Opinião
- 16 de fevereiro de 2011
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Creio em Deus!
O Deus que creio não se deixa aprisionar pela religião ou alguma igreja, mesmo quando ela o afirma como seu símbolo maior; quando batiza, celebra a eucaristia, faz casamentos, promove profissões de fé, ensina sistematicamente "doutrinas fundamentais" conservadas em formol. O divino transformado num pássaro empalhado. Creio, porém, no Deus que pousa como um pássaro vivo, livre no coração de todos os homens e mulheres, e que, principalmente, encanta as crianças, como os meninos e as meninas que o chamam de "Abbá" e "Paínho". Deus que se oferece gratuitamente a filhos bons e maus, aos que se acreditam "salvos para sempre", e aos que, sem saber de quê são salvos, por que são salvos, para quê são salvos, não perguntam sobre enquadramentos, fé eclesiástica ou doutrinária, mas recebem o Salvador e sua ternura gratuita.
Creio no Deus que existe no início de uma nova pulsão, de um grito de angústia, na reforma no ser humano. Deus que existe no começo de uma utopia, um sonho novo, uma esperança, um devaneio libertário. Creio assim como Jesus: é preciso desmontar a doutrina “ortodoxa” vigente, racionalizada, parafuso por parafuso, e construir tudo de outra maneira, nascer de novo. Creio que, para compreender o desafio da fé, Deus é imprevisível e irônico quanto ao saber humano. É preciso rasgar os projetos de dominação em seu nome, chutar as latas do lixo doutrinário, rir dos que querem engaiolá-lo e debruçar-nos de novo sobre projetos libertários, de transformação do homem, da mulher e do mundo, seguindo Jesus e a essência cristocêntrica que não está escrita em nenhum lugar.
Creio em Deus: “é preciso crer, sim, pois ninguém conseguirá ouvir, ver, ou falar de Deus a não ser como pessoa liberta pela a fé” (Karl Barth). Que a fé seja uma história nova a cada dia. “A fé liberta homens e mulheres, juntos, pois ninguém se liberta sozinho” (Paulo Freire). Creio no Deus que vem aos homens e às mulheres; que atrai, abraça, une nas suas causas da liberdade, de direitos e dignidade para todos os viventes. Creio que qualquer pessoa sensível que leia um jornal sentirá angústia diante do panorama desenhado com os horrores que estão sobre nós; com os temores que nos tomam quando temos conhecimento de guerra nas favelas, violência doméstica, abuso e abandono de crianças, crime organizado, fome no mundo, narcotráfico, meio ambiente degradado e entregue à ganância do capital.
Creio na solidariedade de Deus com o oprimido, enquanto observamos pobreza e injustiça em níveis que extravasam a compreensão, enquanto mergulhamos no pior dos pessimismos, impermeáveis e céticos ao amor, ignorando o outro e a outra. Creio que precisamos de Deus para reagir e acreditarmos num mundo novo possível.
Creio no Deus que se aninha no ventre da mulher grávida e sem-teto, morta a tiros numa madrugada, além de tantos outros que incomodam a sociedade com sua miséria, ou na mãe soterrada com os filhos nos deslizamentos de terra, resultado dos desmandos cada vez mais irresponsáveis e violentos no mundo. Creio que Deus extrapola a nossa fé, discorda de juízos sobre “assassinatos necessários” (limpeza étnica, social, ideológica), e ri das pretensões humanas de conhecer e manipular a verdade e a justiça; que Deus vomita com os odores dos sermões moralistas que tornam a salvação uma abstração desprezível, mas que se diverte com os vôos rasantes de urubus eclesiásticos em busca de carne podre, enquanto encobrem seus pecados corporativos.
Creio no Deus do profeta enlouquecido em razão da esquizofrenia alucinada de nossos dias. Deus da beleza ética que desnuda o realismo áspero, pragmático, oportunista, propositista, e faz o amor brotar em densidade nos melhores valores éticos e estéticos que sustentam nossa espiritualidade. Creio que Deus está em tudo que é belo, inclusive na ética da vida. Que Deus nos torna capazes de saltos-mortais nas alturas, na corda-bamba, de caminhar sobre o cordão invisível da vida real sem duvidar das coisas que vêm depois do salto final.
Creio que Deus é um vento bravo que vira vendaval, que se anuncia como um grito de vida na terra dos mortos. Ele não vai se acalmar enquanto existir destruição da vida na terra. Deus é como correnteza de águas brotando dos mananciais subterrâneos: Água da vida, símbolo da presença amorosa, do cuidado com a terra e com o rio da vida, que é manifestação da fonte do grande amor pela criatura e o mundo criado.
Creio no que Jesus ensina através de uma relação íntima com a vida, abrindo o caminho humano para a busca do divino, e nos põe em comunhão com todas as coisas e com todos os seres do universo. Água que é relacionada com o que há de mais sagrado: a vida, o todo, no profundo mundo interior de cada um de nós. Creio que é preciso ouvir o que Jesus disse a plenos pulmões sobre um futuro possível: “Deus amou, ama e amará o mundo que criou, e tudo que nele habita!”.
Creio no Deus que existe no início de uma nova pulsão, de um grito de angústia, na reforma no ser humano. Deus que existe no começo de uma utopia, um sonho novo, uma esperança, um devaneio libertário. Creio assim como Jesus: é preciso desmontar a doutrina “ortodoxa” vigente, racionalizada, parafuso por parafuso, e construir tudo de outra maneira, nascer de novo. Creio que, para compreender o desafio da fé, Deus é imprevisível e irônico quanto ao saber humano. É preciso rasgar os projetos de dominação em seu nome, chutar as latas do lixo doutrinário, rir dos que querem engaiolá-lo e debruçar-nos de novo sobre projetos libertários, de transformação do homem, da mulher e do mundo, seguindo Jesus e a essência cristocêntrica que não está escrita em nenhum lugar.
Creio em Deus: “é preciso crer, sim, pois ninguém conseguirá ouvir, ver, ou falar de Deus a não ser como pessoa liberta pela a fé” (Karl Barth). Que a fé seja uma história nova a cada dia. “A fé liberta homens e mulheres, juntos, pois ninguém se liberta sozinho” (Paulo Freire). Creio no Deus que vem aos homens e às mulheres; que atrai, abraça, une nas suas causas da liberdade, de direitos e dignidade para todos os viventes. Creio que qualquer pessoa sensível que leia um jornal sentirá angústia diante do panorama desenhado com os horrores que estão sobre nós; com os temores que nos tomam quando temos conhecimento de guerra nas favelas, violência doméstica, abuso e abandono de crianças, crime organizado, fome no mundo, narcotráfico, meio ambiente degradado e entregue à ganância do capital.
Creio na solidariedade de Deus com o oprimido, enquanto observamos pobreza e injustiça em níveis que extravasam a compreensão, enquanto mergulhamos no pior dos pessimismos, impermeáveis e céticos ao amor, ignorando o outro e a outra. Creio que precisamos de Deus para reagir e acreditarmos num mundo novo possível.
Creio no Deus que se aninha no ventre da mulher grávida e sem-teto, morta a tiros numa madrugada, além de tantos outros que incomodam a sociedade com sua miséria, ou na mãe soterrada com os filhos nos deslizamentos de terra, resultado dos desmandos cada vez mais irresponsáveis e violentos no mundo. Creio que Deus extrapola a nossa fé, discorda de juízos sobre “assassinatos necessários” (limpeza étnica, social, ideológica), e ri das pretensões humanas de conhecer e manipular a verdade e a justiça; que Deus vomita com os odores dos sermões moralistas que tornam a salvação uma abstração desprezível, mas que se diverte com os vôos rasantes de urubus eclesiásticos em busca de carne podre, enquanto encobrem seus pecados corporativos.
Creio no Deus do profeta enlouquecido em razão da esquizofrenia alucinada de nossos dias. Deus da beleza ética que desnuda o realismo áspero, pragmático, oportunista, propositista, e faz o amor brotar em densidade nos melhores valores éticos e estéticos que sustentam nossa espiritualidade. Creio que Deus está em tudo que é belo, inclusive na ética da vida. Que Deus nos torna capazes de saltos-mortais nas alturas, na corda-bamba, de caminhar sobre o cordão invisível da vida real sem duvidar das coisas que vêm depois do salto final.
Creio que Deus é um vento bravo que vira vendaval, que se anuncia como um grito de vida na terra dos mortos. Ele não vai se acalmar enquanto existir destruição da vida na terra. Deus é como correnteza de águas brotando dos mananciais subterrâneos: Água da vida, símbolo da presença amorosa, do cuidado com a terra e com o rio da vida, que é manifestação da fonte do grande amor pela criatura e o mundo criado.
Creio no que Jesus ensina através de uma relação íntima com a vida, abrindo o caminho humano para a busca do divino, e nos põe em comunhão com todas as coisas e com todos os seres do universo. Água que é relacionada com o que há de mais sagrado: a vida, o todo, no profundo mundo interior de cada um de nós. Creio que é preciso ouvir o que Jesus disse a plenos pulmões sobre um futuro possível: “Deus amou, ama e amará o mundo que criou, e tudo que nele habita!”.
É pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).
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