem as funções
Estabeleçam como será a divulgação dessas funções e formas de engajar outros pais e líderes. Só isso? De jeito nenhum, este artigo não tem a pretensão de dar uma receita e nem esgotar o assunto, mas mostrar alguns princípios e direção para um bom começo da construção de uma “casa” que abrigue pais, professores e liderança que tem o mesmo propósito em relação às crianças, para a glória de Deus.
Se você quer rever alguns desses conceitos, ver alguns exemplos de funções e ainda uma breve abordagem sobre o que fazer quando os pais não são crentes, assista Família & Dep. Infantil – parceria e integração, da III Conferência Cultura Cristã Online.
Dica top: Desafio aos pais – os 14 princípios do evangelho que podem transformar radicalmente sua família, Paul Tripp, editora Cultura Cristã.
Para ler o artigo “Família e igreja: parceria que dá certo”, clique aqui.
O QUE SERÁ DESTA CRIANÇA? | REVISTA ULTIMATO
A matéria de capa desta edição nos convoca a agirmos como Jesus, que conferiu dignidade e valor às crianças, as abraçou e abençoou. Falamos não apenas daquelas que estão em nosso meio – as da família, as amigas, as da igreja. O convite é que abracemos todas as crianças, especialmente as que vivem em contextos de maior vulnerabilidade. Que a pergunta “O que será destas crianças?” seja repetida muitas vezes, manifestando torcida, cuidado, intercessão, apoio. Nosso desejo é também que cada igreja se torne cada vez mais uma “igreja amiga das crianças”.
Saiba mais:
» A Criança, A Igreja e a Missão, Dan Brewster
» E-book gratuito Uma Criança os Guiará – por uma teologia da criança
É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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