Opinião
- 24 de setembro de 2009
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Eu odeio "deus"
Rodrigo de Lima Ferreira
Todos sabemos que Deus é amor. E todos sabemos que Deus nos insta a amá-lo. Porém, de qual deus temos falado?Sim, porque, com o pluralismo ao qual estamos submetidos, ideias, conceitos e paradigmas são todos relativizados, inclusive o conceito de Deus. Portanto, dentro do ideal pluralista, eu também posso dizer que meu amor a Deus não é um amor. Na verdade, eu odeio deus!
Eu odeio o deus fundamentalista. Odeio a ideia de divindade fulminante, de um ser divino que valoriza aquilo que Rubem Alves um dia chamou de “protestantismo de reta doutrina”, em que interpretações humanas da Verdade se tornam mais importantes que a realidade das pessoas. Odeio aquela rigidez na forma, que se transforma em rigidez de conteúdo.
Já que odeio o deus fundamentalista, odeio também o deus de Fred Phelps e da Igreja (sic) Batista de Westboro, nos Estados Unidos, que tem até mesmo vídeo no YouTube cantando uma versão de “We are the world”, do finado Michael Jackson. No vídeo, membros da igreja de Phelps cantam “God hates the world” (Deus odeia o mundo), condenando, veementemente, todos aqueles que não pensam de acordo com seu limitado pensamento. Phelps é conhecido não por sua pregação da Palavra, mas por sua campanha declarada e radicalmente homofóbica, dizendo que Deus odeia os homossexuais (“God hates fags”).
Odeio também o deus liberal. É até estranho, pois “deus liberal” é uma contradição em si mesma. O liberalismo, nascido da pressão do racionalismo sobre a teologia no século 19, percebeu que tudo o que é sobrenatural na Bíblia deveria ser entendido à luz da pura razão humana. Daí surgiu a “desmitologização”, tratando o sobrenatural como mito. Com isso, a realidade metafísica da existência fica “manca” de sentido. O que isso gera? Gera a falta de sentido existencial do próprio homem, que não vê mais razão de viver. Afinal, antes da desmitologização havia o entendimento de que um deus metafísico dava sentido à criação. Uma vez que tudo se torna mito, Deus também se torna ser mitológico, levando para o buraco a dignidade e a essência humana.
Odioso também é o deus neoliberal. O liberalismo clássico, ao que parece, ficou confinado em salas de aulas de seminários tidos como “reformados”, mas que levam a Reforma a sério só onde for conveniente. O neoliberalismo é aquele propagado principalmente na internet. Tem as palavras “tolerância” e “inclusivismo” por totens. Deve-se incluir a todos, menos aqueles que questionam; deve-se tolerar tudo, menos aquilo que mostra que a tolerância total é uma contradição de termos. Esse inclusivismo rebaixa ainda mais a Bíblia, tida como um mero livro de histórias antigas, e não como regra exclusiva de fé e prática.
Odeio também esse deus baal de grande parte da nação evangélica brasileira. Um deus intangível, extremamente cósmico, que deixou prepostos aqui na terra para fazerem a ponte entre nós e a divindade, ponte essa devidamente aberta através do CD ou DVD da moda, onde um mantra é entoado a esse deus esquisito. O deus baal santifica o egoísmo, sacraliza a ganância e ridiculariza a simplicidade encontrada no Crucificado. Além disso, esse deus estimula a falta de racionalidade, numa clara afronta a Rm 12.1, e ocidentaliza a heresia oriental conhecida como quietismo, que afirma que Deus é alcançável somente pela emoção, desviando-se da razão.
Enfim, odeio toda falsa concepção de deus que queira se colocar no lugar de Deus. Odeio essa enganação que é obra do inimigo e de nossa perniciosa carne. Esse deus que quer tomar o lugar de Deus não é digno de amor, e sim de desprezo. É fruto do mal do homem, do mundo, do inimigo. E nosso dever é abominar o mal (Pv 8.13). Odeie esse falso deus você também! Mas nunca se esqueça de amar o verdadeiro, único e digno Deus, pai de nosso Senhor Jesus!
Todos sabemos que Deus é amor. E todos sabemos que Deus nos insta a amá-lo. Porém, de qual deus temos falado?Sim, porque, com o pluralismo ao qual estamos submetidos, ideias, conceitos e paradigmas são todos relativizados, inclusive o conceito de Deus. Portanto, dentro do ideal pluralista, eu também posso dizer que meu amor a Deus não é um amor. Na verdade, eu odeio deus!
Eu odeio o deus fundamentalista. Odeio a ideia de divindade fulminante, de um ser divino que valoriza aquilo que Rubem Alves um dia chamou de “protestantismo de reta doutrina”, em que interpretações humanas da Verdade se tornam mais importantes que a realidade das pessoas. Odeio aquela rigidez na forma, que se transforma em rigidez de conteúdo.
Já que odeio o deus fundamentalista, odeio também o deus de Fred Phelps e da Igreja (sic) Batista de Westboro, nos Estados Unidos, que tem até mesmo vídeo no YouTube cantando uma versão de “We are the world”, do finado Michael Jackson. No vídeo, membros da igreja de Phelps cantam “God hates the world” (Deus odeia o mundo), condenando, veementemente, todos aqueles que não pensam de acordo com seu limitado pensamento. Phelps é conhecido não por sua pregação da Palavra, mas por sua campanha declarada e radicalmente homofóbica, dizendo que Deus odeia os homossexuais (“God hates fags”).
Odeio também o deus liberal. É até estranho, pois “deus liberal” é uma contradição em si mesma. O liberalismo, nascido da pressão do racionalismo sobre a teologia no século 19, percebeu que tudo o que é sobrenatural na Bíblia deveria ser entendido à luz da pura razão humana. Daí surgiu a “desmitologização”, tratando o sobrenatural como mito. Com isso, a realidade metafísica da existência fica “manca” de sentido. O que isso gera? Gera a falta de sentido existencial do próprio homem, que não vê mais razão de viver. Afinal, antes da desmitologização havia o entendimento de que um deus metafísico dava sentido à criação. Uma vez que tudo se torna mito, Deus também se torna ser mitológico, levando para o buraco a dignidade e a essência humana.
Odioso também é o deus neoliberal. O liberalismo clássico, ao que parece, ficou confinado em salas de aulas de seminários tidos como “reformados”, mas que levam a Reforma a sério só onde for conveniente. O neoliberalismo é aquele propagado principalmente na internet. Tem as palavras “tolerância” e “inclusivismo” por totens. Deve-se incluir a todos, menos aqueles que questionam; deve-se tolerar tudo, menos aquilo que mostra que a tolerância total é uma contradição de termos. Esse inclusivismo rebaixa ainda mais a Bíblia, tida como um mero livro de histórias antigas, e não como regra exclusiva de fé e prática.
Odeio também esse deus baal de grande parte da nação evangélica brasileira. Um deus intangível, extremamente cósmico, que deixou prepostos aqui na terra para fazerem a ponte entre nós e a divindade, ponte essa devidamente aberta através do CD ou DVD da moda, onde um mantra é entoado a esse deus esquisito. O deus baal santifica o egoísmo, sacraliza a ganância e ridiculariza a simplicidade encontrada no Crucificado. Além disso, esse deus estimula a falta de racionalidade, numa clara afronta a Rm 12.1, e ocidentaliza a heresia oriental conhecida como quietismo, que afirma que Deus é alcançável somente pela emoção, desviando-se da razão.
Enfim, odeio toda falsa concepção de deus que queira se colocar no lugar de Deus. Odeio essa enganação que é obra do inimigo e de nossa perniciosa carne. Esse deus que quer tomar o lugar de Deus não é digno de amor, e sim de desprezo. É fruto do mal do homem, do mundo, do inimigo. E nosso dever é abominar o mal (Pv 8.13). Odeie esse falso deus você também! Mas nunca se esqueça de amar o verdadeiro, único e digno Deus, pai de nosso Senhor Jesus!
Casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, é autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks).
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