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Opinião

Dê licença, vou gritar!

Será que Deus se esqueceu de ser bondoso? (Sl 77.9)

Por Délio Porto

Vez ou outra sentimos vontade de gritar, de dar um berro daqueles que até o vizinho da esquina ouviria. Aflições e problemas nos dão motivos. Gritamos quando o barco, que é a nossa vida, ameaça naufragar em águas raivosas. Assim nasce o grito na forma de oração, presente também no livro dos Salmos. O Salmo 77 apresenta um tipo de grito de aflição na forma de súplica. Logo na abertura, o salmista está a gritar de mãos erguidas. É uma alma em aflição: “Elevo a Deus a minha voz e clamo” (v. 1-2).

Ao lado do grito surgem os questionamentos. Várias perguntas retóricas dão a entender que, aparentemente, Deus se ausentou da sua vida e da vida da sua comunidade (v. 3-10).

"Será que o Senhor nos rejeitará para sempre?
Acaso, não voltará a ser propício?
Cessou perpetuamente a sua graça?
Caducou a sua promessa para todas as gerações?
Será que Deus se esqueceu de ser bondoso?
Ou será que encerrou as suas misericórdias na sua ira?"
Então eu disse: "Esta é a minha aflição:
o poder do Altíssimo não é mais o mesmo."


A aflição do salmista é crescente. Ele tem clareza sobre a própria aflição – e a expressa muito bem –, mas não enxerga um porta de saída. É deixado sem respostas.

Como mudar o foco de um coração oprimido por semelhante aflição? Como impedir que ela se transforme em puro desespero? Para sair dessa pressão, o salmista recorreu à meditação: dirigiu os pensamentos para os feitos de Deus. Recordar o que Deus realizou no passado o ajudou a superar a angústia. Quando se voltou para acontecimentos de um passado bem distante, encontrou a maravilhosa libertação dos filhos de Jacó e de José (v. 11-15). Havia algo tão seguro e forte lá que permitiu ao salmista olhar o presente com outra perspectiva. A situação do presente lhe negava uma boa expectativa e ele a buscou no passado.

E o que vem a seguir é elucidativo: sua história pessoal ganhou outra interpretação quando foi olhada a partir da história do seu povo. Ele não encontraria a verdade sobre si se mantivesse o foco apenas na aflição do tempo presente. Assim, a poesia magistral deste salmo nos conduz para o espetáculo das águas (v. 16-20). O barulho do mar, o aerossol da ondas e a forte chuva formam o cenário de uma travessia. Lembram uma espécie de batismo. A presença de Deus abre as águas e faz a tormenta recuar. Trovões e relâmpagos integram o espetáculo. O mar e a chuva – águas de baixo e águas de cima – recordam o segundo dia da criação, quando surgiu o Céu (Gn 1.6-8). E a misteriosa presença de Deus é retratada nesta bela frase poética:

“O teu caminho foi pelo mar;
as tuas veredas passaram pelas muitas águas,
mas ninguém encontrou as tuas pegadas”.


Agora entendemos o anseio do personagem que grita alto neste salmo: um resgate nas proporções de um novo êxodo.

Deixo-me levar pelo imaginário poético desste salmo, que se inicia com um grito e se encerra com a expectativa de uma travessia pelas grandes águas, sob a condução do próprio Deus. Sua poesia é surpreendente. Por ela somos lembrados que da dor nasce o grito, mas a boa expectativa eleva o ânimo.



É justo gritar. Os motivos são vários: doença grave, carestia, ausência de propósito na vida, solidão, perseguição, desejos inconfessáveis, descrença profunda, falência financeira, violência, vícios, desemprego e depressão.

Peço licença para gritar, mas não me esqueço jamais da travessia que o Senhor Jesus realizou em meu favor. Por isso sei que estou seguro e apenas sigo por esta vereda.

E há outros comigo.

  • Délio Porto é engenheiro aposentado e mora em Viçosa.

Salmo 77
Consolo em tempo de angústia
Ao mestre de canto, Jedutum. Salmo de Asafe
1 Elevo a Deus a minha voz e clamo,
elevo a Deus a minha voz, para que me atenda.
2 No dia da minha angústia, procuro o Senhor;
erguem-se as minhas mãos durante a noite e não se cansam;
a minha alma não encontra consolo.
3 Lembro-me de Deus e começo a gemer;
medito, e o meu espírito desfalece.
4 Não me deixas pregar os olhos;
tão perturbado estou, que nem posso falar.
5 Penso nos dias de outrora,
trago à lembrança os anos de tempos passados.
6 De noite indago o meu íntimo,
e o meu espírito pergunta:
7 "Será que o Senhor nos rejeitará para sempre?
Acaso, não voltará a ser propício?
8 Cessou perpetuamente a sua graça?
Caducou a sua promessa para todas as gerações?
9 Será que Deus se esqueceu de ser bondoso?
Ou será que encerrou as suas misericórdias na sua ira?"
10 Então eu disse: "Esta é a minha aflição:
o poder do Altíssimo não é mais o mesmo."
11 Recordarei os feitos do Senhor;
certamente me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.
12 Meditarei em todas as tuas obras
e pensarei em todos os teus feitos poderosos.
13 O teu caminho, ó Deus, é de santidade.
Que deus é tão grande como o nosso Deus?
14 Tu és o Deus que operas maravilhas e, entre os povos,
tens feito notório o teu poder.
15 Com o teu braço remiste o teu povo,
os filhos de Jacó e de José.
16 As águas te viram, ó Deus,
as águas te viram e temeram;
até os abismos se abalaram.
17 Grossas nuvens se desfizeram em água;
houve trovões nos espaços;
também as tuas setas cruzaram de uma parte para outra.
18 O estrondo do teu trovão ecoou na redondeza;
os relâmpagos iluminaram o mundo;
a terra se abalou e tremeu.
19 O teu caminho foi pelo mar;
as tuas veredas passaram pelas grandes águas,
mas ninguém encontrou as tuas pegadas.
20 O teu povo, tu o conduziste como rebanho,
pelas mãos de Moisés e de Arão. 



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