Opinião
- 29 de outubro de 2009
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Evangélicos: consumidores chorões?
Rodrigo de Lima Ferreira
Gosto de dar minhas filosofadas. Aliás, para mim, filosofia é algo que afeta a vida prática das pessoas, e não, como alguns querem deixar a entender, a discussão de sexo dos anjos. A maneira como pensamos afeta completamente a maneira como agimos.
Quer um exemplo? Vivemos em um mundo pós-moderno. Neste nosso mundo, há uma verdadeira salada de vertentes de pensamento. Todas são válidas sob o guarda-chuva da pós-modernidade, uma vez que, segundo o relativismo (filhote mais famosinho da pós-modernidade), não há uma verdade única, não há um parâmetro absoluto e estabelecido que possa nos nortear em nossa caminhada de vida. Tudo vale. Diferente da música do Tim Maia, hoje vale até mesmo dançar homem com homem e mulher com mulher. Assim, uma pessoa pode ser advogada do naturalismo e do racionalismo ao mesmo tempo em que possui cristais energéticos e miniaturas de duendes para “atrair energias positivas”. Pode ser uma pessoa que afirma não acreditar em nada daquilo que não possa ser capturado pelos nossos cinco sentidos, mas ser fã de “feng-shui” e “i-ching”. Ou, ainda, ser membro de igreja evangélica com uma mentalidade mercantil.
Os evangélicos de hoje (com escassas exceções honrosas) não se portam mais como servos de Deus e irmãos uns dos outros. Portam-se, antes, como clientes vorazes, consumidores eternamente insatisfeitos. Obviamente não reconhecem ser assim, ao menos não no nível consciente e objetivo. Querem estar na “igreja da moda”. Querem se animar com o ânimo alheio – aliás, sobre essa história de “animação” vale escrever um livro! Querem cantar o que todo mundo canta; ou seja, música “bonitinha” (apesar de ter arranjo paupérrimo, rima indigente e teologia miserável), que dê um “tchan”. Querem uma pregação que não os incomodem com essas histórias dos nossos avós, com assuntos ultrapassados como cruz, pecado, renúncia, serviço, amor ao próximo. Antes, querem saber como Deus pode intervir em suas vidas somente o estritamente necessário para terem uma vida feliz, próspera, rica e robusta. Querem um culto “pra cima”, de duração não muito longa, para não perderem os gols da rodada do “Fantástico” ou mesmo uma pizza no fim de noite. Enfim, para esses vale o ditado: “o cliente sempre tem razão”. Será?
Os evangélicos de hoje em dia não querem compromisso com Deus. Não querem ser realmente orientados no caminho do Senhor. Acham que são autosuficientes, como só as crianças e os incapazes pensam. E, como crianças e incapazes, sendo contrariados, batem o pé e fazem beicinho, armando escândalo.
Confesso meu cansaço. Confesso que dá muita tristeza ver a igreja evangélica brasileira no atual estado em que se encontra. Confesso, porém, que há o compromisso de Deus com aqueles que são seus. A verdadeira igreja, que perpassa a estrutura eclesiástica e vai além dela, ainda é vitoriosa, apesar da imaturidade reinante. Jesus não estava de brincadeira quando disse que as portas do inferno seriam inúteis e impotentes frente à igreja, apesar dele não dizer o mesmo quanto à estrutura eclesiástica atual, que carece de nova Reforma (desta vez no campo relacional, como bem disse Francis Schaeffer). Que essa mentalidade mercanto-infantil, que está arruinando a vida de muita gente, possa encontrar seu fim logo, com a volta ao compromisso por meio de um avivamento real (ou a volta de Jesus, dependendo de sua linha escatológica). Enfim, que Deus tenha (ainda mais) misericórdia de nós!
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Gosto de dar minhas filosofadas. Aliás, para mim, filosofia é algo que afeta a vida prática das pessoas, e não, como alguns querem deixar a entender, a discussão de sexo dos anjos. A maneira como pensamos afeta completamente a maneira como agimos.
Quer um exemplo? Vivemos em um mundo pós-moderno. Neste nosso mundo, há uma verdadeira salada de vertentes de pensamento. Todas são válidas sob o guarda-chuva da pós-modernidade, uma vez que, segundo o relativismo (filhote mais famosinho da pós-modernidade), não há uma verdade única, não há um parâmetro absoluto e estabelecido que possa nos nortear em nossa caminhada de vida. Tudo vale. Diferente da música do Tim Maia, hoje vale até mesmo dançar homem com homem e mulher com mulher. Assim, uma pessoa pode ser advogada do naturalismo e do racionalismo ao mesmo tempo em que possui cristais energéticos e miniaturas de duendes para “atrair energias positivas”. Pode ser uma pessoa que afirma não acreditar em nada daquilo que não possa ser capturado pelos nossos cinco sentidos, mas ser fã de “feng-shui” e “i-ching”. Ou, ainda, ser membro de igreja evangélica com uma mentalidade mercantil.
Os evangélicos de hoje (com escassas exceções honrosas) não se portam mais como servos de Deus e irmãos uns dos outros. Portam-se, antes, como clientes vorazes, consumidores eternamente insatisfeitos. Obviamente não reconhecem ser assim, ao menos não no nível consciente e objetivo. Querem estar na “igreja da moda”. Querem se animar com o ânimo alheio – aliás, sobre essa história de “animação” vale escrever um livro! Querem cantar o que todo mundo canta; ou seja, música “bonitinha” (apesar de ter arranjo paupérrimo, rima indigente e teologia miserável), que dê um “tchan”. Querem uma pregação que não os incomodem com essas histórias dos nossos avós, com assuntos ultrapassados como cruz, pecado, renúncia, serviço, amor ao próximo. Antes, querem saber como Deus pode intervir em suas vidas somente o estritamente necessário para terem uma vida feliz, próspera, rica e robusta. Querem um culto “pra cima”, de duração não muito longa, para não perderem os gols da rodada do “Fantástico” ou mesmo uma pizza no fim de noite. Enfim, para esses vale o ditado: “o cliente sempre tem razão”. Será?
Os evangélicos de hoje em dia não querem compromisso com Deus. Não querem ser realmente orientados no caminho do Senhor. Acham que são autosuficientes, como só as crianças e os incapazes pensam. E, como crianças e incapazes, sendo contrariados, batem o pé e fazem beicinho, armando escândalo.
Confesso meu cansaço. Confesso que dá muita tristeza ver a igreja evangélica brasileira no atual estado em que se encontra. Confesso, porém, que há o compromisso de Deus com aqueles que são seus. A verdadeira igreja, que perpassa a estrutura eclesiástica e vai além dela, ainda é vitoriosa, apesar da imaturidade reinante. Jesus não estava de brincadeira quando disse que as portas do inferno seriam inúteis e impotentes frente à igreja, apesar dele não dizer o mesmo quanto à estrutura eclesiástica atual, que carece de nova Reforma (desta vez no campo relacional, como bem disse Francis Schaeffer). Que essa mentalidade mercanto-infantil, que está arruinando a vida de muita gente, possa encontrar seu fim logo, com a volta ao compromisso por meio de um avivamento real (ou a volta de Jesus, dependendo de sua linha escatológica). Enfim, que Deus tenha (ainda mais) misericórdia de nós!
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Casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, é autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks).
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