Opinião
- 11 de julho de 2017
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Cinco solas e quatro solos
Por Davi Lago
Em que solo frutificaram os Cinco Solas?
Lembremos que a palavra de Cristo cai sempre em quatro solos e que não foi diferente meio milênio atrás: muitos não a entendiam (sementes à beira do caminho), outros ouviam, mas temiam as retaliações (solos rochosos), outro grupo estava acomodado com as regalias do poder e a fascinação das riquezas (solo espinhoso). Rememoremos então que a semente caiu em solo bom, corações atentos como o de Martinho Lutero, e logo vieram frutos espirituais, frutos que permaneceram. A boa nova no bom solo é como Jesus disse: “são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta a sessenta e a cem por um” (Mt 13.23).
Arraigados e alicerçados no evangelho, os reformadores enfrentaram a corrupção da igreja no estágio final da era medieval. A instituição estava em estado público de putrefação com a perversão moral do clero, exploração financeira sistemática da fé das pessoas com venda de indulgências e outras blasfêmias ante as genuínas exigências do discipulado cristão. As convicções dos reformadores (desde o chamado de retorno às Escrituras proposto por John Wycliffe e Jan Hus, passando pelas 95 teses e pela disputa de Lutero com Erasmo acerca da salvação pela graça, os 67 artigos de Ulrich Zwingli que defenderam a supremacia de Cristo como cabeça da igreja, os escritos de Calvino, e tantos outros documentos) foram sintetizadas em tempos mais recentes como Cinco Solas. Cinco frases em latim que sumarizam tanto o arcabouço teológico propositivo dos reformadores, como suas linhas de combate aos desmandos do poder eclesiástico de então.
É sempre bom revisitar o sistema solar reformado, cinco pilares de um castelo forte onde a pedra angular é Cristo: Sola scriptura, somente a Escritura, pois ela é a semente que devemos lançar. Nossas especulações e tradições não estão acima das letras sagradas. Não podemos esquecer que os reformadores traduziram as Escrituras para uma língua compreensível ao povo. Antes a Bíblia era lida em latim e somente a instituição era “autorizada” a interpretá-la. A Reforma demoliu a noção de uma corporação religiosa capaz de salvar ou mediar o acesso à salvação. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), então sola fide, sola gratia, a salvação é pela graça por intermédio da fé. Não somos salvos por nossas obras, mas pela obra de Jesus consumada na cruz. Portanto, solus Christus, somente Cristo! Jesus ressuscitou! Ele é o tesouro absoluto, o centro do culto, da pregação, o autor e consumador da nossa fé, Salvador de cada esfera de nossa vida. “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto”, disse Jesus. Soli Deo gloria, somente a Deus seja toda a glória.
Em que solo cairão hoje os Cinco Solas? Em que solo estão caindo as sementes do evangelho? É óbvio perceber quinhentos anos depois que a Reforma desencadeou mudanças estruturais que redesenharam a civilização ocidental e influíram de modo decisivo na formação do mundo contemporâneo. Não por acaso, o filósofo brasileiro Fabio Konder Comparato chama a Reforma de “primeira revolução moderna” em sua Ética. Mas não podemos esquecer que a origem de tudo isso foi a semente da palavra de Cristo encontrando bons solos. Vamos trazer à memória aquilo que nos traz esperança, vamos prosseguir para o alvo em Cristo Jesus. “Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos” (Fp 3.16). Tão-somente sejamos bons solos.
• Davi Lago, pastor batista, mestre em Filosofia do Direito (PUC/MG).
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Foto ilustrativa: Designed by Freepik
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Lembremos que a palavra de Cristo cai sempre em quatro solos e que não foi diferente meio milênio atrás: muitos não a entendiam (sementes à beira do caminho), outros ouviam, mas temiam as retaliações (solos rochosos), outro grupo estava acomodado com as regalias do poder e a fascinação das riquezas (solo espinhoso). Rememoremos então que a semente caiu em solo bom, corações atentos como o de Martinho Lutero, e logo vieram frutos espirituais, frutos que permaneceram. A boa nova no bom solo é como Jesus disse: “são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta a sessenta e a cem por um” (Mt 13.23).
Arraigados e alicerçados no evangelho, os reformadores enfrentaram a corrupção da igreja no estágio final da era medieval. A instituição estava em estado público de putrefação com a perversão moral do clero, exploração financeira sistemática da fé das pessoas com venda de indulgências e outras blasfêmias ante as genuínas exigências do discipulado cristão. As convicções dos reformadores (desde o chamado de retorno às Escrituras proposto por John Wycliffe e Jan Hus, passando pelas 95 teses e pela disputa de Lutero com Erasmo acerca da salvação pela graça, os 67 artigos de Ulrich Zwingli que defenderam a supremacia de Cristo como cabeça da igreja, os escritos de Calvino, e tantos outros documentos) foram sintetizadas em tempos mais recentes como Cinco Solas. Cinco frases em latim que sumarizam tanto o arcabouço teológico propositivo dos reformadores, como suas linhas de combate aos desmandos do poder eclesiástico de então.
É sempre bom revisitar o sistema solar reformado, cinco pilares de um castelo forte onde a pedra angular é Cristo: Sola scriptura, somente a Escritura, pois ela é a semente que devemos lançar. Nossas especulações e tradições não estão acima das letras sagradas. Não podemos esquecer que os reformadores traduziram as Escrituras para uma língua compreensível ao povo. Antes a Bíblia era lida em latim e somente a instituição era “autorizada” a interpretá-la. A Reforma demoliu a noção de uma corporação religiosa capaz de salvar ou mediar o acesso à salvação. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), então sola fide, sola gratia, a salvação é pela graça por intermédio da fé. Não somos salvos por nossas obras, mas pela obra de Jesus consumada na cruz. Portanto, solus Christus, somente Cristo! Jesus ressuscitou! Ele é o tesouro absoluto, o centro do culto, da pregação, o autor e consumador da nossa fé, Salvador de cada esfera de nossa vida. “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto”, disse Jesus. Soli Deo gloria, somente a Deus seja toda a glória.
Em que solo cairão hoje os Cinco Solas? Em que solo estão caindo as sementes do evangelho? É óbvio perceber quinhentos anos depois que a Reforma desencadeou mudanças estruturais que redesenharam a civilização ocidental e influíram de modo decisivo na formação do mundo contemporâneo. Não por acaso, o filósofo brasileiro Fabio Konder Comparato chama a Reforma de “primeira revolução moderna” em sua Ética. Mas não podemos esquecer que a origem de tudo isso foi a semente da palavra de Cristo encontrando bons solos. Vamos trazer à memória aquilo que nos traz esperança, vamos prosseguir para o alvo em Cristo Jesus. “Tão-somente vivamos de acordo com o que já alcançamos” (Fp 3.16). Tão-somente sejamos bons solos.
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