Opinião
- 27 de fevereiro de 2009
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Crise de legitimidade da autoridade pastoral
Anderson Clayton
A filosofia das luzes preconizou a ideia de que só há legitimidade na autoridade da razão considerada apta para legislar para si, sem a tutela de qualquer heteronomia. Para Max Weber, a legitimidade do poder legal funda-se na crença da legalidade das normas de um regime, estabelecida propositalmente e de modo racional. De forma diferente, a autoridade tradicional busca fundamentar sua legitimidade no respeito às “instituições consagradas pela tradição e à pessoa que detém o poder, cujo direito de comando é conferido pela tradição” (Noberto Bobbio).
O século 18 legou à sua posteridade o preconceito, no sentido negativo,1 em relação à tradição, compreendendo que esta sempre esteve atrelada ao complexo da religião. Como os postulados desta última foram enfraquecidos pelo uso instrumental da razão iluminista (quando esta critica o caráter indemonstrável de realidades prescritas nas crenças teológicas), a autoridade da tradição religiosa foi vilipendiada pela afirmação preconizada no aforismo kantiano: “O Iluminismo é a saída do homem de sua minoridade [...]”.
A autonomização do eu, reivindicada na sugestiva filosofia da existência do niilismo nietzschiano, reforçou a tese iluminista da decadência da religião no Ocidente pós-cristão. E com seu declínio, houve desdobramentos axiológicos que acabaram sendo exportados para o âmbito social das interações intraeclesiásticas.
A pluralização do fenômeno religioso, uma consequência do processo da secularização, também contribuiu para o inflacionamento da crise de legitimidade da autoridade religiosa. Considerando que por trás desta crise de natureza política da autoridade traditivo-religiosa existe uma pergunta com intenção de desconstruir a plausibilidade da autoridade dos dogmas cristãos, a consequência desta crise acabou afetando a dimensão subjetiva da psicologia humana no contexto da sociedade moderna. A relativização da verdade teológica, na era da ciência moderna, descapitalizou a submissão cognitiva irrestrita mesmo das pessoas que transitam no reino da religião que se insere no contexto da modernidade, produzindo a atitude irreverente destas frente a quaisquer representantes oficiais da religião que fala em nome da fé.
Quando se pergunta sobre a crise de legitimidade da autoridade pastoral no mundo contemporâneo, deve-se ter em mente o contexto histórico-cultural em que esta se encontra envolta. No caso dos pastores evangélicos brasileiros, há ainda outros agravantes.
A filosofia das luzes preconizou a ideia de que só há legitimidade na autoridade da razão considerada apta para legislar para si, sem a tutela de qualquer heteronomia. Para Max Weber, a legitimidade do poder legal funda-se na crença da legalidade das normas de um regime, estabelecida propositalmente e de modo racional. De forma diferente, a autoridade tradicional busca fundamentar sua legitimidade no respeito às “instituições consagradas pela tradição e à pessoa que detém o poder, cujo direito de comando é conferido pela tradição” (Noberto Bobbio).
O século 18 legou à sua posteridade o preconceito, no sentido negativo,1 em relação à tradição, compreendendo que esta sempre esteve atrelada ao complexo da religião. Como os postulados desta última foram enfraquecidos pelo uso instrumental da razão iluminista (quando esta critica o caráter indemonstrável de realidades prescritas nas crenças teológicas), a autoridade da tradição religiosa foi vilipendiada pela afirmação preconizada no aforismo kantiano: “O Iluminismo é a saída do homem de sua minoridade [...]”.
A autonomização do eu, reivindicada na sugestiva filosofia da existência do niilismo nietzschiano, reforçou a tese iluminista da decadência da religião no Ocidente pós-cristão. E com seu declínio, houve desdobramentos axiológicos que acabaram sendo exportados para o âmbito social das interações intraeclesiásticas.
A pluralização do fenômeno religioso, uma consequência do processo da secularização, também contribuiu para o inflacionamento da crise de legitimidade da autoridade religiosa. Considerando que por trás desta crise de natureza política da autoridade traditivo-religiosa existe uma pergunta com intenção de desconstruir a plausibilidade da autoridade dos dogmas cristãos, a consequência desta crise acabou afetando a dimensão subjetiva da psicologia humana no contexto da sociedade moderna. A relativização da verdade teológica, na era da ciência moderna, descapitalizou a submissão cognitiva irrestrita mesmo das pessoas que transitam no reino da religião que se insere no contexto da modernidade, produzindo a atitude irreverente destas frente a quaisquer representantes oficiais da religião que fala em nome da fé.
Quando se pergunta sobre a crise de legitimidade da autoridade pastoral no mundo contemporâneo, deve-se ter em mente o contexto histórico-cultural em que esta se encontra envolta. No caso dos pastores evangélicos brasileiros, há ainda outros agravantes.
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