Opinião
- 15 de fevereiro de 2022
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Ética: questão de escolha?
Por Lídice Meyer Pinto Ribeiro
Ética: uma palavra bem desgastada ultimamente. Muitos cobram ética dos governantes, dos políticos, dos líderes religiosos, da polícia, dos médicos, enquanto outros se autoproclamam batendo no peito como muito éticos. Mas o significado de ética torna-se difuso e confuso. O que muitos percebem como ética são na verdade princípios morais, ditados pela sociedade na cultura onde se está inserido. A ética é muito maior que isso. A ética é invariável e é a responsável pela criação destes princípios morais, que podem variar de sociedade para sociedade. A ciência médica demonstrou recentemente que todo ser humano possui uma região no lobo frontal do cérebro que é a responsável por nossas escolhas de certo e errado. Esta região no cérebro recebeu o apelido de “ponto de Deus”. O que hoje a ciência descobriu já fora mencionado pelo apóstolo Paulo há dois mil anos como a “norma da lei gravada no coração” (Rm 2.15a) Coração, a sede da inteligência pra os antigos, hoje: cérebro. A ética faz parte da “imagem e semelhança” de Deus em cada ser humano. É a noção do certo e errado. A possibilidade de escolhas que se mostra “testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Rm 2.15). O grande problema é que alguns, embora tenham esta capacidade criada para nos guiar, “têm cauterizada a própria consciência” (1Tm 4.2) tornando-se insensíveis à percepção correta de certo e errado. Se prosseguirmos na leitura do texto da carta Paulo a Timóteo, perceberemos que isso acontece quando a hipocrisia nos domina e passamos a justificar nossos atos mentindo para nós mesmos.
Infelizmente, isso pode se tornar natural mesmo entre os cristãos, mostrando-se desde os pequenos aos grandes atos. Quando nos apropriamos de objetos ou textos que não são nossos, quando usamos materiais do trabalho para fins particulares sem autorização, quando nos aproveitamos da desatenção de alguém para nos beneficiar, enfim, quando a esperteza toma a forma de santidade. É assustador ouvir justificativas como “é para o Senhor” ou “é para um bom fim”! Consciências cauterizadas, mas que mesmo assim serão julgadas “no dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o evangelho” (Rm 2.16). Neste dia nossas escolhas éticas serão observadas, sejam nas grandes ou nas pequenas coisas do dia a dia. E alguns ouvirão felizes: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25.23) mas outros com sua consciência cauterizada se assustarão ao ouvir: “Servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30). Qual é a sua escolha?
Leia mais:
» Quem define a moralidade?
» A crise ética do país e da igreja
Ética: uma palavra bem desgastada ultimamente. Muitos cobram ética dos governantes, dos políticos, dos líderes religiosos, da polícia, dos médicos, enquanto outros se autoproclamam batendo no peito como muito éticos. Mas o significado de ética torna-se difuso e confuso. O que muitos percebem como ética são na verdade princípios morais, ditados pela sociedade na cultura onde se está inserido. A ética é muito maior que isso. A ética é invariável e é a responsável pela criação destes princípios morais, que podem variar de sociedade para sociedade. A ciência médica demonstrou recentemente que todo ser humano possui uma região no lobo frontal do cérebro que é a responsável por nossas escolhas de certo e errado. Esta região no cérebro recebeu o apelido de “ponto de Deus”. O que hoje a ciência descobriu já fora mencionado pelo apóstolo Paulo há dois mil anos como a “norma da lei gravada no coração” (Rm 2.15a) Coração, a sede da inteligência pra os antigos, hoje: cérebro. A ética faz parte da “imagem e semelhança” de Deus em cada ser humano. É a noção do certo e errado. A possibilidade de escolhas que se mostra “testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Rm 2.15). O grande problema é que alguns, embora tenham esta capacidade criada para nos guiar, “têm cauterizada a própria consciência” (1Tm 4.2) tornando-se insensíveis à percepção correta de certo e errado. Se prosseguirmos na leitura do texto da carta Paulo a Timóteo, perceberemos que isso acontece quando a hipocrisia nos domina e passamos a justificar nossos atos mentindo para nós mesmos.
Infelizmente, isso pode se tornar natural mesmo entre os cristãos, mostrando-se desde os pequenos aos grandes atos. Quando nos apropriamos de objetos ou textos que não são nossos, quando usamos materiais do trabalho para fins particulares sem autorização, quando nos aproveitamos da desatenção de alguém para nos beneficiar, enfim, quando a esperteza toma a forma de santidade. É assustador ouvir justificativas como “é para o Senhor” ou “é para um bom fim”! Consciências cauterizadas, mas que mesmo assim serão julgadas “no dia em que Deus, por meio de Jesus Cristo, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o evangelho” (Rm 2.16). Neste dia nossas escolhas éticas serão observadas, sejam nas grandes ou nas pequenas coisas do dia a dia. E alguns ouvirão felizes: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25.23) mas outros com sua consciência cauterizada se assustarão ao ouvir: “Servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 25.30). Qual é a sua escolha?
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Lidice Meyer P. Ribeiro é doutora em Antropologia e professora na Universidade Lusófona, Portugal.
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