Opinião
- 30 de julho de 2019
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Como tratar o bullying dentro da igreja?
Por Márcia Barbutti
Quando o assunto é bullying, as opiniões variam de um extremo a outro. Alguns dizem que as crianças de hoje em dia são cheias de mimimi e que no passado elas aguentavam a zoação sem dramas. Por outro lado, alguns afirmam que as crianças são muito mais suscetíveis a diversos tipos de agressões que há poucas décadas nem se imaginava, e que a baixa autoestima somada ao isolamento que muitas delas vivem no cotidiano, têm deixado cicatrizes emocionais profundas. De um jeito ou de outro, é necessário agir em prol da criança, seja ela o agente agressor, a vítima ou o expectador.
Muitos colégios e associações desenvolvem campanhas contra o bullying, o que é de grande valia, mas como as igrejas tem se envolvido nessa questão. Aliás, existe bullying nas igrejas?
Para provocar nossa mente com esse assunto, pense em algumas situações onde podemos observar ameaça, intimidação, humilhação, exclusão social e abuso verbal. Essas cenas que rodearam seus pensamentos podem acontecer em nossas igrejas? Infelizmente a resposta é um grande SIM. Mesmo sendo uma comunidade de pessoas salvas e redimidas pelo Senhor, ainda enfrentamos lutas contra o pecado, e dessa forma temos tanto os agressores quanto as vítimas dentro de nossas igrejas (vale ressaltar também que nem todos que estão lá dentro assumiram um compromisso real com o Senhor).
A primeira coisa que precisamos entender é que a liderança – pastores, líderes, professores e pais – precisa assumir a responsabilidade de enfrentar essa situação e entender que é um mal a ser combatido, ele não se resolve sozinho. A liderança deve:
• Saber o que é e o que não é bullying. Veja aqui um texto claro e objetivo.
• Reconhecer o problema, seu alcance e malefícios. Lembre-se, o bullying não fica restrito somente às dependências da igreja e aos horários convencionais das atividades, ele se expande nas plataformas digitais e ferem nossas crianças e adolescentes (adultos também) em qualquer lugar e a qualquer hora (cyberbullying).
• Prestar atenção aos sinais de alerta: crianças que antes eram mais participativas se tornam mais reclusas; relutância em participar das atividades normais da sua classe e/ou sociedade interna, mantendo-se na maioria das vezes isoladas; grupos que demonstram superioridade sobre outras crianças... Esses sinais podem ser sintomas de outras questões, mas a liderança deve estar alerta.
E quando a liderança constata um ou mais casos de bullying entre as crianças (e adolescentes). Que medidas podemos tomar?
Com a criança agressora
• Trate pessoalmente com essa criança, mas em hipótese alguma a envergonhe em público. Nessa conversa particular é bom que haja uma terceira pessoa para evitar o “eu disse” / “ela disse”.
• Ouça atentamente e empaticamente a versão da criança.
• Observe como é o contexto familiar da criança. São frequente brigas, xingamentos, insultos? Esse fator é relevante, mas não determinante.
• Mostre que esse é um comportamento inaceitável e haverá consequências de acordo com o agravo.
• Deixe claro o que aquele tipo de comportamento provocou na parte ofendida. Se possível, proponha uma breve encenação na qual você será o agressor e a criança será a vítima. É muito provável que a criança tente desprezar os sentimentos do ofendido e, se for o caso, tente mostrar qual seria a reação dela ao ver o seu melhor amigo, sua irmã, outra pessoa que ela estime ser agredido ou zoado. Conversas assim têm como objetivo criar empatia. Veja essa reportagem sobre como ensinar empatia às crianças.
• Mostre alternativas de como lidar com a mesma situação tendo outra forma de agir e se expressar. Vocês podem encenar essas possibilidades.
• Entre em contato com os pais.
• Continue monitorando a situação.
Com a criança que é vítima
• Converse pessoalmente com a criança. Mas em público não a trate como alguém totalmente indefeso.
• Observe o contexto familiar dessa criança. Em geral, as crianças alvo de bullying costumam ter baixa autoestima e serem mais retraídas dentro e fora de casa. Outra característica é que essas crianças podem provocar algum tipo de desconforto ou até mesmo inveja nos seus colegas. Exemplo: criança que faz o que é correto e esperado na classe da escola dominical, por causa disso, muitas vezes é zoada por outras crianças.
• Não tente minimizar dizendo “É só ignorar!”. Valide o sentimento da criança. Mostre que sentir-se triste e magoado nesse momento é normal, mas que esse sentimento precisa e pode passar e que não deve ser abrigado no coração.
• Mostre alternativas de como lidar com a mesma situação tendo outra forma de agir e se expressar. Vocês podem encenar essas possibilidades.
• Ressalte o valor da criança, seus talentos e aptidões.
• Não saia correndo para tirar satisfações ou algo do tipo. A criança precisa mais de suporte do que de guarda-costas.
• Entre em contato com os pais.
• Continue monitorando a situação.
Com os expectadores, deixe claro que eles participam de uma forma ou de outra e não são neutros nas ocorrências. Eles devem ser firmes contra qualquer atitude de intimidação, humilhação ou algo do tipo.
O que precisamos compreender é que o bullying tem a ver com CONTROLE, o nosso controle dos impulsos e emoções e sobre quem está no controle da nossa vida. Bullying tem a ver com o que está no coração. Paulo nos mostra claramente que sozinhos não temos como produzir amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22-23), isso vem de Deus. Não nasce de nós, é fruto do Seu Espírito em nós.
Que vocês líderes sejam firmes, cuidadosos, sensíveis e criativos no trato e proteção das crianças em suas igrejas.
>> Conheça a revista Dia D+, Editora Cultura Cristã.
Bônus
Veja aqui uma lição completa (roteiro, visual e atividade) para as crianças sobre como identificar e lidar com o bullying.
Leia mais:
» Como lidar com a tecnologia na infância
» Como auxiliar o desenvolvimento da espiritualidade da criança?
Quando o assunto é bullying, as opiniões variam de um extremo a outro. Alguns dizem que as crianças de hoje em dia são cheias de mimimi e que no passado elas aguentavam a zoação sem dramas. Por outro lado, alguns afirmam que as crianças são muito mais suscetíveis a diversos tipos de agressões que há poucas décadas nem se imaginava, e que a baixa autoestima somada ao isolamento que muitas delas vivem no cotidiano, têm deixado cicatrizes emocionais profundas. De um jeito ou de outro, é necessário agir em prol da criança, seja ela o agente agressor, a vítima ou o expectador.
Muitos colégios e associações desenvolvem campanhas contra o bullying, o que é de grande valia, mas como as igrejas tem se envolvido nessa questão. Aliás, existe bullying nas igrejas?
Para provocar nossa mente com esse assunto, pense em algumas situações onde podemos observar ameaça, intimidação, humilhação, exclusão social e abuso verbal. Essas cenas que rodearam seus pensamentos podem acontecer em nossas igrejas? Infelizmente a resposta é um grande SIM. Mesmo sendo uma comunidade de pessoas salvas e redimidas pelo Senhor, ainda enfrentamos lutas contra o pecado, e dessa forma temos tanto os agressores quanto as vítimas dentro de nossas igrejas (vale ressaltar também que nem todos que estão lá dentro assumiram um compromisso real com o Senhor).
A primeira coisa que precisamos entender é que a liderança – pastores, líderes, professores e pais – precisa assumir a responsabilidade de enfrentar essa situação e entender que é um mal a ser combatido, ele não se resolve sozinho. A liderança deve:
• Saber o que é e o que não é bullying. Veja aqui um texto claro e objetivo.
• Reconhecer o problema, seu alcance e malefícios. Lembre-se, o bullying não fica restrito somente às dependências da igreja e aos horários convencionais das atividades, ele se expande nas plataformas digitais e ferem nossas crianças e adolescentes (adultos também) em qualquer lugar e a qualquer hora (cyberbullying).
• Prestar atenção aos sinais de alerta: crianças que antes eram mais participativas se tornam mais reclusas; relutância em participar das atividades normais da sua classe e/ou sociedade interna, mantendo-se na maioria das vezes isoladas; grupos que demonstram superioridade sobre outras crianças... Esses sinais podem ser sintomas de outras questões, mas a liderança deve estar alerta.
E quando a liderança constata um ou mais casos de bullying entre as crianças (e adolescentes). Que medidas podemos tomar?
Com a criança agressora
• Trate pessoalmente com essa criança, mas em hipótese alguma a envergonhe em público. Nessa conversa particular é bom que haja uma terceira pessoa para evitar o “eu disse” / “ela disse”.
• Ouça atentamente e empaticamente a versão da criança.
• Observe como é o contexto familiar da criança. São frequente brigas, xingamentos, insultos? Esse fator é relevante, mas não determinante.
• Mostre que esse é um comportamento inaceitável e haverá consequências de acordo com o agravo.
• Deixe claro o que aquele tipo de comportamento provocou na parte ofendida. Se possível, proponha uma breve encenação na qual você será o agressor e a criança será a vítima. É muito provável que a criança tente desprezar os sentimentos do ofendido e, se for o caso, tente mostrar qual seria a reação dela ao ver o seu melhor amigo, sua irmã, outra pessoa que ela estime ser agredido ou zoado. Conversas assim têm como objetivo criar empatia. Veja essa reportagem sobre como ensinar empatia às crianças.
• Mostre alternativas de como lidar com a mesma situação tendo outra forma de agir e se expressar. Vocês podem encenar essas possibilidades.
• Entre em contato com os pais.
• Continue monitorando a situação.
Com a criança que é vítima
• Converse pessoalmente com a criança. Mas em público não a trate como alguém totalmente indefeso.
• Observe o contexto familiar dessa criança. Em geral, as crianças alvo de bullying costumam ter baixa autoestima e serem mais retraídas dentro e fora de casa. Outra característica é que essas crianças podem provocar algum tipo de desconforto ou até mesmo inveja nos seus colegas. Exemplo: criança que faz o que é correto e esperado na classe da escola dominical, por causa disso, muitas vezes é zoada por outras crianças.
• Não tente minimizar dizendo “É só ignorar!”. Valide o sentimento da criança. Mostre que sentir-se triste e magoado nesse momento é normal, mas que esse sentimento precisa e pode passar e que não deve ser abrigado no coração.
• Mostre alternativas de como lidar com a mesma situação tendo outra forma de agir e se expressar. Vocês podem encenar essas possibilidades.
• Ressalte o valor da criança, seus talentos e aptidões.
• Não saia correndo para tirar satisfações ou algo do tipo. A criança precisa mais de suporte do que de guarda-costas.
• Entre em contato com os pais.
• Continue monitorando a situação.
Com os expectadores, deixe claro que eles participam de uma forma ou de outra e não são neutros nas ocorrências. Eles devem ser firmes contra qualquer atitude de intimidação, humilhação ou algo do tipo.
O que precisamos compreender é que o bullying tem a ver com CONTROLE, o nosso controle dos impulsos e emoções e sobre quem está no controle da nossa vida. Bullying tem a ver com o que está no coração. Paulo nos mostra claramente que sozinhos não temos como produzir amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22-23), isso vem de Deus. Não nasce de nós, é fruto do Seu Espírito em nós.
Que vocês líderes sejam firmes, cuidadosos, sensíveis e criativos no trato e proteção das crianças em suas igrejas.
>> Conheça a revista Dia D+, Editora Cultura Cristã.
Bônus
Veja aqui uma lição completa (roteiro, visual e atividade) para as crianças sobre como identificar e lidar com o bullying.
Leia mais:
» Como lidar com a tecnologia na infância
» Como auxiliar o desenvolvimento da espiritualidade da criança?
É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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