Opinião
- 01 de agosto de 2011
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Deus, irrelevante? Acredite, se quiser!
“Deus está morto”. A frase do filólogo e filósofo Friedrich Nietzsche firmou-se como grito de torcida de certos grupos que rejeitam o Cristianismo.
Investida mais modesta que a de Nietzsche foi difundida pelo aristocrata e matemático britânico Bertrand Russell: propôs que Deus seria irrelevante. Considerou que “Deus e a imortalidade, os dogmas centrais da religião cristã não encontram apoio na ciência. (...) Eles estão fora da região de conhecimento provável e não há nenhuma razão para considerar qualquer um deles.”1
Em primeiro lugar é fato que Deus e imortalidade são realidades para muitas culturas e religiões; não são exclusividade da “religião cristã”. Em segundo lugar, vale à pena lembrar que no “centro da religião cristã” não estão dogmas, como escreve Russell, mas a pessoa e as realizações de Jesus, descritos com expressiva confiabilidade histórica2 em quatro livros chamados Evangelhos. Em terceiro lugar, o termo “conhecimento provável” é especialmente pertinente à matemática, e entre os grandes matemáticos é significativo o número dos que – ao contrário de Russell – reiteraram a importância de considerar Deus e a imortalidade: Leibniz, Bernoulli, Pascal, Euler, Gauss, Cauchy, Boole, Hermite, Riemann, Hamilton e Gibbs, para citar alguns.
Ao desconsiderar tudo aquilo que está fora do tal “conhecimento provável”, Russell e seus companheiros de opinião lançam fora Deus e a imortalidade, bem como um fundamento sólido para compaixão, misericórdia, bondade, amor, etc. Consequências funestas para as predisposições, motivações e ações são inevitáveis; podem ser conferidas com o próprio Russell que escreveu: “Ultimamente tenho sido meramente oprimido pelo cansaço, tédio e a vaidade das coisas, nada parece valer à pena fazer ou ter sido feito. A única coisa que eu sinto fortemente que vale à pena, seria matar tantas pessoas quantas possíveis de modo a diminuir a quantidade de consciência no mundo.”1 “Há um ódio feroz em mim, um ódio que é também uma fonte de vida e energia – não seria realmente bom se eu deixasse de odiar... Eu costumava ter medo de mim mesmo e do lado escuro do meu instinto, [mas] agora eu não tenho.”1
A perplexidade aumenta ainda mais diante da modernidade que Russell tenta conferir à sua proposta. O antiquíssimo livro de Jó já descreve pessoas decididas pela irrelevância de Deus: “Quem é o Deus Todo-poderoso para que o adoremos? Que adianta fazer orações a ele?”3 “Ciência” e “conhecimento provável” não integram o vocabulário do livro de Jó, mas o contexto deixa claro que a razão alegada para a decisão daquelas pessoas foi a falta de percepção de que Deus faria alguma diferença.
Mas, por que considerar que Deus e imortalidade são, sim, relevantes? O matemático Gauss disse: “Existem questões a cuja resposta eu daria um valor infinitamente maior do que às matemáticas, por exemplo, questões sobre ética, sobre nosso relacionamento com Deus, sobre nosso destino e nosso futuro. Para a alma existe uma satisfação de espécie superior, para a qual dispenso o que é material.”4 Para Gauss, assuntos relevantes não se limitam àqueles tangíveis pelo método científico ou pela matemática.
Por que Russell acreditava o contrário? O motivo está num fenômeno descrito pelo matemático Pascal: “A vontade, que prefere um aspecto a outro, afasta a mente de considerar as qualidades daquilo que não gosta de ver.”5 De certa forma, Pascal resume o que Paulo de Tarso já havia dito sobre contemporâneos seus que (como Russell) “reprimiram a verdade”6: “Sua realidade invisível – seu eterno poder e sua divindade – tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa. Pois, tendo conhecido a Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças; pelo contrário, eles se perderam em vãos arrazoados, e seu coração insensato ficou nas trevas.”7
Felizmente a condição descrita por Paulo não precisa ser terminal. Isto é exemplificado pelo escritor C.S. Lewis, pela cantora Nina Hagen, pelos cientistas Francis Collins e Alister McGrath, e tantos outros que, deixando de “reprimir a verdade” voltaram-se a Jesus, tiveram suas vidas transformadas, e aderiram à confissão que o ex-cético Tomé fez diante do Cristo ressurreto: “Meu Senhor e meu Deus!”8
Notas
(1) Citado em D.J. Peterson - “Bertrand Russell: Prophet of the New World Order,” New Oxford Review, 2000.
(2) Veja por exemplo F.F. Bruce - Merece confiança o Novo Testamento? Editora Vida Nova, 2004.
(3) Jó 21:15 (Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
(4) Citado em J. Gutzwiller - Das Herz, etwas zu wagen, Friedrich Bahn Verlag: Neukirchen-Vluyn, 2000.
(5) Blaise Pascal - Pensèes, fragmento 99.
(6) Romanos 1:18b (Bíblia da CNBB).
(7) Romanos 1:20-21 (Bíblia de Jerusalém).
(8) João 20:28 (Bíblia de Jerusalém).
__________
Karl Heinz Kienitz recebeu o doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. Trabalha como professor de engenharia em São José dos Campos. É membro da Primeira Igreja Batista naquela cidade. É também docente voluntário em seminários de liderança do Instituto Haggai no Brasil e no exterior.
Investida mais modesta que a de Nietzsche foi difundida pelo aristocrata e matemático britânico Bertrand Russell: propôs que Deus seria irrelevante. Considerou que “Deus e a imortalidade, os dogmas centrais da religião cristã não encontram apoio na ciência. (...) Eles estão fora da região de conhecimento provável e não há nenhuma razão para considerar qualquer um deles.”1
Em primeiro lugar é fato que Deus e imortalidade são realidades para muitas culturas e religiões; não são exclusividade da “religião cristã”. Em segundo lugar, vale à pena lembrar que no “centro da religião cristã” não estão dogmas, como escreve Russell, mas a pessoa e as realizações de Jesus, descritos com expressiva confiabilidade histórica2 em quatro livros chamados Evangelhos. Em terceiro lugar, o termo “conhecimento provável” é especialmente pertinente à matemática, e entre os grandes matemáticos é significativo o número dos que – ao contrário de Russell – reiteraram a importância de considerar Deus e a imortalidade: Leibniz, Bernoulli, Pascal, Euler, Gauss, Cauchy, Boole, Hermite, Riemann, Hamilton e Gibbs, para citar alguns.
Ao desconsiderar tudo aquilo que está fora do tal “conhecimento provável”, Russell e seus companheiros de opinião lançam fora Deus e a imortalidade, bem como um fundamento sólido para compaixão, misericórdia, bondade, amor, etc. Consequências funestas para as predisposições, motivações e ações são inevitáveis; podem ser conferidas com o próprio Russell que escreveu: “Ultimamente tenho sido meramente oprimido pelo cansaço, tédio e a vaidade das coisas, nada parece valer à pena fazer ou ter sido feito. A única coisa que eu sinto fortemente que vale à pena, seria matar tantas pessoas quantas possíveis de modo a diminuir a quantidade de consciência no mundo.”1 “Há um ódio feroz em mim, um ódio que é também uma fonte de vida e energia – não seria realmente bom se eu deixasse de odiar... Eu costumava ter medo de mim mesmo e do lado escuro do meu instinto, [mas] agora eu não tenho.”1
A perplexidade aumenta ainda mais diante da modernidade que Russell tenta conferir à sua proposta. O antiquíssimo livro de Jó já descreve pessoas decididas pela irrelevância de Deus: “Quem é o Deus Todo-poderoso para que o adoremos? Que adianta fazer orações a ele?”3 “Ciência” e “conhecimento provável” não integram o vocabulário do livro de Jó, mas o contexto deixa claro que a razão alegada para a decisão daquelas pessoas foi a falta de percepção de que Deus faria alguma diferença.
Mas, por que considerar que Deus e imortalidade são, sim, relevantes? O matemático Gauss disse: “Existem questões a cuja resposta eu daria um valor infinitamente maior do que às matemáticas, por exemplo, questões sobre ética, sobre nosso relacionamento com Deus, sobre nosso destino e nosso futuro. Para a alma existe uma satisfação de espécie superior, para a qual dispenso o que é material.”4 Para Gauss, assuntos relevantes não se limitam àqueles tangíveis pelo método científico ou pela matemática.
Por que Russell acreditava o contrário? O motivo está num fenômeno descrito pelo matemático Pascal: “A vontade, que prefere um aspecto a outro, afasta a mente de considerar as qualidades daquilo que não gosta de ver.”5 De certa forma, Pascal resume o que Paulo de Tarso já havia dito sobre contemporâneos seus que (como Russell) “reprimiram a verdade”6: “Sua realidade invisível – seu eterno poder e sua divindade – tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa. Pois, tendo conhecido a Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças; pelo contrário, eles se perderam em vãos arrazoados, e seu coração insensato ficou nas trevas.”7
Felizmente a condição descrita por Paulo não precisa ser terminal. Isto é exemplificado pelo escritor C.S. Lewis, pela cantora Nina Hagen, pelos cientistas Francis Collins e Alister McGrath, e tantos outros que, deixando de “reprimir a verdade” voltaram-se a Jesus, tiveram suas vidas transformadas, e aderiram à confissão que o ex-cético Tomé fez diante do Cristo ressurreto: “Meu Senhor e meu Deus!”8
Notas
(1) Citado em D.J. Peterson - “Bertrand Russell: Prophet of the New World Order,” New Oxford Review, 2000.
(2) Veja por exemplo F.F. Bruce - Merece confiança o Novo Testamento? Editora Vida Nova, 2004.
(3) Jó 21:15 (Nova Tradução na Linguagem de Hoje).
(4) Citado em J. Gutzwiller - Das Herz, etwas zu wagen, Friedrich Bahn Verlag: Neukirchen-Vluyn, 2000.
(5) Blaise Pascal - Pensèes, fragmento 99.
(6) Romanos 1:18b (Bíblia da CNBB).
(7) Romanos 1:20-21 (Bíblia de Jerusalém).
(8) João 20:28 (Bíblia de Jerusalém).
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Karl Heinz Kienitz recebeu o doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. Trabalha como professor de engenharia em São José dos Campos. É membro da Primeira Igreja Batista naquela cidade. É também docente voluntário em seminários de liderança do Instituto Haggai no Brasil e no exterior.
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