Opinião
- 19 de fevereiro de 2018
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Como lidar com a tecnologia na infância
Por Márcia Barbutti
Você saiu correndo de casa, andou um bom percurso, mas de repente para e, apesar de estar atordoado e imensamente atrasado, você volta em direção à sua porta. O motivo do retorno? Algo em torno de 7x15 cm. Sim, você esqueceu o celular. E ficar sem ele é desesperador, para muitos de nós. Podemos ficar sem muitas coisas, mas esse aparelhinho comanda muita coisa em nossa vida. E com as crianças, é diferente?
Uma pesquisa realizada pela AVG Technologies com famílias de todo o mundo mostrou que 66% das crianças entre 3 e 5 anos conseguia usar jogos de computador, 47% sabia como usar um smartphone, mas apenas 14% era capaz de amarrar os sapatos sozinha. E mais, teclar e usar o mouse são habilidades mais frequentes que natação e ciclismo. Ver bebês e crianças ligadas à tela do celular e de tablet é uma cena comum em qualquer lugar. E quando a família pensa em fazer uma viagem de carro, é primordial que as baterias dos aparelhos estejam carregadas ou, pelo menos, que o DVD esteja funcionando. Caso contrário, o que as crianças farão durante a viagem? Como as crianças da década passada faziam essa proeza?
Outra situação relacionada ao uso da tecnologia por crianças é a superexposição de bebês e crianças em diferentes redes sociais com fotos e vídeos em diferentes ocasiões. Sem falar dos Youtubers mirins e aspirantes. Realmente, os nativos sociais comandam cada vez mais as telinhas.
Equilíbrio: a missão
Não é preciso ser especialista para ver que precisamos de uma boa dose de equilíbrio para usar toda essa tecnologia que está na palma da mão, disponível 24 horas por dia. Em minhas pesquisas e conversas, vi dois caminhos que precisamos trilhar, o primeiro é o dos “combinados”, ou seja, discutir o assunto em família e planejar ações para serem executadas por todos (inclusive pelos pais!). O segundo é sobre ajudar a criança a controlar seu tempo de exposição e filtrar o que assiste e joga. Vamos lá!
>>> Quem precisa de um detox digital? <<<
1. Um modelo
Para começar, tenha em mente que você é o modelo. Se você é desses que leva o celular para mesa de refeição, vai passear ou passar um tempo em família e não desgruda da telinha, está na hora de mudar.
2. Onde e Quando
É muito importante também que haja locais e/ou momentos diários off-line, que todos da família estejam conectados somente um com o outro, um tempo reservado para atividades comuns, como fazer algo para comer ou jogar, ver fotos (de papel), etc. Conheço uma família que tem um “estacionamento de tablets e celulares”, é apenas uma caixa na prateleira que cada um coloca o seu aparelho por um determinado tempo. Boa ideia, não?
3. As regras do “jogo”
Estabeleçam juntos as regras de uso e tempo dos dispositivos eletrônicos, deixe claro as consequências para o não cumprimento e leve a sério a disciplina nesses casos. Segundo estudiosos, o uso diário não deve passar de duas horas. Veja aqui uma matéria da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre a redução do uso de eletrônicos na infância.
3. Remoto controle
As crianças também precisam aprender a ter autocontrole no uso dos aparelhos. Um bom começo é, junto com seu filho, assistir o que ele gosta. É um bom meio para conhecê-lo, saber o que pensa e como lida com diferentes assuntos e emoções. Faça perguntas sobre o conteúdo e leve seu filho a perceber as vantagens e desvantagens de assistir e jogar tal coisa. Não permita que seu filho assista algo que seja fora do seu conhecimento. Se necessário dê uma olhada no histórico. E cuidado com o YouTube Kids, nem todo conteúdo é tão inocente assim e, com certeza, a quantidade de propagandas vai formatando nossos filhos em consumidores vorazes. Procure bons sites, jogos e Youtubers que ajudam a formar (não deformar) seu filho. Esse é meu canal preferido para crianças maiores e esse para os menores.
Se seu filho tem problemas de autocontrole, é importante que ele não tenha acesso ilimitado aos dispositivos eletrônicos. O ideal é que ele não os use no quarto e nem o faça na hora que antecede o seu sono.
4. Tempo e tarefas
Ajude-o a administrar o tempo: passe responsabilidades com tarefas domésticas desde a tenra idade, programe coisas diferentes e divertidas. Veja aqui algumas brincadeiras para fazer em casa.
Para terminar, tenha em mente as palavras de Salomão em Provérbios 22.15: “É natural que as crianças façam tolices, mas a correção as ensinará a se comportarem” (NTLH).
Se deixarmos nossos filhos enveredarem por esse caminho sem a devida orientação e correção, eles reforçarão as estatísticas de crianças com desordem mental pelo vício da internet. Não será apenas uma conversinha, ou algumas tentativas, ou uma lista de boas desculpas para não perseverar, que fará com que nossos filhos sejam mentalmente e espiritualmente saudáveis. É preciso esforço (muito esforço), e você não está sozinho nessa caminhada, o Senhor tem todo amor e interesse em renovar sua força, ânimo e compromisso, para que sua família honre e glorifique a Ele em todas as coisas (inclusive no uso da tecnologia).
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A tecnologia e o mapeamento de florestas no cuidado da criação
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Uma pesquisa realizada pela AVG Technologies com famílias de todo o mundo mostrou que 66% das crianças entre 3 e 5 anos conseguia usar jogos de computador, 47% sabia como usar um smartphone, mas apenas 14% era capaz de amarrar os sapatos sozinha. E mais, teclar e usar o mouse são habilidades mais frequentes que natação e ciclismo. Ver bebês e crianças ligadas à tela do celular e de tablet é uma cena comum em qualquer lugar. E quando a família pensa em fazer uma viagem de carro, é primordial que as baterias dos aparelhos estejam carregadas ou, pelo menos, que o DVD esteja funcionando. Caso contrário, o que as crianças farão durante a viagem? Como as crianças da década passada faziam essa proeza?
Outra situação relacionada ao uso da tecnologia por crianças é a superexposição de bebês e crianças em diferentes redes sociais com fotos e vídeos em diferentes ocasiões. Sem falar dos Youtubers mirins e aspirantes. Realmente, os nativos sociais comandam cada vez mais as telinhas.
Equilíbrio: a missão
Não é preciso ser especialista para ver que precisamos de uma boa dose de equilíbrio para usar toda essa tecnologia que está na palma da mão, disponível 24 horas por dia. Em minhas pesquisas e conversas, vi dois caminhos que precisamos trilhar, o primeiro é o dos “combinados”, ou seja, discutir o assunto em família e planejar ações para serem executadas por todos (inclusive pelos pais!). O segundo é sobre ajudar a criança a controlar seu tempo de exposição e filtrar o que assiste e joga. Vamos lá!
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Para começar, tenha em mente que você é o modelo. Se você é desses que leva o celular para mesa de refeição, vai passear ou passar um tempo em família e não desgruda da telinha, está na hora de mudar.
2. Onde e Quando
É muito importante também que haja locais e/ou momentos diários off-line, que todos da família estejam conectados somente um com o outro, um tempo reservado para atividades comuns, como fazer algo para comer ou jogar, ver fotos (de papel), etc. Conheço uma família que tem um “estacionamento de tablets e celulares”, é apenas uma caixa na prateleira que cada um coloca o seu aparelho por um determinado tempo. Boa ideia, não?
3. As regras do “jogo”
Estabeleçam juntos as regras de uso e tempo dos dispositivos eletrônicos, deixe claro as consequências para o não cumprimento e leve a sério a disciplina nesses casos. Segundo estudiosos, o uso diário não deve passar de duas horas. Veja aqui uma matéria da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre a redução do uso de eletrônicos na infância.
3. Remoto controle
As crianças também precisam aprender a ter autocontrole no uso dos aparelhos. Um bom começo é, junto com seu filho, assistir o que ele gosta. É um bom meio para conhecê-lo, saber o que pensa e como lida com diferentes assuntos e emoções. Faça perguntas sobre o conteúdo e leve seu filho a perceber as vantagens e desvantagens de assistir e jogar tal coisa. Não permita que seu filho assista algo que seja fora do seu conhecimento. Se necessário dê uma olhada no histórico. E cuidado com o YouTube Kids, nem todo conteúdo é tão inocente assim e, com certeza, a quantidade de propagandas vai formatando nossos filhos em consumidores vorazes. Procure bons sites, jogos e Youtubers que ajudam a formar (não deformar) seu filho. Esse é meu canal preferido para crianças maiores e esse para os menores.
Se seu filho tem problemas de autocontrole, é importante que ele não tenha acesso ilimitado aos dispositivos eletrônicos. O ideal é que ele não os use no quarto e nem o faça na hora que antecede o seu sono.
4. Tempo e tarefas
Ajude-o a administrar o tempo: passe responsabilidades com tarefas domésticas desde a tenra idade, programe coisas diferentes e divertidas. Veja aqui algumas brincadeiras para fazer em casa.
Para terminar, tenha em mente as palavras de Salomão em Provérbios 22.15: “É natural que as crianças façam tolices, mas a correção as ensinará a se comportarem” (NTLH).
Se deixarmos nossos filhos enveredarem por esse caminho sem a devida orientação e correção, eles reforçarão as estatísticas de crianças com desordem mental pelo vício da internet. Não será apenas uma conversinha, ou algumas tentativas, ou uma lista de boas desculpas para não perseverar, que fará com que nossos filhos sejam mentalmente e espiritualmente saudáveis. É preciso esforço (muito esforço), e você não está sozinho nessa caminhada, o Senhor tem todo amor e interesse em renovar sua força, ânimo e compromisso, para que sua família honre e glorifique a Ele em todas as coisas (inclusive no uso da tecnologia).
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É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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