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Dez anos da morte de Robinson Cavalcanti (1944-2012)
Por Marcos Bontempo
Há exatos 10 anos morria o bispo Robinson Cavalcanti. Teólogo e cientista político, Robinson Cavalcanti foi professor da Universidade Federal de Pernambuco, além de coordenador do Centro de Filosofia e Ciências Humanas daquela universidade. Talvez, um dos pensadores protestantes brasileiros mais importantes da segunda metade do século 20.
Colunista da revista Ultimato durante 27 anos, Robinson foi também um dos redatores de importantes documentos, como “A Responsabilidade Social da Igreja” (Grand Rapids, EUA), “O Evangelho e a Cultura” (Willowbank, Bermudas) e “Estilo de Vida Simples como Opção Cristã” (Lausanne, 1974). E, quem pensa que os “haters” ou o “cancelamento” nasceu com as redes sociais, não conhece a seção de “Cartas”, publicada ao longo de 54 anos da revista e registrada em livro – uma coletânea – em 2008, com o título Cartas a Ultimato – Uma Radiografia do Cristianismo Brasileiro.
Não foram poucas as críticas de leitores e também não foram poucos os elogios ao longo dos anos. E, ainda hoje, especialmente quando os evangélicos são colocados na berlinda, é fácil ouvir aqui e ali sobre a falta que ele faz. Não posso me furtar a repetir sobre o nosso encontro em julho de 1985. Estava em Recife (PE), para aquela que seria minha primeira incursão jornalística*, a serviço da revista Ultimato.
Sinal fechado. Um chevette laranja – para os mais novos, um carro popular da Chevrolet dos anos 70 e 80 –, sem ar condicionado e quase tão quente como a tarde em Boa Viagem. O motorista vira-se para o dublê de jornalista que o acompanha e, não sem humor, dispara: “Eu sou conservador...”. A luz verde do semáforo rouba nossa atenção e aproveito para recuperar o fôlego. O que naqueles dias da década de 1980 poderia soar como alívio, desafina. Afinal, estava ali exatamente para ouvir o pregoeiro do “aggiornamento” da igreja: “Quando a igreja se fossiliza, ela se torna irrelevante, é atropelada pela história e se torna infiel ao seu mandato”.
Carro em movimento e o ilustre condutor arremata: “... na doutrina”. Com um sorriso amarelo, eu começava ali a aprender sobre a “relatividade dos rótulos”, que viria a ser o primeiro capítulo do seu primeiro livro publicado pela editora Ultimato, poucos anos depois.
Robinson Cavalcanti foi pastor de muitas gerações de cristãos pelo país. Deixou um legado rico de reflexões que conectam a teologia evangélica brasileira com as principais questões da igreja e da sociedade. Algumas de suas marcas podem ser vistas ou lidas nas páginas do Memorial Robinson Cavalcanti, inaugurado em 2012, ano da sua morte e, agora, atualizado, em parceria com o Instituto Robinson Cavalcanti, além do lançamento da obra de Fernando Coelho Costa, Política, Religião e Sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti (editora CRV). Para celebrar a sua vida e legado, Ultimato também publicou em 2013 o e-book Igreja Evangélica: Identidade, Unidade e Serviço, uma preciosa coletânea de textos do autor sobre a história e os desafios da igreja evangélica brasileira no século 21.
Para conhecer a obra e acompanhar a celebração da vida e do legado do professor e bispo Robinson Cavalcanti acesse Memorial Robinson Cavalcanti.
*A entrevista com Robinson Cavalcanti foi capa da edição 169 de Ultimato, em outubro de 1985: Constituinte, protestantismo brasileiro e participação política. Desde então Robinson Cavalcanti se tornou colaborador da revista, até a sua morte, em 2012.
Há exatos 10 anos morria o bispo Robinson Cavalcanti. Teólogo e cientista político, Robinson Cavalcanti foi professor da Universidade Federal de Pernambuco, além de coordenador do Centro de Filosofia e Ciências Humanas daquela universidade. Talvez, um dos pensadores protestantes brasileiros mais importantes da segunda metade do século 20.
Colunista da revista Ultimato durante 27 anos, Robinson foi também um dos redatores de importantes documentos, como “A Responsabilidade Social da Igreja” (Grand Rapids, EUA), “O Evangelho e a Cultura” (Willowbank, Bermudas) e “Estilo de Vida Simples como Opção Cristã” (Lausanne, 1974). E, quem pensa que os “haters” ou o “cancelamento” nasceu com as redes sociais, não conhece a seção de “Cartas”, publicada ao longo de 54 anos da revista e registrada em livro – uma coletânea – em 2008, com o título Cartas a Ultimato – Uma Radiografia do Cristianismo Brasileiro.
Não foram poucas as críticas de leitores e também não foram poucos os elogios ao longo dos anos. E, ainda hoje, especialmente quando os evangélicos são colocados na berlinda, é fácil ouvir aqui e ali sobre a falta que ele faz. Não posso me furtar a repetir sobre o nosso encontro em julho de 1985. Estava em Recife (PE), para aquela que seria minha primeira incursão jornalística*, a serviço da revista Ultimato.
Sinal fechado. Um chevette laranja – para os mais novos, um carro popular da Chevrolet dos anos 70 e 80 –, sem ar condicionado e quase tão quente como a tarde em Boa Viagem. O motorista vira-se para o dublê de jornalista que o acompanha e, não sem humor, dispara: “Eu sou conservador...”. A luz verde do semáforo rouba nossa atenção e aproveito para recuperar o fôlego. O que naqueles dias da década de 1980 poderia soar como alívio, desafina. Afinal, estava ali exatamente para ouvir o pregoeiro do “aggiornamento” da igreja: “Quando a igreja se fossiliza, ela se torna irrelevante, é atropelada pela história e se torna infiel ao seu mandato”.
Carro em movimento e o ilustre condutor arremata: “... na doutrina”. Com um sorriso amarelo, eu começava ali a aprender sobre a “relatividade dos rótulos”, que viria a ser o primeiro capítulo do seu primeiro livro publicado pela editora Ultimato, poucos anos depois.
Robinson Cavalcanti foi pastor de muitas gerações de cristãos pelo país. Deixou um legado rico de reflexões que conectam a teologia evangélica brasileira com as principais questões da igreja e da sociedade. Algumas de suas marcas podem ser vistas ou lidas nas páginas do Memorial Robinson Cavalcanti, inaugurado em 2012, ano da sua morte e, agora, atualizado, em parceria com o Instituto Robinson Cavalcanti, além do lançamento da obra de Fernando Coelho Costa, Política, Religião e Sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti (editora CRV). Para celebrar a sua vida e legado, Ultimato também publicou em 2013 o e-book Igreja Evangélica: Identidade, Unidade e Serviço, uma preciosa coletânea de textos do autor sobre a história e os desafios da igreja evangélica brasileira no século 21.
Para conhecer a obra e acompanhar a celebração da vida e do legado do professor e bispo Robinson Cavalcanti acesse Memorial Robinson Cavalcanti.
*A entrevista com Robinson Cavalcanti foi capa da edição 169 de Ultimato, em outubro de 1985: Constituinte, protestantismo brasileiro e participação política. Desde então Robinson Cavalcanti se tornou colaborador da revista, até a sua morte, em 2012.
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