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Notícias

Em favor do planeta

Jornalistas e influencers evangélicos dialogam com cientistas climáticos e aprendem a unir fé e ciência na preservação do planeta

Por Lissânder Dias

Em meio a narrativas extremistas sobre a situação do planeta e a responsabilidade humana, um grupo de comunicadores evangélicos com perfis diversos (jovens e adultos; conservadores e progressistas) visitaram dois dos principais institutos de pesquisa da área no Brasil.

Cerca de 40 jornalistas e influencers evangélicos (a maioria, da Amazônia) dialogaram pessoalmente, durante dois dias, no fim de setembro, com os maiores cientistas brasileiros na área de mudanças climáticas do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos (SP). Entre os cientistas estavam o Dr. Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT), e o Dr. José Marengo, membro do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

Visitas
As visitas começaram no CEMADEN e terminaram no INPE. Os comunicadores viram claramente como os desastres acontecem e como as mudanças climáticas afetam toda a vida. NO CEMADEN, eles aprenderam como é feito o monitoramento e a comunicação sobre os riscos de desastres em todo o Brasil. Lá também ouviram sobre as causas do aceleramento das mudanças climáticas ocorrido especialmente a partir do final do século 19. “Mudanças climáticas fazem parte do comportamento natural do planeta; o que tem acontecido é um aumento vertiginoso dessas mudanças causadas pela ação humana”, explicou o cientista José Marengo. Ele destacou o consumo de combustível fóssil como uma das principais causas.

NO INPE, os comunicadores aprenderam sobre as origens dos desmatamentos e seus efeitos no ecossistema como um todo do país e a importância dos satélites para o desenvolvimento das várias áreas econômicas. Eles ainda visitaram o laboratório de construção de satélites e a sala de rastreio, controle e recepção de satélites. Nessa última, foi possível ver imagens incríveis do sol. “O sol é ao mesmo tempo, a nossa maior bênção e nossa maior maldição”, disse uma das cientistas, explicando que sem o sol não há vida, mas também que se acontecer algum movimento diferente nele, o efeito pode ser fatal.

Ainda sobre os satélites, o grupo aprendeu que o INPE tem uma longa história de contribuição para projetos em parceria para as ciências espaciais, mas que só recentemente conseguiu lançar o Amazonia 1 - o primeiro satélite de Observação da Terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil.

As visitas constituíram um grande aprendizado sobre o papel da ciência, mas também um “choque de realidade” sobre os fenômenos climáticos que castigam o Brasil e geram desastres. Em nenhum momento os cientistas menosprezaram a fé como fator opositor ao esforço da preservação do meio ambiente, mas, ao contrário, acolheram com boa vontade o grupo, que, por sua vez, percebeu a necessidade urgente de unirmos fé e ciência na salvação do planeta.

Projetos criativos e viáveis
Fez parte da programação também a apresentação de projetos viáveis e inteligentes, como o Amazônia Vox (um banco de fontes para jornalistas, veículos de imprensa e assessorias de instituições sobre temas ligados à Amazônia), o Do Pasto ao Prato (um aplicativo que permite ao consumidor brasileiro identificar a origem da carne bovina disponível no mercado, contribuindo para escolhas mais conscientes no momento da compra) e o NoAr Brasil (um projeto que une tecnologia, ciência, experiências sensoriais e saúde na viabilização de um “cheiro digital” que permite avaliar a qualidade do olfato das pessoas).

Os participantes ainda puderam experimentar uma “imersão” tecnológica ao, com óculos de realidade aumentada, assistirem ao filme Amazônia Viva, que “levou” cada um para dentro da floresta amazônica.

Impacto
Para os seus milhões de seguidores pelas redes sociais, os influencers evangélicos registraram as visitas e destacaram a importância de cuidar da criação, como obediência ao Criador.

“A gente só ouve notícias sobre o lado ruim do tema, mas aqui a gente descobriu que a ciência está fazendo muita coisa boa para preservar o planeta. É isso que vou levar para minha vida e para meu público”, disse um dos participantes.

“Deus nos deu a comissão de cuidar do jardim, que é o planeta que ele criou. A fé tem tudo a ver com preservar a criação; é uma forma de louvar a Deus”, concluiu outro.

Diálogos não tão óbvios
O evento acontece periodicamente e é promovido e financiado pela IRI Brasil (Iniciativa Inter-religiosa Pelas Florestas Tropicais) – uma iniciativa internacional ligada ao Programa de Meio Ambiente da ONU (PNUMA).

Para o diretor da IRI Brasil, Carlos Vicente, não adianta, por exemplo, apenas criar cartilhas sobre como cuidar da criação ou dialogar com quem já concorda conosco. “Precisamos promover diálogos de alto nível com cientistas sérios que usam a ciência para preservar o mundo. Por isso, promovemos esses encontros de evangélicos com cientistas. Já trouxemos pastores, padres e em breve serão desembargadores da justiça”.

Nota:
O jornalista Lissânder Dias foi um dos 40 comunicadores convidados para participarem da visita técnica em São José dos Campos, SP. As despesas de viagem e estadia foram custeadas pela IRI Brasil.


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Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).

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