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- 27 de outubro de 2009
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Cuidar da terra é garantir o direito dos que ainda não nasceram, diz Marina Silva
(ALC) O Salmo 115 ensina que Deus habita nos céus e que deu a Terra aos seres humanos. “Mas esse lugar dado por Deus está adoecendo em função de nossa ação. Não estamos cuidando nem respeitando esse presente dado pelo bom Deus”, alertou a senadora Marina Silva (PV-AC), ministra do Meio Ambiente no governo Lula entre 2003 e 2008.
A senadora fez no dia 22 de outubro a conferência de abertura do Simpósio Espiritualidade do Cuidado, promovido pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.
Marina Silva utilizou diversas passagens bíblicas para ilustrar a palestra. Citou, por exemplo, uma reflexão de Leonardo Boff, que afirma que o desenvolvimento científico e tecnológico do mundo ocidental está baseado num olhar distorcido sobre Gênesis 1.28 e sua ordem para que os seres humanos enchessem a terra e a sujeitassem.
O foco, entretanto, deveria estar mais adiante: em Gênesis 2.15, onde se anuncia que o Jardim do Éden é um lugar para ser cultivado e guardado. “Aí muda a perspectiva”, disse a senadora. “Não vamos apenas contemplar. Precisamos da água, da terra, dos minerais. Mas temos que cultivá-la, usá-la com sabedoria e cuidado.”
De acordo com a ex-ministra, utilizar os recursos naturais com sabedoria e cuidado significa praticar o desenvolvimento sustentável. “O desenvolvimento sustentável utiliza os recursos naturais de uma forma que atenda às nossas reais e legítimas necessidades sem prejudicar os legítimos direitos dos que ainda não nasceram”, defendeu.
Citando outra passagem bíblica, Marina Silva falou do patriarca Abraão, que plantou um bosque em Berseba e lá invocou o nome do Senhor. Para a ex-ministra, esse exemplo demonstra que Abraão preocupou-se com os que viriam depois dele.
A senadora lembrou que, na visão de uma tribo africana, “não vamos deixar a terra de herança: na verdade nós é que a tomamos emprestada de nossos filhos, netos e bisnetos, e temos que devolvê-la para o futuro em condições iguais ou melhores do que aquelas em que a recebemos.”
Para ter esse cuidado, sem o qual a própria vida é impossível, é necessário haver consciência, disse a ex-ministra. “Às vezes, a pessoa não tem a percepção de que está causando dano ao outro, e por isso não tem sequer a chance de reparar o erro. Muitas pessoas não têm a percepção de que já causamos uma série de alterações no planeta que não podem mais continuar.”
O desmatamento, a perda de biodiversidade e o aumento da temperatura do planeta são apenas algumas dessas alterações, enfatizou.
Já existem hoje as condições técnicas para alimentar toda a humanidade e reverter os processos de destruição ambiental. “O que falta é a escolha e o compromisso ético de fazê-lo, como aponta meu colega Cristovam Buarque”, disse, citando o senador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT-DF).
Para a ex-ministra, muitas vezes as pessoas pensam que a ideia do cuidado é um trabalho gigantesco. “Mas cada um vai contribuir de acordo com suas possibilidades: em casa, reciclando lixo, economizando água e luz”, defendeu.
“Já o governo tem que fazer as políticas públicas para combater o desmatamento, um plano de mudanças climáticas, um plano nacional de recursos hídricos, entre outros. Os grandes empresários terão que implementar políticas de sustentabilidade, os madeireiros devem trabalhar com planos de manejo sustentável”, continuou.
Dessa forma, disse Marina Silva, as pessoas estarão cultivando e guardando a terra para os que ainda não nasceram. “Esse legado só pode ser deixado pela capacidade que o ser humano tem de cuidar: de si mesmo, do outro e das outras formas de existência.”
A senadora, que utilizou sua própria Bíblia para ler no altar algumas passagens e se definiu como “missionária da Assembléia de Deus”, encerrou a palestra com uma poesia de sua autoria, “inspirada na atitude de João Batista”.
Fonte: www.alcnoticias.org
A senadora fez no dia 22 de outubro a conferência de abertura do Simpósio Espiritualidade do Cuidado, promovido pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.
Marina Silva utilizou diversas passagens bíblicas para ilustrar a palestra. Citou, por exemplo, uma reflexão de Leonardo Boff, que afirma que o desenvolvimento científico e tecnológico do mundo ocidental está baseado num olhar distorcido sobre Gênesis 1.28 e sua ordem para que os seres humanos enchessem a terra e a sujeitassem.
O foco, entretanto, deveria estar mais adiante: em Gênesis 2.15, onde se anuncia que o Jardim do Éden é um lugar para ser cultivado e guardado. “Aí muda a perspectiva”, disse a senadora. “Não vamos apenas contemplar. Precisamos da água, da terra, dos minerais. Mas temos que cultivá-la, usá-la com sabedoria e cuidado.”
De acordo com a ex-ministra, utilizar os recursos naturais com sabedoria e cuidado significa praticar o desenvolvimento sustentável. “O desenvolvimento sustentável utiliza os recursos naturais de uma forma que atenda às nossas reais e legítimas necessidades sem prejudicar os legítimos direitos dos que ainda não nasceram”, defendeu.
Citando outra passagem bíblica, Marina Silva falou do patriarca Abraão, que plantou um bosque em Berseba e lá invocou o nome do Senhor. Para a ex-ministra, esse exemplo demonstra que Abraão preocupou-se com os que viriam depois dele.
A senadora lembrou que, na visão de uma tribo africana, “não vamos deixar a terra de herança: na verdade nós é que a tomamos emprestada de nossos filhos, netos e bisnetos, e temos que devolvê-la para o futuro em condições iguais ou melhores do que aquelas em que a recebemos.”
Para ter esse cuidado, sem o qual a própria vida é impossível, é necessário haver consciência, disse a ex-ministra. “Às vezes, a pessoa não tem a percepção de que está causando dano ao outro, e por isso não tem sequer a chance de reparar o erro. Muitas pessoas não têm a percepção de que já causamos uma série de alterações no planeta que não podem mais continuar.”
O desmatamento, a perda de biodiversidade e o aumento da temperatura do planeta são apenas algumas dessas alterações, enfatizou.
Já existem hoje as condições técnicas para alimentar toda a humanidade e reverter os processos de destruição ambiental. “O que falta é a escolha e o compromisso ético de fazê-lo, como aponta meu colega Cristovam Buarque”, disse, citando o senador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT-DF).
Para a ex-ministra, muitas vezes as pessoas pensam que a ideia do cuidado é um trabalho gigantesco. “Mas cada um vai contribuir de acordo com suas possibilidades: em casa, reciclando lixo, economizando água e luz”, defendeu.
“Já o governo tem que fazer as políticas públicas para combater o desmatamento, um plano de mudanças climáticas, um plano nacional de recursos hídricos, entre outros. Os grandes empresários terão que implementar políticas de sustentabilidade, os madeireiros devem trabalhar com planos de manejo sustentável”, continuou.
Dessa forma, disse Marina Silva, as pessoas estarão cultivando e guardando a terra para os que ainda não nasceram. “Esse legado só pode ser deixado pela capacidade que o ser humano tem de cuidar: de si mesmo, do outro e das outras formas de existência.”
A senadora, que utilizou sua própria Bíblia para ler no altar algumas passagens e se definiu como “missionária da Assembléia de Deus”, encerrou a palestra com uma poesia de sua autoria, “inspirada na atitude de João Batista”.
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