Opinião
- 11 de outubro de 2023
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Dois perigos que todo cristão enfrenta
Não existem zonas neutras da vida. Absolutamente tudo o que fazemos tem ponto de partida religioso
Por Pedro Dulci
Existem dois equívocos – que são irmãos gêmeos – que atrapalham muitíssimo os cristãos viverem a verdadeira espiritualidade.
O primeiro é pensar que existe alguma área da vida que esteja desconectada de Deus e de sua glória. Ou seja, de que podemos habitar uma zona neutra, sem dimensões religiosas, sem nos preocuparmos em obedecer a Deus naquela área.
Obviamente, essas zonas neutras da vida não existem. Absolutamente tudo o que fazemos tem ponto de partida religioso. Seja o café que tomamos, o livro que lemos ou o trabalho que executamos, estamos fazendo isso diante de Deus.
Tudo o que realizamos no dia precisa ser encarado como devocional. O mesmo senso de sacralidade que damos para a leitura bíblica e a oração precisa ser dado às conversas no telefone, aos deveres de casa e aos negócios.
Esse desafio de viver integralmente diante de Deus gera o segundo problema na espiritualidade cristã moderna: acreditar que essa vida vivida diante de Deus é uma espécie de rotina transcendentalista.
Sabe aquela imagem de discernimento espiritual como quem está em transe? Que come, bebe e canta de olhos fechados, concentrado no sobrenatural e invisível? Um tipo de mística evangélica que despreza o momento presente para tentar atingir um estado de iluminação catártica?
A verdadeira espiritualidade não tem nada a ver com isso. Dizer que não existe espaço neutro em nossa vida não é sinônimo de encarar tudo como uma série de processos secretos que preciso estar atento para saber onde estão os demônios e onde está o Senhor.
O ajuste fino entre esses dois extremos é o principal desafio para o discípulo contemporâneo de Jesus. Passar a encarar tudo o que fazemos de forma devocional sem escorregar a um transcendentalismo alienante é algo muito difícil.
Somos seduzidos a oscilar entre o naturalismo e o misticismo. Não conseguimos manter por muito tempo a convicção de que Deus está presente em cada momento, e que quer ser obedecido naquela hora, para sua glória, sem que isso signifique ser absorvido por uma atmosfera de adoração que volta suas costas ao cotidiano.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Fé Cristã e Ação Política - A relevância pública da espiritualidade cristã, Pedro Lucas Dulci.
» Geografia do Recolhimento – O lugar da vida devocional, Cayo César Santos
» A Espiritualidade na Prática – Encontrando Deus nas coisas simples e comuns da vida, Paul Stevens
» Um chamado à vida comum
Por Pedro Dulci
Existem dois equívocos – que são irmãos gêmeos – que atrapalham muitíssimo os cristãos viverem a verdadeira espiritualidade.
O primeiro é pensar que existe alguma área da vida que esteja desconectada de Deus e de sua glória. Ou seja, de que podemos habitar uma zona neutra, sem dimensões religiosas, sem nos preocuparmos em obedecer a Deus naquela área.
Obviamente, essas zonas neutras da vida não existem. Absolutamente tudo o que fazemos tem ponto de partida religioso. Seja o café que tomamos, o livro que lemos ou o trabalho que executamos, estamos fazendo isso diante de Deus.
Tudo o que realizamos no dia precisa ser encarado como devocional. O mesmo senso de sacralidade que damos para a leitura bíblica e a oração precisa ser dado às conversas no telefone, aos deveres de casa e aos negócios.
Esse desafio de viver integralmente diante de Deus gera o segundo problema na espiritualidade cristã moderna: acreditar que essa vida vivida diante de Deus é uma espécie de rotina transcendentalista.
Sabe aquela imagem de discernimento espiritual como quem está em transe? Que come, bebe e canta de olhos fechados, concentrado no sobrenatural e invisível? Um tipo de mística evangélica que despreza o momento presente para tentar atingir um estado de iluminação catártica?
A verdadeira espiritualidade não tem nada a ver com isso. Dizer que não existe espaço neutro em nossa vida não é sinônimo de encarar tudo como uma série de processos secretos que preciso estar atento para saber onde estão os demônios e onde está o Senhor.
O ajuste fino entre esses dois extremos é o principal desafio para o discípulo contemporâneo de Jesus. Passar a encarar tudo o que fazemos de forma devocional sem escorregar a um transcendentalismo alienante é algo muito difícil.
Somos seduzidos a oscilar entre o naturalismo e o misticismo. Não conseguimos manter por muito tempo a convicção de que Deus está presente em cada momento, e que quer ser obedecido naquela hora, para sua glória, sem que isso signifique ser absorvido por uma atmosfera de adoração que volta suas costas ao cotidiano.
REVISTA ULTIMATO | DOXOLOGIA NO CULTO PÚBLICO E NA VIDA DIÁRIA
A matéria de capa desta edição convida o leitor ao exercício da doxologia: a afirmação vibrante sobre o que Deus é e o que ele faz. Uma afirmação que traduz a nossa opinião sobre Deus forjada pelas Escrituras e pelas experiências com ele. Isso vai contra a correnteza do mundo em que vivemos, tão pouco propício à solitude, à contemplação e à adoração.
É disso que trata a matéria de capa da edição 403 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Fé Cristã e Ação Política - A relevância pública da espiritualidade cristã, Pedro Lucas Dulci.
» Geografia do Recolhimento – O lugar da vida devocional, Cayo César Santos
» A Espiritualidade na Prática – Encontrando Deus nas coisas simples e comuns da vida, Paul Stevens
» Um chamado à vida comum
Autor de Fé Cristã e Ação Política, Pedro Lucas Dulci, é filósofo e pastor presbiteriano. Casado com Carolinne e pai de Benjamin, desenvolve pesquisa em ética e filosofia política contemporânea e estudos sobre o diálogo entre ciência e religião, com estágio na Vrije Universiteit Amsterdam. É teólogo e coordenador pedagógico no Invisible College.
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