Opinião
- 22 de julho de 2015
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Crescimento e radicalização da perseguição: 60 anos da Missão Portas Abertas
A organização Portas Abertas comemorou seus 60 anos no último sábado, 18, com um culto de celebração na sede da Comunidade de Graça, em São Paulo. Esteve presente o Correspondente Internacional da Open Doors, George B.*, que compartilhou muitas histórias de fé e amor por Cristo.
Portas Abertas ou Open Doors é uma organização cristã internacional que atua em mais de 60 países auxiliando pessoas que sofrem algum tipo de restrição por causa da fé em Jesus Cristo. A Missão teve início quando um jovem holandês, chamado Anne van der Bijl , ou Irmão André, como mais tarde seria conhecido no mundo todo, distribuiu uma maleta cheia de literatura cristã para alguns jovens em Varsóvia. No Brasil, a organização atua há 37 anos mobilizando brasileiros para orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos.
Em entrevista à Ultimato, o secretário geral da Missão Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, disse que a perseguição aos cristãos tem aumentado e se radicalizado, mesmo com o fortalecimento dos movimentos dos direitos humanos e o desenvolvimento das novas tecnologias, que facilitam a divulgação das informações. O crescimento do extremismo de alguns grupos, como Estado Islâmico e Boko Haram, são motivos de preocupação. Confira a seguir a entrevista na íntegra com Marco Cruz:
Portas Abertas chega aos seus 60 anos de existência, com um foco bem claro: servir aos cristãos perseguidos. No início, a distribuição de Bíblias era a ação principal. O que mudou no trabalho de vocês desde 1955?
A distribuição de bíblias e de literatura cristã continua sendo uma das nossas principais atividades. Seja na versão impressa ou em formatos digitais como mp3 e aplicativos. Além disso, devido às mudanças geográficas e ideológicas da perseguição, bem como das necessidades e solicitações da Igreja Perseguida, ao longo dos anos ampliamos nossa atuação também para o treinamento de pastores e de líderes, encorajamento (auxílio pós-trauma), ajuda socioeconômica (micro crédito e outros) e socorro emergencial.
Com o surgimento das novas tecnologias e a “revolução da comunicação”, poderíamos supor que o absurdo da perseguição religiosa seria algo mais denunciado e, assim, ela diminuiria. No entanto, parece que, na verdade, aumentou. Como se explica isso?
A expectativa natural seria uma diminuição por causa da ampliação dos movimentos pelos direitos humanos e do desenvolvimento tecnológico, que possibilita que a informação, em qualquer lugar do mundo, se espalhe rapidamente pelo globo. Entretanto, vemos um fenômeno inverso: crescimento, ampliação e radicalização da perseguição. Primeiro porque a mídia não veicula com a devida atenção os casos de perseguição aos cristãos. Fala de maneira ampla, muitas vezes excluindo o aspecto religioso dos fatos. Segundo, que há muitos interesses econômicos e políticos envolvendo os países “livres”, onde há perseguição, que impedem ações mais diretas dos governantes. Além disso, a perseguição deveria fazer e fará parte da vida do crente, especialmente em países onde estes não sejam maioria: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. 2 Tm 3:12.
Que situações mais preocupam hoje a Missão Portas Abertas?
O crescimento do extremismo e do radicalismo. Exemplos bem conhecidos são as ações do Estado Islâmico e do Boko Haram, que são grupos de origem radical muçulmana. Em outras regiões do globo, seguindo exemplos destes grupos, o extremismo tem crescido como é o caso da Índia, onde já se fala da hinduinização do país com a erradicação dos cristãos. Também em Mianmar cuja maioria da população é budista e onde tem crescido o número de ataques radicais aos cristãos por parte deste segmento religioso.
As possibilidades de sofrimento, injustiça e morte fazem parte do horizonte da Missão Portas Abertas. Como lidar com esta realidade, sem perder a fé e a esperança?
O próprio testemunho dos cristãos perseguidos nos fortalece, nos ensina a perseverar e nos dá esperança. Recentemente, recebemos a visita da irmã Ana, viúva da Nigéria, cujo marido foi morto por radicais na sua frente em outubro de 2014, por não negar a sua fé em Jesus. Ela foi milagrosamente poupada e ficou com os 5 filhos e 2 netos. A nossa expectativa natural é de ver uma mulher triste e rancorosa. Fomos surpreendidos por uma pessoa alegre e sorridente, grata pela proteção e sustento do Senhor. Em suas próprias palavras: “Quem sou eu para padecer em Nome de Jesus? Por que motivo Deus me escolheu na minha pequena aldeia? Sinto-me honrada por ter sido escolhida por Deus para sofrer em seu nome. Deus tem me dado perseverança, alegria e fé. Sou grata pelas orações dos irmãos brasileiros para que eu continue perseverando e não negue a Jesus.”.
Portas Abertas é uma missão interdenominacional. A perseguição pode ser um instrumento de Deus para unir a sua Igreja? Por quê?
Acredito que sim. Como podemos ver em Atos a partir do capítulo 8, a perseguição aos cristãos serviu para dispersão dos crentes e expansão da igreja. Por outro lado também fortaleceu a unidade do Corpo de Cristo. Em visita a irmãos em Cairo, no Egito, logo após os protestos centralizados na praça Tahrir, quando aumentaram drasticamente os casos de perseguição e de violência contra cristãos, pude observar pessoalmente frutos concretos a partir da perseguição. Segundo relato de irmãos e líderes do país, pela primeira vez na história houve uma grande unidade entre os líderes e igrejas do Egito com opção pela não violência e pelo testemunho do amor de Cristo aos perseguidores. De maneira prática, irmãos em uma igreja próxima a praça, em cuja entrada havia um aparelho com detector de metais e segurança, recebiam muçulmanos, lhes serviam água e lhes davam abrigo por algum tempo. “Não havia tempo para nos concentrarmos naquilo que nos dividia. Tínhamos que nos focar no que nos unia que era seguir o exemplo de Cristo e da Palavra.”
O irmão André é uma figura chave na história da Portas Abertas. Que virtudes podemos aprender com a história pessoal dele?
Há muitos exemplos que podemos aprender com a vida do irmão André, cristão holandês, fundador da Portas Abertas no ano de 1955 (em sua primeira viagem de distribuição-contrabando de bíblias para cristãos em Varsóvia na Polônia). No momento em que celebramos 60 de anos de atuação no mundo, gostaria de destacar duas palavras: ousadia e coragem, para atender ao chamado do Senhor de servir aos cristãos perseguidos e não dar valor à sua própria vida se não for para cumprir o chamado de Deus.
A Missão Portas Abertas no Brasil existe há quanto tempo? Como o país que não está no ranking de perseguição pode ajudar a Igreja Perseguida?
A Portas Abertas existe há 37 anos no Brasil mobilizando brasileiros a orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos. Visite o nosso site e saiba mais como apoiar a Igreja Perseguida: https://www.portasabertas.org.br ou entre em contato conosco pelo fone (11) 2348 3330 ou email falecom@portasabertas.org.br.
Portas Abertas ou Open Doors é uma organização cristã internacional que atua em mais de 60 países auxiliando pessoas que sofrem algum tipo de restrição por causa da fé em Jesus Cristo. A Missão teve início quando um jovem holandês, chamado Anne van der Bijl , ou Irmão André, como mais tarde seria conhecido no mundo todo, distribuiu uma maleta cheia de literatura cristã para alguns jovens em Varsóvia. No Brasil, a organização atua há 37 anos mobilizando brasileiros para orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos.
Em entrevista à Ultimato, o secretário geral da Missão Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, disse que a perseguição aos cristãos tem aumentado e se radicalizado, mesmo com o fortalecimento dos movimentos dos direitos humanos e o desenvolvimento das novas tecnologias, que facilitam a divulgação das informações. O crescimento do extremismo de alguns grupos, como Estado Islâmico e Boko Haram, são motivos de preocupação. Confira a seguir a entrevista na íntegra com Marco Cruz:
Portas Abertas chega aos seus 60 anos de existência, com um foco bem claro: servir aos cristãos perseguidos. No início, a distribuição de Bíblias era a ação principal. O que mudou no trabalho de vocês desde 1955?
A distribuição de bíblias e de literatura cristã continua sendo uma das nossas principais atividades. Seja na versão impressa ou em formatos digitais como mp3 e aplicativos. Além disso, devido às mudanças geográficas e ideológicas da perseguição, bem como das necessidades e solicitações da Igreja Perseguida, ao longo dos anos ampliamos nossa atuação também para o treinamento de pastores e de líderes, encorajamento (auxílio pós-trauma), ajuda socioeconômica (micro crédito e outros) e socorro emergencial.
Com o surgimento das novas tecnologias e a “revolução da comunicação”, poderíamos supor que o absurdo da perseguição religiosa seria algo mais denunciado e, assim, ela diminuiria. No entanto, parece que, na verdade, aumentou. Como se explica isso?
A expectativa natural seria uma diminuição por causa da ampliação dos movimentos pelos direitos humanos e do desenvolvimento tecnológico, que possibilita que a informação, em qualquer lugar do mundo, se espalhe rapidamente pelo globo. Entretanto, vemos um fenômeno inverso: crescimento, ampliação e radicalização da perseguição. Primeiro porque a mídia não veicula com a devida atenção os casos de perseguição aos cristãos. Fala de maneira ampla, muitas vezes excluindo o aspecto religioso dos fatos. Segundo, que há muitos interesses econômicos e políticos envolvendo os países “livres”, onde há perseguição, que impedem ações mais diretas dos governantes. Além disso, a perseguição deveria fazer e fará parte da vida do crente, especialmente em países onde estes não sejam maioria: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. 2 Tm 3:12.
Que situações mais preocupam hoje a Missão Portas Abertas?
O crescimento do extremismo e do radicalismo. Exemplos bem conhecidos são as ações do Estado Islâmico e do Boko Haram, que são grupos de origem radical muçulmana. Em outras regiões do globo, seguindo exemplos destes grupos, o extremismo tem crescido como é o caso da Índia, onde já se fala da hinduinização do país com a erradicação dos cristãos. Também em Mianmar cuja maioria da população é budista e onde tem crescido o número de ataques radicais aos cristãos por parte deste segmento religioso.
As possibilidades de sofrimento, injustiça e morte fazem parte do horizonte da Missão Portas Abertas. Como lidar com esta realidade, sem perder a fé e a esperança?
O próprio testemunho dos cristãos perseguidos nos fortalece, nos ensina a perseverar e nos dá esperança. Recentemente, recebemos a visita da irmã Ana, viúva da Nigéria, cujo marido foi morto por radicais na sua frente em outubro de 2014, por não negar a sua fé em Jesus. Ela foi milagrosamente poupada e ficou com os 5 filhos e 2 netos. A nossa expectativa natural é de ver uma mulher triste e rancorosa. Fomos surpreendidos por uma pessoa alegre e sorridente, grata pela proteção e sustento do Senhor. Em suas próprias palavras: “Quem sou eu para padecer em Nome de Jesus? Por que motivo Deus me escolheu na minha pequena aldeia? Sinto-me honrada por ter sido escolhida por Deus para sofrer em seu nome. Deus tem me dado perseverança, alegria e fé. Sou grata pelas orações dos irmãos brasileiros para que eu continue perseverando e não negue a Jesus.”.
Portas Abertas é uma missão interdenominacional. A perseguição pode ser um instrumento de Deus para unir a sua Igreja? Por quê?
Acredito que sim. Como podemos ver em Atos a partir do capítulo 8, a perseguição aos cristãos serviu para dispersão dos crentes e expansão da igreja. Por outro lado também fortaleceu a unidade do Corpo de Cristo. Em visita a irmãos em Cairo, no Egito, logo após os protestos centralizados na praça Tahrir, quando aumentaram drasticamente os casos de perseguição e de violência contra cristãos, pude observar pessoalmente frutos concretos a partir da perseguição. Segundo relato de irmãos e líderes do país, pela primeira vez na história houve uma grande unidade entre os líderes e igrejas do Egito com opção pela não violência e pelo testemunho do amor de Cristo aos perseguidores. De maneira prática, irmãos em uma igreja próxima a praça, em cuja entrada havia um aparelho com detector de metais e segurança, recebiam muçulmanos, lhes serviam água e lhes davam abrigo por algum tempo. “Não havia tempo para nos concentrarmos naquilo que nos dividia. Tínhamos que nos focar no que nos unia que era seguir o exemplo de Cristo e da Palavra.”
O irmão André é uma figura chave na história da Portas Abertas. Que virtudes podemos aprender com a história pessoal dele?
Há muitos exemplos que podemos aprender com a vida do irmão André, cristão holandês, fundador da Portas Abertas no ano de 1955 (em sua primeira viagem de distribuição-contrabando de bíblias para cristãos em Varsóvia na Polônia). No momento em que celebramos 60 de anos de atuação no mundo, gostaria de destacar duas palavras: ousadia e coragem, para atender ao chamado do Senhor de servir aos cristãos perseguidos e não dar valor à sua própria vida se não for para cumprir o chamado de Deus.
A Missão Portas Abertas no Brasil existe há quanto tempo? Como o país que não está no ranking de perseguição pode ajudar a Igreja Perseguida?
A Portas Abertas existe há 37 anos no Brasil mobilizando brasileiros a orar, visitar e contribuir no serviço aos cristãos perseguidos. Visite o nosso site e saiba mais como apoiar a Igreja Perseguida: https://www.portasabertas.org.br ou entre em contato conosco pelo fone (11) 2348 3330 ou email falecom@portasabertas.org.br.
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