Opinião
- 02 de fevereiro de 2007
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Donos do mundo
por Ricardo Gondim
"Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra".
Algumas virtudes são filhas bastardas. Ninguém dá muita bola para elas, permitindo que mofem no rol das verdades que não se conectam com a vida normal. São consideradas práticas reservadas aos mosteiros, ou para quem ambiciona ser canonizado.
Quem, num mundo como o atual, gostaria de ser manso? Esta virtude que soa como fraqueza, falta de consistência ou subserviência?
Os muito machos não desejam ser mansos porque evitam parecer afeminados. As mulheres não toleram a sugestão de serem mansas porque suspeitam que exista por detrás de tal proposta, uma ideologia para reforçar a secular dominação patriarcal sobre elas.
Convém procurar desmistificar o que seja mansidão. A raiz da palavra descreve apenas uma pessoa simples, humilde, ou gentil.
Manso é quem não conquista nada pela violência e que, em seus projetos pessoais, mostra-se cuidadoso com o próximo.
As maiores ameaças à nossa humanidade estão ligadas ao poder e suas seduções. O poder nos torna arrogantes, frios, duros e inclementes. Somente a fragilidade nos torna dóceis, amáveis e de fácil relacionamento.
Tornamo-nos frágeis quando ambicionamos o poder e nos fortalecemos quando acolhemos o singelo.
Os mansos são maleáveis, ensináveis e permitem o amadurecimento, enquanto a rigidez do poderoso o infantiliza. O simples pede: “Fale, que eu quero crescer”. O soberbo afirma: “Não preciso aprender mais nada”.
A altivez gera afastamentos, enquanto que a humildade nos capacita a conviver com o próximo. A empáfia nos impede de admitir que nosso próximo nos corrija. Assim, estancamos e nunca amadurecemos.
Quando crescemos em mansidão, aprendemos contentamento. Inúmeras tristezas nascem da frustração de sabermos que não possuímos o controle do nosso futuro; angustiados, somos tangidos, percebendo que nossa felicidade flutua de acordo com as marés circunstanciais.
Só os mansos abrem mão de suas falsas onipotências.
Só os mansos aprenderam a navegar despretensiosamente pela existência.
Só os mansos estão dispostos a perder a vida.
Só os mansos herdarão a terra.
Soli Deo Gloria.
"Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra".
Algumas virtudes são filhas bastardas. Ninguém dá muita bola para elas, permitindo que mofem no rol das verdades que não se conectam com a vida normal. São consideradas práticas reservadas aos mosteiros, ou para quem ambiciona ser canonizado.
Quem, num mundo como o atual, gostaria de ser manso? Esta virtude que soa como fraqueza, falta de consistência ou subserviência?
Os muito machos não desejam ser mansos porque evitam parecer afeminados. As mulheres não toleram a sugestão de serem mansas porque suspeitam que exista por detrás de tal proposta, uma ideologia para reforçar a secular dominação patriarcal sobre elas.
Convém procurar desmistificar o que seja mansidão. A raiz da palavra descreve apenas uma pessoa simples, humilde, ou gentil.
Manso é quem não conquista nada pela violência e que, em seus projetos pessoais, mostra-se cuidadoso com o próximo.
As maiores ameaças à nossa humanidade estão ligadas ao poder e suas seduções. O poder nos torna arrogantes, frios, duros e inclementes. Somente a fragilidade nos torna dóceis, amáveis e de fácil relacionamento.
Tornamo-nos frágeis quando ambicionamos o poder e nos fortalecemos quando acolhemos o singelo.
Os mansos são maleáveis, ensináveis e permitem o amadurecimento, enquanto a rigidez do poderoso o infantiliza. O simples pede: “Fale, que eu quero crescer”. O soberbo afirma: “Não preciso aprender mais nada”.
A altivez gera afastamentos, enquanto que a humildade nos capacita a conviver com o próximo. A empáfia nos impede de admitir que nosso próximo nos corrija. Assim, estancamos e nunca amadurecemos.
Quando crescemos em mansidão, aprendemos contentamento. Inúmeras tristezas nascem da frustração de sabermos que não possuímos o controle do nosso futuro; angustiados, somos tangidos, percebendo que nossa felicidade flutua de acordo com as marés circunstanciais.
Só os mansos abrem mão de suas falsas onipotências.
Só os mansos aprenderam a navegar despretensiosamente pela existência.
Só os mansos estão dispostos a perder a vida.
Só os mansos herdarão a terra.
Soli Deo Gloria.
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