Opinião
- 10 de novembro de 2014
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Democracia e Reconciliação
Findada a intensa campanha eleitoral da qual saímos recentemente, cristalizam-se duas percepções: por um lado celebramos o exercício democrático destas eleições e, por outro, lamentamos a divisão e agressividade que a mesma suscitou entre nós, na sociedade brasileira. Motivados por estas percepções, nos manifestamos por meio desta “Carta Pastoral”. Conclamamos a sociedade brasileira a vivenciar processos de reconciliação e construção de uma sociedade que se saiba una e comprometida com o bem estar de todos e uns dos outros.
Reconhecendo a democracia como uma dádiva da bondade divina, constituída para a mais justa e melhor organização das sociedades humanas – somos conscientes das limitações da aplicação do atual modelo político –, celebramos o amadurecimento democrático da nação brasileira, sinalizado por meio da realização de eleições livres e legítimas ocorridas no país.
Tivemos uma acirrada campanha eleitoral, na disputa pelo governo das unidades da federação e pela Presidência da República. Ainda que observadas falhas pontuais no seguimento de princípios éticos – por parte dos candidatos em geral, reveladas na falta do respeito devido no trato interpessoal e nos pronunciamentos, onde houve distorção de dados e falta de veracidade – comemoramos o fortalecimento do sistema democrático brasileiro, o estado de direito e o aumento do interesse da população nas decisões políticas.
Democracia se desenvolve com compromisso e respeito às escolhas feitas pela maioria dos eleitores, com transparência e honestidade. Na democracia o que se busca é que o povo avalie e escolha o que considera ser a melhor opção no momento. Tendo havido oportunidade para todos colocarem as suas opiniões com liberdade e, feita a escolha, segue-se em frente. A vontade coletiva transcende à vontade individual. Isto significa acatar a escolha dos eleitores, reconhecendo que a pluralidade de perspectivas é uma realidade da condição humana.
Lamentamos quando a voz das urnas é tratada de maneira intransigente e raivosa ou quando os que têm outro parecer são desqualificados por grupos que só aceitam o jogo democrático quando o resultado é semelhante a sua vontade. Os ânimos não apaziguados da disputa eleitoral têm prolongado situações de discriminação e inimizade.
Repudiamos qualquer nuance de clamor por intervenções militares arbitrárias e por regimes ditatoriais ou a desqualificação do próprio modelo democrático. Conclamamos ao respeito pelo resultado apurado nas urnas e ao trato social cordial daqueles que pensam de modo diverso. Vemos sempre o Brasil como um todo, indissolúvel, abençoado com rica diversidade étnica e múltiplas riquezas geográficas, considerando as singulares diferenças regionais um benefício para todos.
Ao mesmo tempo em que democracia sintetiza a vontade da maioria, ela mantém abertos os caminhos para que sejam expressas discordâncias e para se apresentem alternativas. Nenhum governante ou legislador está acima das críticas, e há formas polidas e democráticas de discordar. Todos têm o direito de ter dúvidas, levantar perguntas e divergir, contando que prevaleça a vontade da maioria livremente expressa no voto. Cabe agora trabalhar com senso de unidade em favor do progresso e do desenvolvimento da sociedade e da nação brasileira.
O Brasil precisa continuar seu aprendizado da democracia e fazer evoluir as instituições que a viabilizam. Apoiamos um movimento de reforma política que amplie e aprofunde a democracia. Afirmamos a necessidade da reforma política especialmente no que diz respeito ao modo de financiamento das campanhas, à forma de manutenção consistente de fidelidade partidária e programática e ao modelo de eleições proporcionais para as casas legislativas. Desejamos um parlamento mais próximo e mais afinado com as aspirações do povo brasileiro.
Inspirados e movidos pelo Deus que chama todas as coisas à reconciliação em Cristo, exortamos a todo o povo de Deus, residente no Brasil, a considerar a unidade fundamental que há no seguimento a Jesus, que transcende a todos os projetos ideológicos e partidários, e a trabalhar, sob o Senhorio supremo de Jesus Cristo, para promover sempre a paz, com humildade, serenidade, oração, diálogo e espírito reconciliador, tendo em vista a construção de um país justo, democrático e inclusivo.
Aliança Cristã Evangélica Brasileira
Legenda da foto: Vista do Congresso Nacional, em Brasília (DF). Fotógrafa: Gabriela Korossy/ Fotos Públicas (03/11/2014)
Participe!
Encontro Nacional da Aliança Evangélica. Dia 21 de novembro, em São Paulo (SP). Saiba mais.
Fórum Jovem da Aliança Evangélica. Dias 21 e 22 de novembro, em São Paulo (SP). Sabia mais.
Reconhecendo a democracia como uma dádiva da bondade divina, constituída para a mais justa e melhor organização das sociedades humanas – somos conscientes das limitações da aplicação do atual modelo político –, celebramos o amadurecimento democrático da nação brasileira, sinalizado por meio da realização de eleições livres e legítimas ocorridas no país.
Tivemos uma acirrada campanha eleitoral, na disputa pelo governo das unidades da federação e pela Presidência da República. Ainda que observadas falhas pontuais no seguimento de princípios éticos – por parte dos candidatos em geral, reveladas na falta do respeito devido no trato interpessoal e nos pronunciamentos, onde houve distorção de dados e falta de veracidade – comemoramos o fortalecimento do sistema democrático brasileiro, o estado de direito e o aumento do interesse da população nas decisões políticas.
Democracia se desenvolve com compromisso e respeito às escolhas feitas pela maioria dos eleitores, com transparência e honestidade. Na democracia o que se busca é que o povo avalie e escolha o que considera ser a melhor opção no momento. Tendo havido oportunidade para todos colocarem as suas opiniões com liberdade e, feita a escolha, segue-se em frente. A vontade coletiva transcende à vontade individual. Isto significa acatar a escolha dos eleitores, reconhecendo que a pluralidade de perspectivas é uma realidade da condição humana.
Lamentamos quando a voz das urnas é tratada de maneira intransigente e raivosa ou quando os que têm outro parecer são desqualificados por grupos que só aceitam o jogo democrático quando o resultado é semelhante a sua vontade. Os ânimos não apaziguados da disputa eleitoral têm prolongado situações de discriminação e inimizade.
Repudiamos qualquer nuance de clamor por intervenções militares arbitrárias e por regimes ditatoriais ou a desqualificação do próprio modelo democrático. Conclamamos ao respeito pelo resultado apurado nas urnas e ao trato social cordial daqueles que pensam de modo diverso. Vemos sempre o Brasil como um todo, indissolúvel, abençoado com rica diversidade étnica e múltiplas riquezas geográficas, considerando as singulares diferenças regionais um benefício para todos.
Ao mesmo tempo em que democracia sintetiza a vontade da maioria, ela mantém abertos os caminhos para que sejam expressas discordâncias e para se apresentem alternativas. Nenhum governante ou legislador está acima das críticas, e há formas polidas e democráticas de discordar. Todos têm o direito de ter dúvidas, levantar perguntas e divergir, contando que prevaleça a vontade da maioria livremente expressa no voto. Cabe agora trabalhar com senso de unidade em favor do progresso e do desenvolvimento da sociedade e da nação brasileira.
O Brasil precisa continuar seu aprendizado da democracia e fazer evoluir as instituições que a viabilizam. Apoiamos um movimento de reforma política que amplie e aprofunde a democracia. Afirmamos a necessidade da reforma política especialmente no que diz respeito ao modo de financiamento das campanhas, à forma de manutenção consistente de fidelidade partidária e programática e ao modelo de eleições proporcionais para as casas legislativas. Desejamos um parlamento mais próximo e mais afinado com as aspirações do povo brasileiro.
Inspirados e movidos pelo Deus que chama todas as coisas à reconciliação em Cristo, exortamos a todo o povo de Deus, residente no Brasil, a considerar a unidade fundamental que há no seguimento a Jesus, que transcende a todos os projetos ideológicos e partidários, e a trabalhar, sob o Senhorio supremo de Jesus Cristo, para promover sempre a paz, com humildade, serenidade, oração, diálogo e espírito reconciliador, tendo em vista a construção de um país justo, democrático e inclusivo.
Aliança Cristã Evangélica Brasileira
Legenda da foto: Vista do Congresso Nacional, em Brasília (DF). Fotógrafa: Gabriela Korossy/ Fotos Públicas (03/11/2014)
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