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- 12 de novembro de 2021
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Dostoiévski, 200 anos. Um antídoto ao pensamento superficial sobre espiritualidade
Por Ultimatoonline
Para celebrar os 200 anos do nascimento de Fiódor Dostoiévski – Moscou, 1821 –, Ultimato coloca à disposição do leitor um trecho e uma recomendação de Dallas Willard e Richard Foster em 25 Livros Que Todo Cristão Deveria Ler.
Aos 28 anos de idade, Dostoiévsk foi condenado a quatro anos de trabalho forçado na Sibéria por pertencer a um grupo intelectual clandestino. Na prisão, ele teve uma experiência de conversão ao cristianismo, especificamente à Igreja Ortodoxa Russa. Para Willard e Foster, “Dostoiévski é um maravilhoso antídoto ao pensamento superficial sobre espiritualidade”.
A seguir, Por que Os Irmãos Karamázov é essencial, de Foster e Willard. Não deixe de ler também Dostoievski — Somos um ser à deriva, do pastor e jornalista Elben César (1932-2016); e, A espiritualidade do stárietz Zósima em Os irmãos Karamázov, de Gladir Cabral.
Por que Os Irmãos Karamázov é essencial
Os Irmãos Karamázov é considerado uma das mais importantes obras de literatura de todos os tempos pelos críticos – que variam desde Sigmund Freud, Kurt Vonnegut e Ludwig Wittgenstein –, principalmente por causa da quantidade atordoante de questões teológicas que o livro procura tratar – a busca por Deus, o problema do sofrimento humano e do mal, a dúvida, a razão, a vida monástica, o assassinato e a moralidade, para mencionar apenas alguns. Como escreve Michael G. Maudlin, membro do conselho editorial, “Ler Os Irmãos Karamázov me mostrou quão abstrata e vaga era minha compreensão sobre a vida cristã.
Através dos três irmãos Karamázov, Dmítri, Ivan e Aliocha, encontrei retratos tridimensionais da cobiça, dúvida, amor, fidelidade, sofrimento, anseio, esperança, bondade, ira, cura, e muitas outras virtudes e vícios, sem mencionar como uma providência poderosa age em nós. Dostoiévski é um maravilhoso antídoto ao pensamento superficial sobre espiritualidade”.
Como muitos têm mencionado, todo o livro pode ser visto como uma obra do Espírito Santo. Uma das mensagens centrais é que o Espírito Santo está agindo em todas as coisas. Como um romance, Os Irmãos Karamázov está em uma situação privilegiada para transmitir a mensagem de que Deus não é encontrado somente em nossas Bíblias, em nossas igrejas ou em nossos relacionamentos com outros cristãos; Deus está presente em todos os lugares dessa nossa vida complicada e confusa. Deus não pode estar contido em um ou outro aspecto de nossa vida, e tentar viver a vida como se nossa fé fosse relevante para apenas algumas partes é o cúmulo da insanidade.
A partir das palavras e da história de Zósima, o mentor de Aliocha, e das várias discussões entre os três irmãos, até a própria ação do enredo em direção à redenção, Os Irmãos Karamázov contém uma quantidade incrível de insights teológicos. As últimas palavras de Zósima aos seus colegas monges constituem em si de uma cartilha sobre formação espiritual – seu conselho sobre ser servos dos nossos servos, tratar todos com sincera humildade, amar todos e lembrar que estamos trabalhando para a totalidade. No complexo entrelaçamento de todos os personagens e os enredos secundários, encontramos uma das mensagens centrais de Dostoiévski: nossa salvação não é uma questão puramente individual; ela está tão ligada aos que estão ao nosso redor quanto Aliocha estava ligado ao seu pai e irmãos. Assim como cada um dos filhos de Fiódor se sente parcialmente responsável pela morte de seu pai, todos nós somos até certo ponto responsáveis pelos pecados e pela consagração daqueles que estão ao nosso redor. Zósima compreendeu essa mensagem. Em seu leito de morte, ele diz a Aliocha e aos demais monges que, a não ser que você aceite que você é tão responsável pelo crime que está sendo julgado diante de você, você não pode ser um bom juiz. Ele os lembra que eles têm de manter toda a humanidade em seus corações.
Esse amor pelos outros e o materialismo envolvido são o que torna Zósima distinto de seu companheiro monge Padre Ferapont, que se orgulha de suas conquistas acéticas, mas não demonstra nenhum amor, somente um tipo de loucura que apela para a multidão sedenta de milagres depois que o cadáver de Zósima denuncia sua humanidade ao se decompor. Mas, naturalmente, a ligação de Zósima ao seu corpo e seu amor às outras almas encarnadas ao seu redor é parte do que o torna um homem tão respeitável e consagrado. Como ele diz aos que estavam a sua volta no leito de morte, “Há somente um meio de salvação, depois crie coragem e torne-se responsável pelos pecados de todos os homens; esta é a verdade, vocês sabem, amigos, pois assim que vocês se tornaram sinceramente responsáveis por tudo e por todos os homens, vocês verão de uma vez que é justamente isso que acontece, e que vocês têm culpa por todos e por todas as coisas”.
Trecho publicado originalmente em 25 Livros Que Todo Cristão Deveria Ler, editora Ultimato.
Para celebrar os 200 anos do nascimento de Fiódor Dostoiévski – Moscou, 1821 –, Ultimato coloca à disposição do leitor um trecho e uma recomendação de Dallas Willard e Richard Foster em 25 Livros Que Todo Cristão Deveria Ler.
Aos 28 anos de idade, Dostoiévsk foi condenado a quatro anos de trabalho forçado na Sibéria por pertencer a um grupo intelectual clandestino. Na prisão, ele teve uma experiência de conversão ao cristianismo, especificamente à Igreja Ortodoxa Russa. Para Willard e Foster, “Dostoiévski é um maravilhoso antídoto ao pensamento superficial sobre espiritualidade”.
A seguir, Por que Os Irmãos Karamázov é essencial, de Foster e Willard. Não deixe de ler também Dostoievski — Somos um ser à deriva, do pastor e jornalista Elben César (1932-2016); e, A espiritualidade do stárietz Zósima em Os irmãos Karamázov, de Gladir Cabral.
Por que Os Irmãos Karamázov é essencial
Os Irmãos Karamázov é considerado uma das mais importantes obras de literatura de todos os tempos pelos críticos – que variam desde Sigmund Freud, Kurt Vonnegut e Ludwig Wittgenstein –, principalmente por causa da quantidade atordoante de questões teológicas que o livro procura tratar – a busca por Deus, o problema do sofrimento humano e do mal, a dúvida, a razão, a vida monástica, o assassinato e a moralidade, para mencionar apenas alguns. Como escreve Michael G. Maudlin, membro do conselho editorial, “Ler Os Irmãos Karamázov me mostrou quão abstrata e vaga era minha compreensão sobre a vida cristã.
Através dos três irmãos Karamázov, Dmítri, Ivan e Aliocha, encontrei retratos tridimensionais da cobiça, dúvida, amor, fidelidade, sofrimento, anseio, esperança, bondade, ira, cura, e muitas outras virtudes e vícios, sem mencionar como uma providência poderosa age em nós. Dostoiévski é um maravilhoso antídoto ao pensamento superficial sobre espiritualidade”.
Como muitos têm mencionado, todo o livro pode ser visto como uma obra do Espírito Santo. Uma das mensagens centrais é que o Espírito Santo está agindo em todas as coisas. Como um romance, Os Irmãos Karamázov está em uma situação privilegiada para transmitir a mensagem de que Deus não é encontrado somente em nossas Bíblias, em nossas igrejas ou em nossos relacionamentos com outros cristãos; Deus está presente em todos os lugares dessa nossa vida complicada e confusa. Deus não pode estar contido em um ou outro aspecto de nossa vida, e tentar viver a vida como se nossa fé fosse relevante para apenas algumas partes é o cúmulo da insanidade.
A partir das palavras e da história de Zósima, o mentor de Aliocha, e das várias discussões entre os três irmãos, até a própria ação do enredo em direção à redenção, Os Irmãos Karamázov contém uma quantidade incrível de insights teológicos. As últimas palavras de Zósima aos seus colegas monges constituem em si de uma cartilha sobre formação espiritual – seu conselho sobre ser servos dos nossos servos, tratar todos com sincera humildade, amar todos e lembrar que estamos trabalhando para a totalidade. No complexo entrelaçamento de todos os personagens e os enredos secundários, encontramos uma das mensagens centrais de Dostoiévski: nossa salvação não é uma questão puramente individual; ela está tão ligada aos que estão ao nosso redor quanto Aliocha estava ligado ao seu pai e irmãos. Assim como cada um dos filhos de Fiódor se sente parcialmente responsável pela morte de seu pai, todos nós somos até certo ponto responsáveis pelos pecados e pela consagração daqueles que estão ao nosso redor. Zósima compreendeu essa mensagem. Em seu leito de morte, ele diz a Aliocha e aos demais monges que, a não ser que você aceite que você é tão responsável pelo crime que está sendo julgado diante de você, você não pode ser um bom juiz. Ele os lembra que eles têm de manter toda a humanidade em seus corações.
Esse amor pelos outros e o materialismo envolvido são o que torna Zósima distinto de seu companheiro monge Padre Ferapont, que se orgulha de suas conquistas acéticas, mas não demonstra nenhum amor, somente um tipo de loucura que apela para a multidão sedenta de milagres depois que o cadáver de Zósima denuncia sua humanidade ao se decompor. Mas, naturalmente, a ligação de Zósima ao seu corpo e seu amor às outras almas encarnadas ao seu redor é parte do que o torna um homem tão respeitável e consagrado. Como ele diz aos que estavam a sua volta no leito de morte, “Há somente um meio de salvação, depois crie coragem e torne-se responsável pelos pecados de todos os homens; esta é a verdade, vocês sabem, amigos, pois assim que vocês se tornaram sinceramente responsáveis por tudo e por todos os homens, vocês verão de uma vez que é justamente isso que acontece, e que vocês têm culpa por todos e por todas as coisas”.
Trecho publicado originalmente em 25 Livros Que Todo Cristão Deveria Ler, editora Ultimato.
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