Opinião
- 25 de outubro de 2018
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Conselhos finais sobre as eleições: C.S. Lewis com a palavra
Por Paulo F. Ribeiro
Nesses últimos dias que antecedem as eleições, é bom lembrar de alguns conselhos de um dos mais influentes cristãos do século 20 – C. S. Lewis –, que facilmente nos esquecemos em meio as discussões e à polarização que se instalou no debate.
No seu famoso sermão “O Peso da Gloria”, Lewis nos ajuda a refletir sobre o nosso relacionamento com o próximo. E, neste caso, nosso “adversário político”.
É possível que alguém pense exageradamente sobre sua (potencial) glória futura; dificilmente ele pensará muito frequentemente ou profundamente sobre a glória de seu próximo. O fardo, ou o peso, ou o ônus da glória de meu próximo deveria ser depositado sobre as minhas costas, um fardo tão pesado que somente a humildade é capaz de carregar, e o peso esmagará o orgulhoso.
E, o próximo não é apenas um outro qualquer. Lewis continua:
É coisa séria viver numa sociedade de possíveis deuses e deusas, e lembrar que a pessoa mais chata e desinteressante com quem você pode conversar poderá um dia ser uma criatura que, se você a visse agora, seria fortemente tentado a adorar; ou então, um horror e uma corrupção tal qual você encontra agora, se for o caso, apenas num pesadelo.
Saber disso tem implicações práticas:
O dia todo, em certo sentido ajudamos uns aos outros a chegar a um desses dois destinos. É à luz dessas possibilidades irrefutáveis, é com reverência e a circunspecção que as caracterizam que deveríamos conduzir nossas interações uns com os outros, todas as amizades, todos os amores, toda a diversão, toda a política.
Em seguida, Lewis vai mais longe e afirma:
Não existem pessoas comuns. Você nunca conversou com um mero mortal. Nações, culturas, artes, civilizações – essas coisas são mortais, e a vida dessas coisas é para nós como a vida de um mosquito. No entanto, é com os imortais que nós fazemos piadas, trabalhamos e casamos; são os imortais aqueles a quem esnobamos e exploramos – horrorosos imortais ou eternos esplendorosos.
Bem, para o autor das Crônicas de Nárnia, isso não significa que devemos ser carrancudos e sérios o tempo todo. Devemos também brincar e nos divertir.
Mas a nossa alegria deveria ser do tipo (e, de fato, é a mais alegre possível) que existe entre as pessoas que, desde o início, levam-se mutuamente a sério – sem leviandade, sem superioridade, sem presunção.
Finalmente, Lewis nos lembra que a nossa caridade deve ser:
Um amor real e custoso, com sentimento profundo pelos pecados, apesar dos quais amamos o pecador – não simplesmente tolerância, ou a indulgência que faz do amor uma paródia, como a leviandade parodia a alegria.
Afinal,
Ao lado dos elementos do sacramento da Ceia do Senhor, seu próximo [do outro partido ou não] é o elemento mais santo percebido pelos sentidos.
Enfim, parafraseando Lewis, quem sabe na eternidade possamos olhar para o passado (como soldados que se matavam simultaneamente numa guerra) e rir juntos sem ressentimento ou vergonha – pois pensávamos que estávamos lutando pela causa certa e pelo bem comum.
Que o Senhor da História possa guardar nossos corações às vésperas desta eleição (e de muitas outras que hão de vir), até que Justiça e Paz nos abrace eternamente.
Nota
*Trechos retirados de O Peso da Glória, de C. S. Lewis (Thomas Nelson Brasil).
Leia mais
» O mandato político de todos nós
Nesses últimos dias que antecedem as eleições, é bom lembrar de alguns conselhos de um dos mais influentes cristãos do século 20 – C. S. Lewis –, que facilmente nos esquecemos em meio as discussões e à polarização que se instalou no debate.
No seu famoso sermão “O Peso da Gloria”, Lewis nos ajuda a refletir sobre o nosso relacionamento com o próximo. E, neste caso, nosso “adversário político”.
É possível que alguém pense exageradamente sobre sua (potencial) glória futura; dificilmente ele pensará muito frequentemente ou profundamente sobre a glória de seu próximo. O fardo, ou o peso, ou o ônus da glória de meu próximo deveria ser depositado sobre as minhas costas, um fardo tão pesado que somente a humildade é capaz de carregar, e o peso esmagará o orgulhoso.
E, o próximo não é apenas um outro qualquer. Lewis continua:
É coisa séria viver numa sociedade de possíveis deuses e deusas, e lembrar que a pessoa mais chata e desinteressante com quem você pode conversar poderá um dia ser uma criatura que, se você a visse agora, seria fortemente tentado a adorar; ou então, um horror e uma corrupção tal qual você encontra agora, se for o caso, apenas num pesadelo.
Saber disso tem implicações práticas:
O dia todo, em certo sentido ajudamos uns aos outros a chegar a um desses dois destinos. É à luz dessas possibilidades irrefutáveis, é com reverência e a circunspecção que as caracterizam que deveríamos conduzir nossas interações uns com os outros, todas as amizades, todos os amores, toda a diversão, toda a política.
Em seguida, Lewis vai mais longe e afirma:
Não existem pessoas comuns. Você nunca conversou com um mero mortal. Nações, culturas, artes, civilizações – essas coisas são mortais, e a vida dessas coisas é para nós como a vida de um mosquito. No entanto, é com os imortais que nós fazemos piadas, trabalhamos e casamos; são os imortais aqueles a quem esnobamos e exploramos – horrorosos imortais ou eternos esplendorosos.
Bem, para o autor das Crônicas de Nárnia, isso não significa que devemos ser carrancudos e sérios o tempo todo. Devemos também brincar e nos divertir.
Mas a nossa alegria deveria ser do tipo (e, de fato, é a mais alegre possível) que existe entre as pessoas que, desde o início, levam-se mutuamente a sério – sem leviandade, sem superioridade, sem presunção.
Finalmente, Lewis nos lembra que a nossa caridade deve ser:
Um amor real e custoso, com sentimento profundo pelos pecados, apesar dos quais amamos o pecador – não simplesmente tolerância, ou a indulgência que faz do amor uma paródia, como a leviandade parodia a alegria.
Afinal,
Ao lado dos elementos do sacramento da Ceia do Senhor, seu próximo [do outro partido ou não] é o elemento mais santo percebido pelos sentidos.
Enfim, parafraseando Lewis, quem sabe na eternidade possamos olhar para o passado (como soldados que se matavam simultaneamente numa guerra) e rir juntos sem ressentimento ou vergonha – pois pensávamos que estávamos lutando pela causa certa e pelo bem comum.
Que o Senhor da História possa guardar nossos corações às vésperas desta eleição (e de muitas outras que hão de vir), até que Justiça e Paz nos abrace eternamente.
Nota
*Trechos retirados de O Peso da Glória, de C. S. Lewis (Thomas Nelson Brasil).
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Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
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