Opinião
- 21 de novembro de 2008
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Dor que endoidece
É um pensamento questionável, por diversas razões. 1) quer buscar sentido rápido para algo que só pode ser digerido com muita reflexão; 2) quer transformar a vida cristã em algum tipo de ocultismo pagão, uma vez que é preciso descobrir uma vontade secreta de Deus e aprender alguma lição nova para parar a dor; 3) quer negar a natureza humana que foi criada de forma perfeita por Deus, apesar de já contaminada pelo pecado; 4) quer transformar Deus num sádico.
Deus não é um sádico, que baba de felicidade ao ver nosso sofrimento. Deus não é um tipo de demiurgo que precisa ser satisfeito com a descoberta de princípios revelados apenas aos iniciados. Deus nos fez de modo único, com nossas qualidades, e são elas que nos dizem quem somos. Portanto, se as mudarmos, deixaremos de ser nós mesmos. Deus é mistério.
Essa dimensão do mistério está cada vez mais rara em nosso protestantismo tupiniquim “made-in-USA”. Como temos uma mentalidade moldada pelos gregos, queremos quantificar e qualificar tudo, inclusive Deus. Porém, a Palavra foi escrita de um ponto de vista (e uma mentalidade) totalmente diferente da nossa. Na mentalidade judaica, o mistério também fazia parte do cotidiano (Maria, por exemplo, não teve uma síncope, como teríamos, ao conversar com o anjo que lhe anunciava sua gravidez), algo que nós não conseguimos conceber.
Deus se dá a conhecer dando sentido à vida, o que descarta uma saída agnóstica ou existencialista. No entanto, não podemos entender tudo, muito menos o sentido da dor. Diante da realidade transcendente de Deus e da nossa pequena realidade imanente, em face da angústia, só podemos repetir o que Paulo escreveu em Romanos 11.33-35: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?” Enfim, ainda que não entendamos como, Deus está presente, sempre. Até em nossa dor, em nossa dúvida, ou mesmo quando não “sentimos” nada.
• Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Serranópolis, GO.
Deus não é um sádico, que baba de felicidade ao ver nosso sofrimento. Deus não é um tipo de demiurgo que precisa ser satisfeito com a descoberta de princípios revelados apenas aos iniciados. Deus nos fez de modo único, com nossas qualidades, e são elas que nos dizem quem somos. Portanto, se as mudarmos, deixaremos de ser nós mesmos. Deus é mistério.
Essa dimensão do mistério está cada vez mais rara em nosso protestantismo tupiniquim “made-in-USA”. Como temos uma mentalidade moldada pelos gregos, queremos quantificar e qualificar tudo, inclusive Deus. Porém, a Palavra foi escrita de um ponto de vista (e uma mentalidade) totalmente diferente da nossa. Na mentalidade judaica, o mistério também fazia parte do cotidiano (Maria, por exemplo, não teve uma síncope, como teríamos, ao conversar com o anjo que lhe anunciava sua gravidez), algo que nós não conseguimos conceber.
Deus se dá a conhecer dando sentido à vida, o que descarta uma saída agnóstica ou existencialista. No entanto, não podemos entender tudo, muito menos o sentido da dor. Diante da realidade transcendente de Deus e da nossa pequena realidade imanente, em face da angústia, só podemos repetir o que Paulo escreveu em Romanos 11.33-35: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?” Enfim, ainda que não entendamos como, Deus está presente, sempre. Até em nossa dor, em nossa dúvida, ou mesmo quando não “sentimos” nada.
• Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Serranópolis, GO.
Casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, é autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks).
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