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Opinião

Como misturar política e religião?

Por Anderson Paz
 
Em “Aguardando o Rei” (Vida Nova), James Smith apresenta elementos de teologia pública cristã diante da política. Para Smith, a política é litúrgica, isto é, é um conjunto de ritos públicos que moldam amores comunitários dos homens. 
 
A política não é neutra. A política confessa as crenças e valores que cultivamos ou queremos cultivar enquanto sociedade. Portanto, existe algo de religioso na política. Por outro lado, existe algo de político em nossa adoração cristã. Quando afirmamos que Cristo é Rei, estamos dizendo que a política é relativa e passageira e que apenas o Reino de Deus é absoluto.  
 
A primeira marca política do cristão deve ser a adoração a Deus. Esse é um ato político que afirma a soberania de Deus sobre a cidade dos homens. O cristão afirma que só Cristo é Rei e que dessacralizou a política humana. 
 
Em segundo lugar, a teologia pública cristã deve lembrar os fundamentos religiosos da democracia à sociedade. Valores como liberdade e solidariedade são exemplos da influência cristã. 
 
Além disso, a teologia pública cristã deve demonstrar a necessidade de capital social e moral para uma boa vida comunitária na pluralidade. Respeitando a pluralidade de estruturas sociais, culturas e cosmovisões, o cristão deve fomentar capital moral para construir uma sociedade boa de viver.
 
Em quarto lugar, é preciso uma teologia política que proclame Cristo e a verdade da revelação especial. Por meio da pregação, é preciso denunciar o pecado e mostrar como a sociedade deveria ser ao cultivar o bem comum.
 
 
Em quinto lugar, uma teologia pública cristã deve considerar seu contexto social e cultural para entender as liturgias concorrentes que pressionam a igreja.
 
Por fim, os cristãos não podem “imanentizar o shalom”, isto é, tentar trazer pela força o céu para a terra. O cristão não pode se entregar a ideologias e deve prezar pela adoração a Deus e manutenção de uma identidade religiosa fiel. 
 
Uma teologia política cristã: 
1) deve buscar transformar a sociedade orientada pelos valores cristãos; 
2) não pode construir uma crítica total e absoluta a ponto de abandonar a cidade dos homens; 
3) deve encontrar pontos de contato para um engajamento político, mesmo com pessoas não-cristãs; 
4) não deve perder sua esperança escatológica.
  • Anderson Paz é membro da Igreja do Betel Brasileiro em João Pessoa, PB. Advogado, é doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.

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