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05 de dezembro de 2017
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Como um pastor ajudou a depor um ditador no Zimbábue
![Divulgação](/image/atualiza_home/principal/ultimas/noticias/2017/12_dez/Pastor-Mawarire%20(4).jpg)
Após a grande repercussão do primeiro vídeo, que rendeu mais 115 mil visualizações, Mawarire passou a publicar outros vídeos em inglês e em Shona, a língua mais falada do Zimbábue, pedindo às pessoas que se recusassem a pagar subornos e defendessem seus direitos, protestando sempre de forma pacífica.
![Divulgação](/image/atualiza_home/principal/ultimas/noticias/2017/12_dez/pator-heroi-zimbabue.jpg)
Mawarire chegou a ser preso duas vezes e foi acusado de incitação à violência pública e subversão. Após várias manifestações de apoio a Mawarire, o caso foi arquivado em audiência. Nas mídias sociais, o pastor batista foi aclamado por muitos de seus compatriotas como um herói. Um zimbabuense no Reino Unido criou uma imagem de Mawarire como super-herói, “Capitão Zimbabwe”.
“Como pastor, tenho o dever de falar contra pobreza, corrupção e injustiça”
Em entrevista ao News Day, sobre sua visão política, o pastor explicou que nunca antes havia se importado com essas questões, mas os recentes acontecimentos o ensinaram a ser um cidadão. “Não sou nem um ativista político nem um ativista social; nunca havia pensado nisso, mas acho que me tornei um agora. Mas, mais do que qualquer outra coisa, sou cidadão e isso deve ser suficiente”. Mawarire também afirmou que, como pastor, tem o dever de falar contra pobreza, corrupção e injustiça.
O pastor enfatizou que os cidadãos precisam resgatar o protagonismo e não deixar que os partidos políticos falem pelas pessoas. “Os cidadãos estão dizendo que nós temos uma voz e aqueles que estão no poder devem nos permitir dar-lhes ideias sobre como queremos ser governados. Nós demos o nosso país aos políticos e agora queremos de volta. Permitam-nos reconstruir o nosso país e escolher como de ser administrado, sem coação e sem medo.”
Questionado sobre a participação das igrejas na política nacional, Mawarire disse que ao deixar questões de gestão pública apenas para políticos, a igreja abdica de um dever. “A Igreja fez um excelente trabalho, mas podemos fazer mais se pararmos de nos preocupar apenas em preservar nossos nomes e igrejas.”, concluiu.
Oportunidade para o nascimento de uma nova nação
Em novembro, após a renúncia de Mungabe, a Sociedade Evangélica do Zimbábue (Evangelical Fellowship of Zimbabwe) juntou-se a outros líderes católicos, carismáticos e ecumênicos protestantes na divulgação de uma declaração conjunta explicando como a crise atual é uma oportunidade. “Vemos a situação atual não apenas como uma crise na qual estamos desamparados. Nós vemos o arranjo atual como uma oportunidade para o nascimento de uma nova nação.”
Reproduzida na íntegra no site de Christianity Today, a carta expressa a preocupação dos zimbabuenses com a deterioração socioeconômica, o enfraquecimento dos três poderes, a perda de confiança na legitimidade de processos e instituições nacionais, o descumprimento da constituição e a falta de renovação democrática.
![Divulgação](/image/atualiza_home/principal/ultimas/noticias/2017/12_dez/Pastor-Mawarire%20(1).jpg)
A declaração finaliza com um chamado à paz e ao respeito à dignidade humana, um convite ao diálogo e uma convocação para orar pela nação: “Todos precisamos ir diante de Deus e pedir a Deus que nos perdoe por maneiras em que contribuímos para a situação por negligência ou ação errada. Precisamos coletivamente e individualmente discernir a próxima direção para nós como uma nação. Somos o povo de Deus que está sendo chamado a defender o espírito de reconciliação. A igreja é composta por aqueles que foram reconciliados com Deus e, portanto, é chamado a ser um sinal dessa reconciliação ao chamar a nação para a reconciliação”.
Mais sobre o caso
Robert Mugabe esteve à frente de uma ditadura que durou 37 anos no Zimbábue – o país perde anualmente pelo menos US $ 1 bilhão em corrupção. Após grande pressão interna, Mugabe renunciou em 21 de novembro. Seu ex-chefe de segurança e vice, Emmerson Mnangagwa, tomou posse como presidente na manhã de 24 de novembro.
No início de novembro, o ditador afastou Mnangagwa do cargo de vice, indicando que apontaria a primeira-dama para sucedê-lo na presidência. Os militares tomaram às ruas do país e detiveram Mugabe, pressionando a renúncia, o que aconteceu após o ditador negociar um acordo de imunidade para ele e sua família.
Mnangagwa, que tinha deixado o país após seu afastamento, retornou a Harare para assumir a Presidência e prometeu respeitar o Estado de Direito. Entretanto, segundo informações da Folha de São Paulo, alguns analistas questionam o passado do novo presidente durante a ditadura Mugabe, em especial sua possível participação nos massacres de gukurahundis em 1983. Estimativas apontam que até 20 mil pessoas podem ter morrido em um ataque do Exército contra oposicionistas — Mnangagwa nega ligação com o episódio.
Nota: Com informações de Folha de São Paulo, News Day, BBC e Christianity Today.
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