Opinião
- 24 de março de 2008
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Conselhos para sobreviver ao mundo gospel
Ricardo Gondim
O mundo gospel se torna cada dia mais patético: distante do protestantismo, em rota de colisão com o cristianismo apostólico, transformado numa gozação perigosa, adoecendo e enlouquecendo milhares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: "A maldição do pastor vai pegar mesmo?", "É preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?", "Em nome da evangelização devo aturar esses sermões ralos?".
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos como petição de dinheiro, venda de "Bíblias fantásticas", milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação -- inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras -- idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos -- inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma e espírito de linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
- Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
- A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com "maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo"?
- Promete-se "prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza" para os que forem fiéis?
- Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? (Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.)
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira. O monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
Concordo, ninguém agüenta o jeito como as coisas estão.
Soli Deo Gloria.
• Ricardo Gondim é pastor da Assembléia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, O Que os Evangélicos (Não) Falam e Eu Creio, mas Tenho Dúvidas — a graça de Deus e nossas frágeis certezas.
www.ricardogondim.com.br
O mundo gospel se torna cada dia mais patético: distante do protestantismo, em rota de colisão com o cristianismo apostólico, transformado numa gozação perigosa, adoecendo e enlouquecendo milhares que são moídos numa engrenagem que condena a um duplo inferno.
Não consigo responder a todas as mensagens que entopem minha caixa postal. Milhares pedem socorro. Eu precisaria ter uma equipe de especialistas, todos me ajudando a atender os que me perguntam: "A maldição do pastor vai pegar mesmo?", "É preciso aceitar as patadas que recebo do púlpito?", "Em nome da evangelização devo aturar esses sermões ralos?".
Realmente não dá mais. A grande mídia propaga o que há de pior entre os evangélicos como petição de dinheiro, venda de "Bíblias fantásticas", milagres no atacado e simplismos hermenêuticos. As bobagens alcançaram níveis intoleráveis.
O que fazer? Tenho algumas idéias.
Aconselho que os crentes parem de consumir produtos evangélicos por um tempo. Não compre Cd de música ou de pregação -- inclusive os meus. Deixe os livros evangélicos encalharem nas prateleiras -- idem, para os meus. Depois que baixar a poeira do prejuízo, ficará notória a diferença entre os que fazem missão e os que só negociam.
Não vá a congressos -- inclusive o que eu promovo. Passe ao largo dos "louvorzões". Não sintonize o rádio. Boicote todos os programas na televisão. Não comente, nem critique, a pregação de pastores, bispos, evangelistas e apóstolos. Afaste-se! Silencie! Desintoxique mente, alma e espírito de linguagem, pressupostos e lógicas da "teologia da prosperidade". Volte a ler a Bíblia sem nenhum comentário de rodapé. Alimente seu interior em pequenos grupos. Reúna-se com gente de bom senso.
Estanque seus dízimos e ofertas imediatamente. Repense com absoluta isenção onde vai dar dinheiro. Mas prepare-se; no instante em que diminuírem as entradas, os lobos vestidos de pastor subirão o tom das intimidações. Não tenha medo.
Faça essa simples auditoria antes de investir o seu suor em qualquer igreja ou ministério:
- Quanto tempo é gasto no culto para pedir dinheiro?
- A hora do ofertório vem acompanhada de uma linguagem com "maldição, gafanhoto ou licença legal para ataques do diabo"?
- Promete-se "prosperidade, colheita abundante, bênção, riqueza" para os que forem fiéis?
- Existe alguma suspeita na administração dos recursos arrecadados? (Lembre-se que há dois níveis de integridade: o ético e o contábil. Não basta manter os livros em ordem; o dinheiro também só pode ser gasto no que foi arrecadado.)
Se a resposta para alguma dessas perguntas for sim, ninguém deve se sentir culpado quando não der oferta.
Só haverá arrependimento no dia em que os auditórios se esvaziarem junto com uma crise financeira. O monumental ufanismo evangélico precisa deflacionar.
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• Ricardo Gondim é pastor da Assembléia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, O Que os Evangélicos (Não) Falam e Eu Creio, mas Tenho Dúvidas — a graça de Deus e nossas frágeis certezas.
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