Opinião
- 30 de outubro de 2015
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Com passado, sem memória
Nesta semana da Reforma Protestante, conversamos com o teólogo luterano, diretor da Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba (FATEV) e editor do devocionário “Orando em Família”, Martin Weingaertner. Nesta breve entrevista, ele fala sobre a necessidade de valorizarmos o passado, sem perdermos a importância de dar respostas para as questões de hoje. Neste sentido, a Reforma pode ser uma grande oportunidade para a igreja cristã brasileira. Confira.
***
1. Neste mês, é celebrado mais um aniversário da Reforma Protestante. É inegável sua importância história, e sua importância para a Igreja de Cristo. Mas critica-se que a nossa geração é a-histórica, que tem pouca memória. Você acha que os cristãos também são? Se sim, o que precisaríamos fazer para resgatar nossa história?
Também a memória histórica dos cristãos é deveras precária. Via de regra, há um tremendo vácuo entre os relatos de Atos e a igreja hoje. Quando muito, este é preenchido unilateralmente com a história denominacional. Urge que o ensino nas igrejas ajude a ter uma visão panorâmica da jornada cristã pelos dois milênios.
2. Apesar de sua importância, lembrar-se da Reforma Protestante pode se tornar uma fuga para encararmos o desafio de “igreja reformada, sempre em reforma”?
Podemos ler a história da Reforma Protestante de duas maneiras: ou como exemplo de obediência ao evangelho ou como justificativa do estado atual da igreja. A primeira opção encoraja-nos a viver e testemunhar o evangelho diante dos desafios de nosso tempo; na segunda, repetimos as respostas do passado, ignorando que não vivemos mais no século XVI.
3. Um dos efeitos da Reforma Protestante foi o surgimento de outro ramo do Cristianismo: o protestantismo. Você acha que a Reforma deixou a desejar quanto ao desafio da unidade da Igreja?
A unidade da Igreja de Cristo nunca foi organizacional, mesmo antes da Reforma. Na Idade Média a fragmentação apenas teve outro perfil. O desafio sempre foi viver a unidade da fé, além e acima das segmentações humanas. Esta, os cristãos sempre vivenciaram melhor em ambientes nos quais eram minoria e perseguidos. Na sociedade pós-cristã urge aprendermos a enfatizar o que nos une.
4. A juventude ainda está aberta para um Cristianismo mais simples, mais valorizador da verdade e mais cristocêntrico, como a Reforma propôs? Como falar da Reforma para jovens?
A pergunta elementar das pessoas no tempo da reforma era “como alcançar a graça por Deus?”. Em nossos dias a busca existencial é pelo sentido da vida. Assim importa traduzir a resposta da Reforma para as perguntas feitas hoje, pois o Evangelho responde aos questionamentos de todos os tempos.
5. Os cristãos brasileiros vivem tempos de discussões, polarizações e crescimento de estruturas religiosas personalistas. Como os ensinamentos da Reforma poderia nos ensinar sobre “ser igreja” no Brasil do século 21?
A Reforma tirou o evangelho do monopólio do clero. O acesso à graça de Deus pela fé nivela todos os que creem em Jesus Cristo. Quem experimentou a acolhida graciosa aprende a relativizar todo caciquismo religioso e ousa usar os seus dons no sacerdócio geral dos crentes.
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Nem clero, nem leigo
A Reforma ainda nos ajuda hoje?
Reforma: a vitória da graça (e-book gratuito)
Foto: Monumento aos reformadores da igreja em parque de Genebra na Suíça. / José A. Warletta/Freeimages;com
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1. Neste mês, é celebrado mais um aniversário da Reforma Protestante. É inegável sua importância história, e sua importância para a Igreja de Cristo. Mas critica-se que a nossa geração é a-histórica, que tem pouca memória. Você acha que os cristãos também são? Se sim, o que precisaríamos fazer para resgatar nossa história?
Também a memória histórica dos cristãos é deveras precária. Via de regra, há um tremendo vácuo entre os relatos de Atos e a igreja hoje. Quando muito, este é preenchido unilateralmente com a história denominacional. Urge que o ensino nas igrejas ajude a ter uma visão panorâmica da jornada cristã pelos dois milênios.
2. Apesar de sua importância, lembrar-se da Reforma Protestante pode se tornar uma fuga para encararmos o desafio de “igreja reformada, sempre em reforma”?
Podemos ler a história da Reforma Protestante de duas maneiras: ou como exemplo de obediência ao evangelho ou como justificativa do estado atual da igreja. A primeira opção encoraja-nos a viver e testemunhar o evangelho diante dos desafios de nosso tempo; na segunda, repetimos as respostas do passado, ignorando que não vivemos mais no século XVI.
3. Um dos efeitos da Reforma Protestante foi o surgimento de outro ramo do Cristianismo: o protestantismo. Você acha que a Reforma deixou a desejar quanto ao desafio da unidade da Igreja?
A unidade da Igreja de Cristo nunca foi organizacional, mesmo antes da Reforma. Na Idade Média a fragmentação apenas teve outro perfil. O desafio sempre foi viver a unidade da fé, além e acima das segmentações humanas. Esta, os cristãos sempre vivenciaram melhor em ambientes nos quais eram minoria e perseguidos. Na sociedade pós-cristã urge aprendermos a enfatizar o que nos une.
4. A juventude ainda está aberta para um Cristianismo mais simples, mais valorizador da verdade e mais cristocêntrico, como a Reforma propôs? Como falar da Reforma para jovens?
A pergunta elementar das pessoas no tempo da reforma era “como alcançar a graça por Deus?”. Em nossos dias a busca existencial é pelo sentido da vida. Assim importa traduzir a resposta da Reforma para as perguntas feitas hoje, pois o Evangelho responde aos questionamentos de todos os tempos.
5. Os cristãos brasileiros vivem tempos de discussões, polarizações e crescimento de estruturas religiosas personalistas. Como os ensinamentos da Reforma poderia nos ensinar sobre “ser igreja” no Brasil do século 21?
A Reforma tirou o evangelho do monopólio do clero. O acesso à graça de Deus pela fé nivela todos os que creem em Jesus Cristo. Quem experimentou a acolhida graciosa aprende a relativizar todo caciquismo religioso e ousa usar os seus dons no sacerdócio geral dos crentes.
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