Opinião
- 10 de agosto de 2016
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Dons, talentos e habilidades profissionais do Brasil para o mundo
Pano de fundo nacional
No dia 10 de agosto de 2003 – há exatos 13 anos – uma importante reunião teve lugar no CEM (Centro Evangélico de Missões), em Viçosa, Minas Gerais: a agência missionária internacional chamada Interserve iniciou suas atividades em solo brasileiro.
A iniciativa de parceria foi do escritório da Interserve Canadá, principalmente na pessoa de seu diretor na época, Craig Shugart. Do lado brasileiro, o CEM já tinha em seu estatuto uma cláusula de que poderia funcionar como agência missionária, além de escola de formação de missionários. Assim, o CEM passou a ter dois braços: a Escola de Missões, em plena atividade desde 1983, e a Interserve Brasil, que iniciava seu trabalho 20 anos depois da Escola.
Depois de seis anos de parceria entre o CEM e a Interserve Canadá, a Interserve Brasil foi aceita como membro pleno na Interserve Internacional. Desde então, a parceria de trabalho se dá diretamente do CEM com o escritório internacional, que tem sua base na Malásia.
O Brasil ainda é o único país da América Latina com representação da Interserve. Mas outros latinos já estão começando a ser enviados por meio da base brasileira.
A Interserve no Brasil tem se consolidado, trabalhando sempre em parceria com a igreja brasileira no envio e cuidado de profissionais em missão e suas famílias, que vão trabalhar lado a lado, sempre que possível, com as igrejas locais.
A Interserve ajuda com uma vasta rede de colocação no mundo árabe e em partes da Ásia — justamente a área conhecida como Janela 10/40 ou Cinturão da Resistência.
É uma agência reconhecida por se dedicar bastante ao cuidado integral do missionário, com especial ênfase no cuidado dos filhos de missionários, e por preferir trabalhar em parceria e colaboração em todos os níveis, do envio à colocação do missionário. Juntamente com a Escola de Missões do CEM, a Interserve é membro ativa da AMTB – Associação de Missões Transculturais Brasileiras e uma das mentoras do movimento Vocare.
Pano de fundo internacional
A Interserve nasceu em 1852, quando uma organização formada somente por mulheres foi criada no Reino Unido para fazer trabalho pioneiro entre mulheres e crianças na Índia. Até essa data, as mulheres indianas ficavam fechadas nas zenanas (áreas restritas às mulheres), sem liberdade para sair, sem direito a cuidados médicos ou estudos, porque não podiam se relacionar com qualquer homem que não fosse o marido ou os filhos. Calcula-se que menos de 400 mulheres na Índia podiam ler na época, e não havia escolas para meninas. A Interserve passou a ter acesso a estas mulheres por meio do serviço de missionárias inglesas servindo como médicas e educadoras.
Durante a maior parte dos seus primeiros cem anos, a Interserve era conhecida como Zenana Bible and Medical Mission (ZBMM). As missionárias iam aonde quer que pudessem para falar do evangelho a mulheres e crianças, além de ajudá-las. Elas fundaram e dirigiram alguns dos primeiros hospitais para mulheres na Índia, a primeira escola para cegos, além de orfanatos e escolas. Visitaram lares indianos para ensinar a Bíblia nas zenanas.
Em 1952, os homens também se juntaram à missão e assim aumentaram ainda mais as oportunidades. A missão possui hoje vários homens no seu quadro de líderes, mas continua a valorizar o serviço e a liderança feminina.
Nos anos de 1970, a Interserve tornou-se totalmente internacional, aberta a todos os que tinham interesse em se tornar membros, “não importando a nacionalidade”.
A base sempre foi a fé evangélica e a filiação interdenominacional, com preocupação com as necessidades espirituais e sociais da Ásia (e posteriormente do mundo árabe). A estrutura da organização, assim como o nome, mudou consideravelmente, acompanhando as mudanças de cada época. A política da Interserve é, via de regra, não desenvolver seus próprios projetos, de modo que a maioria dos seus integrantes é cedida a outras agências, igrejas e associações.
Modalidades
A Interserve tem oportunidades para obreiros de longo e curto prazo. Por meio do Programa On Track, as pessoas podem servir como voluntários por alguns meses (substituindo um médico que está de licença em seu país, por exemplo). Existe também a opção On Track Plus, em que a pessoa pode servir por um a dois anos, com acompanhamento de um mentor. Essas são modalidades ideais para candidatos mais jovens e inexperientes; isso pode dar a eles o “gostinho do campo”, uma experiência válida para ajudá-los a definir os próximos passos no exercício de sua vocação.
Muitos que participaram no Programa On Track acabam voltando ao campo como obreiros de longo prazo. Outros se comprometem a apoiar financeiramente outros missionários. O slogan acaba se mostrando verdadeiro: “Missão de curto prazo; impacto de longo prazo”.
Panorama atual
A Interserve tem hoje cerca de 740 missionários de longo prazo e 200 voluntários de curso prazo (um mês a um ano de serviço). Eles vêm de 14 países e servem em 30 países. Usam dons, talentos e habilidades profissionais as mais diversas para servir ao próximo e proclamar o evangelho onde Cristo ainda não foi anunciado.
Mas ainda há muitas necessidade e oportunidades para as mais variadas profissões, como professores de escolas secundárias, professores universitários, pessoal de saúde, pessoas da área de negócios, engenheiros. Eles devem ter o preparo missiológico adequado para ingressarem na missão e devem ser pessoas que têm um relacionamento crescente com Deus, um coração de servo, amoroso, pronto a servir debaixo da liderança da igreja local e da organização. Devem ser pessoas comprometidas em ver o poder transformador de Deus alcançar todas as áreas de sua vida, para que possam testemunhar eficazmente de Jesus.
Nessa nova fase da história, com vastas populações deslocadas e refugiadas em muitos países, a Interserve também se dedica a servir a esses imigrantes e refugiados onde quer que se encontrem. O próprio sofrimento tem feito com que essas pessoas se tornem mais abertas ao evangelho, em resposta ao serviço de amor oferecido pelos cristãos. Para atender a essa necessidade, há dois anos a Interserve Brasil iniciou um projeto em São Paulo com refugiados árabes. O trabalho é realizado por meio de 40 voluntários de diferentes igrejas que doam parte de seu tempo no projeto.
• D. Bastos é casada, mãe de três filhos e dirige uma agência de missões transculturais.
Leia também
Preparo profissional para servir em campos de acesso restrito
Profissionais em missão
A Missão Invertida
Foto: Phil Beard / Freeimages.com
No dia 10 de agosto de 2003 – há exatos 13 anos – uma importante reunião teve lugar no CEM (Centro Evangélico de Missões), em Viçosa, Minas Gerais: a agência missionária internacional chamada Interserve iniciou suas atividades em solo brasileiro.
A iniciativa de parceria foi do escritório da Interserve Canadá, principalmente na pessoa de seu diretor na época, Craig Shugart. Do lado brasileiro, o CEM já tinha em seu estatuto uma cláusula de que poderia funcionar como agência missionária, além de escola de formação de missionários. Assim, o CEM passou a ter dois braços: a Escola de Missões, em plena atividade desde 1983, e a Interserve Brasil, que iniciava seu trabalho 20 anos depois da Escola.
Depois de seis anos de parceria entre o CEM e a Interserve Canadá, a Interserve Brasil foi aceita como membro pleno na Interserve Internacional. Desde então, a parceria de trabalho se dá diretamente do CEM com o escritório internacional, que tem sua base na Malásia.
O Brasil ainda é o único país da América Latina com representação da Interserve. Mas outros latinos já estão começando a ser enviados por meio da base brasileira.
A Interserve no Brasil tem se consolidado, trabalhando sempre em parceria com a igreja brasileira no envio e cuidado de profissionais em missão e suas famílias, que vão trabalhar lado a lado, sempre que possível, com as igrejas locais.
A Interserve ajuda com uma vasta rede de colocação no mundo árabe e em partes da Ásia — justamente a área conhecida como Janela 10/40 ou Cinturão da Resistência.
É uma agência reconhecida por se dedicar bastante ao cuidado integral do missionário, com especial ênfase no cuidado dos filhos de missionários, e por preferir trabalhar em parceria e colaboração em todos os níveis, do envio à colocação do missionário. Juntamente com a Escola de Missões do CEM, a Interserve é membro ativa da AMTB – Associação de Missões Transculturais Brasileiras e uma das mentoras do movimento Vocare.
Pano de fundo internacional
A Interserve nasceu em 1852, quando uma organização formada somente por mulheres foi criada no Reino Unido para fazer trabalho pioneiro entre mulheres e crianças na Índia. Até essa data, as mulheres indianas ficavam fechadas nas zenanas (áreas restritas às mulheres), sem liberdade para sair, sem direito a cuidados médicos ou estudos, porque não podiam se relacionar com qualquer homem que não fosse o marido ou os filhos. Calcula-se que menos de 400 mulheres na Índia podiam ler na época, e não havia escolas para meninas. A Interserve passou a ter acesso a estas mulheres por meio do serviço de missionárias inglesas servindo como médicas e educadoras.
Durante a maior parte dos seus primeiros cem anos, a Interserve era conhecida como Zenana Bible and Medical Mission (ZBMM). As missionárias iam aonde quer que pudessem para falar do evangelho a mulheres e crianças, além de ajudá-las. Elas fundaram e dirigiram alguns dos primeiros hospitais para mulheres na Índia, a primeira escola para cegos, além de orfanatos e escolas. Visitaram lares indianos para ensinar a Bíblia nas zenanas.
Em 1952, os homens também se juntaram à missão e assim aumentaram ainda mais as oportunidades. A missão possui hoje vários homens no seu quadro de líderes, mas continua a valorizar o serviço e a liderança feminina.
Nos anos de 1970, a Interserve tornou-se totalmente internacional, aberta a todos os que tinham interesse em se tornar membros, “não importando a nacionalidade”.
A base sempre foi a fé evangélica e a filiação interdenominacional, com preocupação com as necessidades espirituais e sociais da Ásia (e posteriormente do mundo árabe). A estrutura da organização, assim como o nome, mudou consideravelmente, acompanhando as mudanças de cada época. A política da Interserve é, via de regra, não desenvolver seus próprios projetos, de modo que a maioria dos seus integrantes é cedida a outras agências, igrejas e associações.
Modalidades
A Interserve tem oportunidades para obreiros de longo e curto prazo. Por meio do Programa On Track, as pessoas podem servir como voluntários por alguns meses (substituindo um médico que está de licença em seu país, por exemplo). Existe também a opção On Track Plus, em que a pessoa pode servir por um a dois anos, com acompanhamento de um mentor. Essas são modalidades ideais para candidatos mais jovens e inexperientes; isso pode dar a eles o “gostinho do campo”, uma experiência válida para ajudá-los a definir os próximos passos no exercício de sua vocação.
Muitos que participaram no Programa On Track acabam voltando ao campo como obreiros de longo prazo. Outros se comprometem a apoiar financeiramente outros missionários. O slogan acaba se mostrando verdadeiro: “Missão de curto prazo; impacto de longo prazo”.
Panorama atual
A Interserve tem hoje cerca de 740 missionários de longo prazo e 200 voluntários de curso prazo (um mês a um ano de serviço). Eles vêm de 14 países e servem em 30 países. Usam dons, talentos e habilidades profissionais as mais diversas para servir ao próximo e proclamar o evangelho onde Cristo ainda não foi anunciado.
Mas ainda há muitas necessidade e oportunidades para as mais variadas profissões, como professores de escolas secundárias, professores universitários, pessoal de saúde, pessoas da área de negócios, engenheiros. Eles devem ter o preparo missiológico adequado para ingressarem na missão e devem ser pessoas que têm um relacionamento crescente com Deus, um coração de servo, amoroso, pronto a servir debaixo da liderança da igreja local e da organização. Devem ser pessoas comprometidas em ver o poder transformador de Deus alcançar todas as áreas de sua vida, para que possam testemunhar eficazmente de Jesus.
Nessa nova fase da história, com vastas populações deslocadas e refugiadas em muitos países, a Interserve também se dedica a servir a esses imigrantes e refugiados onde quer que se encontrem. O próprio sofrimento tem feito com que essas pessoas se tornem mais abertas ao evangelho, em resposta ao serviço de amor oferecido pelos cristãos. Para atender a essa necessidade, há dois anos a Interserve Brasil iniciou um projeto em São Paulo com refugiados árabes. O trabalho é realizado por meio de 40 voluntários de diferentes igrejas que doam parte de seu tempo no projeto.
• D. Bastos é casada, mãe de três filhos e dirige uma agência de missões transculturais.
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