Opinião
- 10 de maio de 2016
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Evangelismo e Nova Era
A partir dos anos 60 acompanhamos o crescimento do movimento new-age (nova era). Este movimento é extremamente complexo e possui fronteiras muito fluidas, isso vem estabelecendo um grande desafio para sociólogos e antropólogos que estudam o tema. Esse neo-esoterismo é caracterizado pelo resgate do paganismo antigo, bem como do xamanismo indígena, mesclado-os com o panteísmo oriental¹. Seus seguidores tendem a peregrinar pelas várias opções religiosas retendo aquilo que lhes agrada. É um movimento marcado pela máxima “definir é limitar” dando prioridade àquilo que se pode sentir internamente. Apesar de estar bem presente nos grandes centros, existe todo um circuito new-age pelos interiores do Brasil, passando por cidades como Alto Paraíso (GO), São Thomé das Letras (MG) e o Vale do Capão (em Palmeiras, na Bahia), que recebem místicos de todo o mundo. Geralmente, esotéricos tem uma grande resistência com o cristianismo por considerá-lo muito institucional e exclusivista.²
Tendo lido isso talvez você se faça a pergunta: como posso fazer conhecida a mensagem do evangelho a este grupo? Baseado em nossa experiência no campo missionário, listarei 5 pontos que julgo muito importantes:
1-Exerça um cristianismo integral e engajado: Embora moldados por cosmovisões bem diferentes a ideia de um evangelho (e missão) integral possui muitos pontos de contato com a busca por uma “espiritualidade holística” por parte dos esotéricos. Todo fruto de justiça do evangelho, todo cuidado com a criação e o cultivo do belo que vem de Deus é uma poderosa pré-evangelização neste meio. Explore, desfrute e se lambuze da graça comum. Contudo, faça isso ombro-a-ombro com eles e aproveite as oportunidades para ensinar porque essas manifestações são coerentes com a fé cristã.
2- Enfatize a graça na pregação: Para C.S.Lewis a diferença central do cristianismo para as outras religiões é a graça. Em todos os outros caminhos espirituais o indivíduo deve conquistar a salvação pelo seu esforço e mérito. Por isso ela é, simultaneamente, escândalo e loucura para os adeptos do misticismo. Ao mesmo tempo em que não deixa de ser aquilo que é de fato: uma boa notícia. Quando alguém do meio místico entende/vivencia o amor gracioso de Deus, este é obrigado a descartar as crenças básicas do esoterismo: panteísmo, divindade do eu e capacidade própria para alcançar a iluminação. Procure contemplar e experimentar cotidianamente a graça de Deus, para que suas palavras tenham a veracidade da experiência, a intensidade da vivência.
3- Se encha do Espírito: Bem essa verdade serve para o evangelismo a qualquer público, mas de certa forma o esotérico são muito sensitivos e abertos para os aspectos não-verbais da realidade. Já perdi a conta de quantas vezes, depois de um bom momento devocional, não surgiu o comentário: “- Nossa, você tem uma energia tão boa, tão pura”. Muitas vezes esse comentário parte de pessoas que nunca havia visto. Cultivar uma “conexão com o divino” é desejo deles, logo podemos ser a prova de que apesar de nossas imperfeições o ministério de Cristo possibilita um relacionamento com Deus íntimo, intenso e verdadeiro. Somos morada do Santo Espírito.
4- Seja firme, seja legal: A fé dos new agers de tão aberta aos manejos individuais, se torna superficial e sem legado. Os vínculos comunitários também tendem a ser frágeis. É por isso que ser firme naquilo que se crê tende a exercer certa atração. Mas a elegância da firmeza da fé pode ser ofuscada por atitudes arrogantes e intolerantes. Tudo que é “denso” e “pesado” tende a ser rejeitado, mas se a certeza no evangelho for demonstrada com humildade e mansidão, é derrubada uma grande barreira para que a Palavra fecunde o coração.
5- Construa relacionamentos: Esotéricos tendem a ser linha dura no seu anti institucionalismo. Entretanto, são muito abertos a tudo que é pessoal e orgânico. Portanto, mais do que criar estratégias de atração às reuniões da igreja, deve-se dispor de tempo para convivência. Os new agers geralmente estão super abertos a isso. São grandes críticos da “correria” da sociedade urbana que mina o tempo de relacionamento, por isso existe esse circuito pelas cidades de interior. Por isso invista mais na convivência do que em programas e atividades institucionais. Viva missionalmente, frequente os mesmo lugares que eles. Cultive o habito comunitário da hospitalidade, atraindo-os para grupos de convivência de sua igreja. Deixei este ponto por último, pois julgo que é nele que todos os outros tópicos podem ser posto em prática. Ter relacionamentos com este público é uma experiência maravilhosa que continua me fascinando depois de mais de 10 anos nesse ministério. Devido à abertura para se falar sobre religiosidade, devoção e sentido da vida existe a todo tempo inúmeras oportunidades para falarmos do Evangelho. Nessas conversas, não raras vezes testemunhamos quando a Palavra penetra a fundo o coração.
Toda essa reflexão não é pertinente somente a missionários que atuam nesse meio, pois em determinada perspectiva essa onda do esoterismo é a tradução da religiosidade de uma modernidade tardia. Por isso, esses cinco pontos irão ajudar bastante na evangelização de toda uma sociedade pós-cristã, que tende a ser cada dia mais esotérica.
• Matheus Loures, 29 anos, casado com Chrystiane Pereira, mora desde 2010 em Alto Paraíso de Goiás. É formado em comunicação social atua como radialista e produtor cultural e é pastor da Comunidade Seiva.
____________
¹ MCGRATH, Alister. Apologética cristã no século XXI. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 315.
² Para saber mais sobre essas e outras informações sobre a new age sugiro a leitura de Os Errantes da Nova Era e sua Religiosidade Caleidoscópica, de Leila Amaral (Cadernos de Ciências Sociais, Belo Horizonte, v. 3, n. 4) e O Peregrino e o Convertido – A Religião em Movimento, de Danièle Hervieu-Léger (Vozes, 2008).
Tendo lido isso talvez você se faça a pergunta: como posso fazer conhecida a mensagem do evangelho a este grupo? Baseado em nossa experiência no campo missionário, listarei 5 pontos que julgo muito importantes:
1-Exerça um cristianismo integral e engajado: Embora moldados por cosmovisões bem diferentes a ideia de um evangelho (e missão) integral possui muitos pontos de contato com a busca por uma “espiritualidade holística” por parte dos esotéricos. Todo fruto de justiça do evangelho, todo cuidado com a criação e o cultivo do belo que vem de Deus é uma poderosa pré-evangelização neste meio. Explore, desfrute e se lambuze da graça comum. Contudo, faça isso ombro-a-ombro com eles e aproveite as oportunidades para ensinar porque essas manifestações são coerentes com a fé cristã.
2- Enfatize a graça na pregação: Para C.S.Lewis a diferença central do cristianismo para as outras religiões é a graça. Em todos os outros caminhos espirituais o indivíduo deve conquistar a salvação pelo seu esforço e mérito. Por isso ela é, simultaneamente, escândalo e loucura para os adeptos do misticismo. Ao mesmo tempo em que não deixa de ser aquilo que é de fato: uma boa notícia. Quando alguém do meio místico entende/vivencia o amor gracioso de Deus, este é obrigado a descartar as crenças básicas do esoterismo: panteísmo, divindade do eu e capacidade própria para alcançar a iluminação. Procure contemplar e experimentar cotidianamente a graça de Deus, para que suas palavras tenham a veracidade da experiência, a intensidade da vivência.
3- Se encha do Espírito: Bem essa verdade serve para o evangelismo a qualquer público, mas de certa forma o esotérico são muito sensitivos e abertos para os aspectos não-verbais da realidade. Já perdi a conta de quantas vezes, depois de um bom momento devocional, não surgiu o comentário: “- Nossa, você tem uma energia tão boa, tão pura”. Muitas vezes esse comentário parte de pessoas que nunca havia visto. Cultivar uma “conexão com o divino” é desejo deles, logo podemos ser a prova de que apesar de nossas imperfeições o ministério de Cristo possibilita um relacionamento com Deus íntimo, intenso e verdadeiro. Somos morada do Santo Espírito.
4- Seja firme, seja legal: A fé dos new agers de tão aberta aos manejos individuais, se torna superficial e sem legado. Os vínculos comunitários também tendem a ser frágeis. É por isso que ser firme naquilo que se crê tende a exercer certa atração. Mas a elegância da firmeza da fé pode ser ofuscada por atitudes arrogantes e intolerantes. Tudo que é “denso” e “pesado” tende a ser rejeitado, mas se a certeza no evangelho for demonstrada com humildade e mansidão, é derrubada uma grande barreira para que a Palavra fecunde o coração.
5- Construa relacionamentos: Esotéricos tendem a ser linha dura no seu anti institucionalismo. Entretanto, são muito abertos a tudo que é pessoal e orgânico. Portanto, mais do que criar estratégias de atração às reuniões da igreja, deve-se dispor de tempo para convivência. Os new agers geralmente estão super abertos a isso. São grandes críticos da “correria” da sociedade urbana que mina o tempo de relacionamento, por isso existe esse circuito pelas cidades de interior. Por isso invista mais na convivência do que em programas e atividades institucionais. Viva missionalmente, frequente os mesmo lugares que eles. Cultive o habito comunitário da hospitalidade, atraindo-os para grupos de convivência de sua igreja. Deixei este ponto por último, pois julgo que é nele que todos os outros tópicos podem ser posto em prática. Ter relacionamentos com este público é uma experiência maravilhosa que continua me fascinando depois de mais de 10 anos nesse ministério. Devido à abertura para se falar sobre religiosidade, devoção e sentido da vida existe a todo tempo inúmeras oportunidades para falarmos do Evangelho. Nessas conversas, não raras vezes testemunhamos quando a Palavra penetra a fundo o coração.
Toda essa reflexão não é pertinente somente a missionários que atuam nesse meio, pois em determinada perspectiva essa onda do esoterismo é a tradução da religiosidade de uma modernidade tardia. Por isso, esses cinco pontos irão ajudar bastante na evangelização de toda uma sociedade pós-cristã, que tende a ser cada dia mais esotérica.
• Matheus Loures, 29 anos, casado com Chrystiane Pereira, mora desde 2010 em Alto Paraíso de Goiás. É formado em comunicação social atua como radialista e produtor cultural e é pastor da Comunidade Seiva.
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¹ MCGRATH, Alister. Apologética cristã no século XXI. São Paulo: Editora Vida, 2008, p. 315.
² Para saber mais sobre essas e outras informações sobre a new age sugiro a leitura de Os Errantes da Nova Era e sua Religiosidade Caleidoscópica, de Leila Amaral (Cadernos de Ciências Sociais, Belo Horizonte, v. 3, n. 4) e O Peregrino e o Convertido – A Religião em Movimento, de Danièle Hervieu-Léger (Vozes, 2008).
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